Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Tesourinhas chegam para o verão

Edição n° 1229 - 29 Outubro 2010

Provavelmente,  poucas aves conheçam melhor a América do Sul do que a Tesourinha.  Uma pequena ave, que chega  medir 40 cm devido a longa cauda, a dos machos é maior, poderia ser chamado de 'o pequeno viajante'. 

Existem Tesourinhas que vivem em todo o Brasil, mas em maior concentração  no extremo sul seguindo  até a  Argentina, o Paraguai e vivem também no Caribe e no sul do México.  Depois do verão, as tesourinhas migram, aos milhares,  para a região da Amazônia, onde permanecem até o inverno acabar.  No início da primavera, cada uma volta para a sua região de origem, onde vão reproduzir, criar os filhotes e começar tudo novamente no ano seguinte.  Por isso, as tesourinhas são muito abundantes em algumas regiões, inclusive em Sacramento,  mas apenas em algumas épocas do ano. Em outras, desaparecem completamente. As primeiras Tesourinhas chegam no município de Sacramento a partir de 15 de agosto. 

Também conhecida como Tesoura e Tesourinha-do-campo,  a Tesourinha apesar de migratória, localmente ela procura áreas abertas, como o cerrado , vem daí o "savana" de seu nome científico (Tyrannus savana). Procura também pastagens e áreas cultivadas , onde costumam pousar em moirões, postes. Às vezes, aparece em matas e até cidades pousando em fios e árvores isoladas.  É  a ave migrante inconfundível,  passa em grupos de centenas de indivíduos, em concentrações típicas nos meses de setembro e outubro. Dormem em uma mesma árvore ou árvores próximas quando estão migrando, seja em áreas naturais, seja em áreas urbanas. 

Apesar de não ser colorida, a leveza e graça do vôo, bem como a distribuição de cores são muito chamativas. O capuz é negro e apresenta no meio do píleo uma coloração amarela, na maioria das vezes escondido, distingui-se contra a gargantas e partes inferiores brancas. Dorso cinza uniforme, com destaque para a longa cauda. Mais comprida nos machos, diferença visível quando as aves estão próximas, é maior do que o próprio corpo. 

 

Alimentação

Hábitos como o do suiriri, com grande consumo de frutos no período de migração. Dispersa os frutos da erva-de-passarinho no cerrado, com sua característica semente onde um pé adesivo ressalta-se. A polpa envolvente é uma das fontes principais de abastecimento na migração para o norte, mas como não ingere a semente, limpa o bico nos galhos, deixando presa a semente da próxima erva-de-passarinho. Frutos podem ser vistos em fios e arames, resultado dessa limpeza do bico. Em vôo, consegue uma enorme destreza, alterando direção com facilidade, em perseguições mútuas ou à presa (insetos). 

 

Reprodução

Os filhotes nascem no final do ano e em fevereiro/março voam para o norte, no segundo grande movimento de migração da espécie. Todas dirigem-se para a parte norte do continente, onde irão passar o outono/inverno austrais. O casal constrói um ninho ralo de gravetos porcamente amontoados. É comum os filhotes e ovos serem derrubados pelo vento. Os pais se revezam na criação dos filhotes. 

Há um discreto dimorfismo sexual (termo usado para designar diferenças na aparência de machos e fêmeas), sendo que os machos possuem um prolongamento grande da cauda, especialmente das duas penas mais externas. Sua voz, com as cerimônias: “tzig” (chamada), seqüência apressada “tzig-tzig-zizizi…ag, ag, ag, ag” (canto) que emite pousado ou em vôo, deixando-se cair em espiral, com a cauda largamente aberta e a posição das asas lembrando um para-quedas.