Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Vicente Félix recorda encontro com Pe. Vítor

Edição nº 1645 - 19 de Outubro de 2018

No alto de seus belos 94 anos, completados agora, mostrando apenas uma deficiência auditiva, o fazendeiro aposentado,  Vicente José da Silva, filho dos saudosos Antônio Félix e Marcolina Cândida de Jesus, mostra um vigor e memória

invejáveis. Lembra de coisas de quando era ainda moleque na fazenda Lagoinha, quando fez a primeira Eucaristia com o missionário redentorista, Pe. Vítor Coelho de Almeida,  numa de suas raras visitas a Sacramento, pregando missão.

Para recordar essas passagens, Antônio Félix falou ao ET.

 

Amigos de infância

“Conheci Pe. Vítor quando estava pregando missão na nossa comunidade. Os padres preparavam também meninos para a 1ª Comunhão. Fiz com ele minha primeira Comunhão, na igrejinha da Divisa. Outra boa lembrança que guardo foi a de um encontro de papai com Pe. Vítor, no Seminário de Sacramento, alguns anos depois. A convite do Pe. Magalhães, que também participou da conversa, papai esteve no Seminário para lembrar daqueles tempos de infância, porque, além de conterrâneos eram amigos... Tem a foto até hoje, o jornal publicou a entrevista”.

1ª Comunhão

Mas bem antes, eu conheci Pe Vítor, lá na roça, na fazenda Lagoinha, de meu pai, perto da Divisa, onde a gente frequentava a Igreja. Aí teve a missão com Pe. Vítor que preparou as crianças para fazer a primeira Comunhão. Eu tinha 12 anos. Foi em 1936, ele era moço novo e meu pai mais velho, e morreu antes também, em 1979, com 96 anos. E o padre Vítor morreu em 1987, aos 88 anos. Padre Vitor nasceu no dia 26 de setembro de 1899, todo mês de setembro lembro do aniversário dele e das histórias que meu pai contava...

As Aparecidas na vida de Vicente

Viúvo da primeira Maria Aparecida, Vicente casou-se em segundas núpcias com Maria Aparecida da Silva 82, como quem teve quatro filhos, que foram criados com os quatro mais velhos: Divina, Osvaldo,  Olavo e Eunice, depois Maria Abadia, José Antônio, Humberto e Adalberto (Tim Maia), filhos que já lhes deram 26 netos, 37 bisnetos  e dois a caminho e seis tataranetos.  

Brincalhão, afirma que as Marias Aparecidas fazem parte de sua vida. “Foram três Maria Aparecida na minha vida. A primeira, cheguei a ficar noivo, mas não deu certo. Meu cunhado é que foi na casa dela desmanchar o noivado. Logo depois, namorei e me casei com a Maria Aparecida, mãe dos meus quatro primeiros filhos. Ela morreu e daí uns tempos casei com a terceira Maria Aparecida, há 58 anos”, relata ao lado da esposa, que dá uma boa gargalhada: “Naquele tempo o rapaz, a moça não decidia nada, não. Era uma pessoa mais velha, geralmente o pai, o irmão mais velho, que acertava o namoro, o casamento. E namorava pouco tempo e casava...” 

Filhos esparramados

“Durante toda a vida trabalhei na roça, na fazenda Lagoinha, do meu pai, Antônio Félix, que morreu há 37 anos. Éramos 11 irmãos. Mas eu não nasci aqui, não. Nasci em Uberlândia. A história é grande, mas vou contar. A minha avó, mãe do meu pai, morreu e deixou quatro filhos pequenos, meu avô, então, esparramou os filhos entre os amigos. Meu pai foi morar com o José Benedito e a dona Cândida, avô do prefeito Baguá. Papai trabalhou com o Zé Benedito durante 11 anos. Dizia que ganhava um mil réis por dia”. 

Pai empreendedor

“Quando papai e mamãe se casaram, o José Benedito deu uma lavoura de café pra ele tocar a meia. Depois de três anos, papai apurou 12 contos de réis e através da orientação de um colega, ele comprou terras em Uberlândia, 12 alqueires, na beira do rio Uberabinha. E lá, nascemos eu e mais dois irmãos. Ficamos em Uberlândia sete anos e papai resolveu voltar. Vendeu lá e aqui pegou lavoura de café a meia de novo, até que juntou 30 contos de réis e comprou 50 alqueires de terra na Lagoinha. A partir daí foi comprando partes dos vizinhos até que completou 150 alqueires e sempre mexendo com lavoura de café”. 

Brigas de família

De acordo com Vicente, os filhos foram se casando e fincando pé na fazenda. “Meus oito filhos, nasceram lá. Eu morava na sede e tomava conta da fazenda, mas os cunhados enciumaram, começaram brigas de família, meu pai enfezou e vendeu as terras para o Ridogério Cardoso, que depois vendeu para uns paulistas. Hoje são quatro proprietários”. 

Religiosidade

Outra peculiaridade de Vicente é a religiosidade e com orgulho exibe a foto comemorativa dos 25 anos da  Irmandade do Santíssimo Sacramento, no vicariato do redentorista, Pe José Marques Dias, entre 1975 e 1981. Na foto, dentre tantos irmãos que já se foram, está o filho, Osvaldo que hoje tem 62 anos. “Graças a Deus sempre fui muito católico, sou irmão do Santíssimo há mais de 50 anos, nem sei bem há quanto tempo. Só que hoje não frequento mais, não dou conta de ir à Igreja Matriz, que hoje já é Basílica, né. Então, eu guardo no coração a minha devoção.  Hoje, frequento a Igreja Na. Sra. d'Abadia, no Terço dos Homens, e para as missas vou na Igreja do Divino Espírito Santo”. Ao seu lado, a esposa  Maria Aparecida  completa, informando que fizeram o Encontro de Casais e participaram de diversos movimentos paroquiais.