Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Moradores querem transporte gratuito para todos os estudantes

Na presença do presidente da Associação de Bairros, o tenente reformado, Vicente da Silva Filho, e do vice-prefeito, Pedro Teodoro Rodrigues, os moradores denunciaram a situação, reivindicando os passes, não apenas para as crianças, mas também para os estudantes do Colegial e, principalmente, para os alunos do noturno, como funcionava no tempo do governo Biro. “O último ônibus corria às 23h00 para atender os estudantes do noturno e, agora, não querem atender nem as crianças de 12 anos. Na volta, com chuva, sol, têm que fazer todo o percurso.

Às vezes, não tomam nem café, porque a padaria fica distante, não dá tempo de comprar e muitas vezes a gente não têm nem dinheiro pra comprar, eles tomam café na escola, e eles ainda têm que ir a pé”, explicam mais, alvoroçados e revoltados.

Maria Sebastiana Alves do Prado, viúva, mãe de cinco filhos, tem uma filha na 7a série e não tem direito ao passe.

“Minha filha e outros vão pra escola todos os dias, a gente fica preocupado, está chegando o pessoal da cana na cidade, aqui no bairro já tem muitos, tudo gente desconhecida, a gente tem medo.

Aqui é um lugar perigoso, o pessoal fica ´mexendo´ com as meninas no bairro, como é que a gente não preocupa de ir a pé...”, afirma, ressaltando que muitas vezes têm que voltar à escola fora do período em que estudam.

"Tem dia que eles têm que voltar pra fazer trabalhos, para fazer outras atividades escolares e é tudo a pé. Antes, os estudantes tinham o passe até os 16 anos, agora diminuíram para doze anos.

Eles vão a pé e o ônibus circula pelo bairro, vazio, só com o motorista e cobrador”, diz, acrescentando. “Já fomos tentar falar com o prefeito e nada aí, decidimos nos unir e correr atrás do passe”.

De acordo com os pais e o presidente Vicente Filho, são 28 estudantes de 5ª a 8ª series, residentes no bairro, sem contar aqueles acima de 16 anos que estudam à noite.

“No governo do Biro todos tinham o passe gratuito e mais, o ônibus parava lá embaixo, a gente pediu o Biro autorizou o coletivo a percorrer outras ruas, não havia preocupação pra gente, fosse de dia ou à noite”, recordam.

Passe escolar gratuito é direito, diz presidente do bairro

De acordo com o presidente da Associação do Bairro, subtenente Vicente Rodrigues da Silva Filho é dever do estado ou do município garantir esse direito.

“O ensino fundamental é dever do Estado e do município. Se o Estado não faz, entendemos que o município tem que fazer. O estudante de 1ª à 9ª série, como é hoje o ensino fundamental, tem direito à educação e deve ter condições de acesso á escola, com transporte gratuito. Se o Estado não fornece cabe à prefeitura fornecer.

Existe a competência comum na Constituição (artigos 205 e 208) obrigando o Ente Federado, em sistema de cooperação, a proporcionar condições para o completo oferecimento do ensino fundamental, quer dizer, alunos até os 14 anos de idade, contrariando o decreto do prefeito Joaquim, do final do ano passado, proibindo o passe às crianças com 12 anos ou mais”, afirmou.

Vicente informou ainda que, não é a primeira vez que o passe é retirado. “Desde que o prefeito Joaquim entrou vem essa pendenga.

No ano passado, os estudantes já estavam dentro do ônibus, o motorista mandou descer, dizendo que não tinham mais passe. Foi um constrangimento muito sério.

Lutamos e conseguimos esse direito, agora a situação se repete”, afirma.

O subtenente Vicente esteve no ano passado reunido com a secretária de Educação, Joana da graça Gonçalves e Faria e o promotor José do Egito Castro Souza, Curador do Menor para tratar do assunto.

Na última quinta-feira voltaram à secretária com um novo apelo, mas Joana respondeu que não podia fazer nada em relação ao passe, pois era um decreto do Executivo. O promotor concordou com a secretária, afirmando que “era melhor os passes para as crianças até 12 anos do que nada”.

Insatisfeitas, as mães do Alto da Santa Cruz foram até o Conselho Tutelar, onde compareceu também a inspetora escolar do estado, a profa.

Luzia de Melo Rodrigues. Nada conseguiram. Mas tanto o Conselho como a inspetora prometeram buscar uma solução junto ao prefeito, que está viajando. “São quatro horas da tarde e a gente pelejando pra resolver isso.

Fomos à secretaria de Educação, ao Conselho e com o prefeito fomos falar com ele um dia desses e disseram que ele não estava, só que ele saiu por uma porta que tem no fundo.

Ele veio aqui no bairro, quando era candidato, prometeu, prometeu e agora não está pra receber a gente.

Vamos aguardar a resposta do Conselho Tutelar e da dona Luzia na segunda ou terça-feira”, finalizam Também este jornal não conseguiu falar com o prefeito Joaquim pelo fato de estar viajando.