O governador Fernando Pimentel participou, na última sexta-feira 18, de uma manifestação pública em defesa das hidrelétricas da Cemig, na Usina de Miranda, no município de Indianópolis. Ao lado de políticos, diversos, empresários, representantes de trabalhadores de diversas categorias e membros de movimentos sociais, o governador defendeu a renovação dos atuais contratos, sem prejuízo aos consumidores mineiros, condenou a política de privatizações e reafirmou caráter estratégico da Cemig para a população de Minas Gerais.
“- Não mexam conosco. O que nós queremos é o nosso direito de manter o que já é nosso: as usinas. O Governo Federal quer receber. Tudo bem, nós podemos negociar. Nós estamos conversando. Os deputados estão ajudando, a bancada estadual, a federal, o presidente da Cemig. Nós estamos dispostos a arranjar uma solução negociada. O que nós não queremos é que venham, na mão grande, botar nossas usinas no leilão para o estrangeiro comprar e depois vender energia cara para os mineiros e mineiras. Isso nós não vamos aceitar”, disse o governador.
De acordo com o presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, o movimento para impedir a venda das usinas tem como objetivo combater uma injustiça para que “não seja imposta uma sangria” poucas vezes vista na história mineira e do país. Ele lembrou que, juntas, as três usinas representam 50% da capacidade de geração de energia da companhia. “Fizeram todas as articulações, usaram todas as artimanhas, forjaram todas as justificativas, interpretaram leis, regulamentações e contratos a seu bel prazer com um único intuito: tirar da Cemig a concessão de três das maiores usinas hidrelétricas que nossa empresa, símbolo de Minas e do setor elétrico nacional, construiu, opera e mantém com reconhecida competência”, afirmou o presidente da Cemig.
O problema é a dívida da Cemig calculada em cerca de R$ 12,5 bilhões, metade dela prevista para vencer em 2018. O governo federal quer R$ 11 bilhões pelas usinas. Para Bernardo é “injustiça” a empresa ter que pagar por usinas que, segundo ele, são suas. Bernardo disse que a estatal está em busca de empréstimos ou parceiros para arrematar as usinas, Isto é, busca R$ 11 bilhões para comprar as hidrelétricas que a União quer leiloar.
“É uma injustiça de todo tamanho. A Cemig está comprando aquilo que é dela", afirmou. As três usinas foram construídas na década de 90 e são até hoje operadas pela Cemig. O custo dessa compra, segundo ele, vai ser repassado para o consumidor, por meio de um aumento entre 3% e 4% da tarifa. Ele disse ainda que estão em curso negociações com o governo federal para definir a forma como esse pagamento vai ser feito, já que a companhia não tem esse dinheiro. O prazo para o pagamento do valor da compra vence em 10 de novembro.
“Minas está sendo vítima de uma ameaça sem igual. O sequestro de seus recursos para beneficiar o poder central. Fizeram todas as articulações com único intuito de tirar da Cemig as suas usinas hidrelétricas. O governo federal por interpretação questionada tenta por todos os meios tirar da Cemig um direito claro e cristalino de ter a concessão dessas usinas estendido por mais 20 anos”, reclamou o presidente.
“Nós não merecemos perder as usinas da Cemig”
Na oportunidade, Olavo Machado, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), reforçou a importância econômica das usinas mineiras para o desenvolvimento do estado. “Nós não merecemos perder as usinas da Cemig, pois elas fizeram com que a nossa indústria chegasse onde está. É com o preço justo da energia que nós conseguimos avançar e, com isso, nós empresários e trabalhadores temos muito mais pontos de convergência do que parece. Juntos, nós vamos lutar para que a Cemig fique com as suas usinas”, reforçou.
Para a presidente da Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT-MG) e coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUte-MG), Beatriz Cerqueira, cancelar o leilão das usinas não é só um ato importante para Minas Gerais, mas para todo o país. “Privatizar não é bom. A saúde tem que ser pública, a energia e a educação têm que ser públicas. Para dizer de uma forma muito simples a todos, o que vai acontecer é que nossa conta de luz vai triplicar. A luta não é dos mineiros, é de todos os brasileiros. Leiloar é abrir as portas para um novo sistema elétrico calcado na privatização e no aumento de tarifas”, disse Beatriz.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindeletro), Jefferson Leandro, entende ser necessário discutir a atual política do setor elétrico, que envolve as usinas do Estado, sem prejudicar a população mineira. “Precisamos lutar contra a venda dessas usinas e contra a reforma do setor elétrico que está colocada. As mudanças vão dar ainda mais prejuízos aos consumidores de energia elétrica”, alertou.