Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Mãe de dois filhos reividica direito de ter uma casa


Luciana Aparecida Martins, 25, natural de Guaíra, casada com o guarda-noturno, César Aparecido dos Santos, sacramentano, pais de Matheus, 3 e Julio César, 1 mês e 10 dias, está literalmente desesperada por não ter onde morar com a família, porque terá que desocupar a casa onde mora, desde abril de 2005, na rua Ignácio Amaro Loyola, 248, no Residencial Cajuru.
Entre lágrimas, Luciana procurou este jornal para narrar a sua história. "Essa casa não é nossa, ela estava fechada há muito tempo e como não tínhamos como pagar um aluguel, chamei o chaveiro e ocupei a casa, no dia 4 de abril do ano passado. Fui na Assistência Social, conversei com o Lúcio, que falou pra continuar na casa. Falei com o prefeito Joaquim, que também disse pra ficarmos. Então, ficamos", disse, explicando que o dono da casa, Geraldo Bernardino Filho, morou na casa apenas quatro meses e mudou pra fazenda. Procurado pela reportagem, Bernardino não foi encontrado.

Segundo Luciana, a casa estava depredada. "Os vidros estavam quebrados, não havia torneira. O terreiro era só matagal. Os vizinhos são testemunhas", conta, mostrando as contas pagas de água e luz, em nome de Geraldo. "Nós pagamos a água e a luz todo mês, desde que mudamos pra cá", disse mais Luciana, afirmando que Geraldo esteve na casa , pedindo pra eles saírem. "Ele disse que queria a casa, e como eu não saí, ele foi pra Justiça".
Na quinta-feira, 2, Luciana conta que recebeu uma intimação verbal da oficiala do fórum para desocupar a casa até a segunda-feira, dia 6. "Como vou tirar duas crianças de uma casa, sendo que não temos pra onde ir e não temos como pagar aluguel, meu marido ganha um salário por mês. Entramos aqui porque não temos como pagar por uma casa", disse mais.

Angustiada, mais uma vez foi à secretaria de Assistência Social . "O secretário Lúcio me disse que não podia fazer nada, que as casa eram da Caixa. Voltei ao prefeito, mas disseram que não estava. Esperei na rua até que ele saísse. Corri atrás e ele repetiu para eu não sair da casa: 'Quem precisa de casa, fica na casa e não na fazenda'. Um rapaz estava chegando, o prefeito parou o carro e disse pra ele chamar a secretária da Assistência pra ir comigo no Promotor. Mas o rapaz não chamou, ele disse que é namorado dela e que ela não é advogada e que não deixaria ela se comprometer com o fórum".

"O rapaz lá da prefeitura disse que era pra eu pôr minhas coisas num cantinho, e ir pro albergue", disse mais entre lágrimas, lembrando das casas fechadas e vendidas no Cajuru. "Tem muita casa fechada aqui, tem gente que fez muro alto com portão, mas deixa tudo trancado, eles não moram aqui no bairro, eles moram lá pra baixo. Muitos já venderam as casas e não pode vender. Aqui tem muitas casas fechadas e a gente não tem casa pra morar, isso é injusto. Só estamos aqui porque não podemos pagar aluguel, agora, me digam: pra onde vou com meus filhos"? Perguntou.

Casa do Cajuru estão sendo vendidas

Questionamos com alguns moradores se é verdade que moradores estão vendendo as casas no Cajuru, sem se identificar, um morador, afirmou que não há fiscalização nenhuma no bairro por parte da secretaria de Assistência Social. "Já venderam mais de 15 casas aqui. Tem gente que vendeu por R$ 8 mil, R$ 5 mil, sem escritura, só com um contrato Eles fazem um contrato de compra e venda lá embaixo e entregam as casas", denunciou, afirmando mais que vários outros donos não moram nas casas e muitas estão alugadas.