Edição nº 1604 - 05 de Janeiro de 2018
Adary ‘Flores’
Adari Maria da Aparecida Oliveira é sacramentana, nascida no Quenta Sol, no lar de Estanislau Machado de Oliveira e Terezinha do Menino Jesus, ali cresceu ao lado dos irmãos, Percival e Perival, ambos falecidos, Antônia e Odair. Órfã de pai aos nove anos, aos 13 anos, partiu para o Convento Madre Cabrini, em São Paulo, onde permaneceu por dois anos. Depois de residir em pouco tempo em Franca, retornou à casa materna. Aos 19 anos, era professora leiga da escola do povoado. E naquele ano se casou com Ciro Rosa, de cuja união nasceram as filhas, Alessandra e Leandra. A família se mudou para Sacramento em 1982, depois de várias mudanças: São Paulo, Tambaú, Franca.
E foi em Sacramento que Adari fez a sua história de vida. Em 17 de setembro de 1983, abriu a primeira floricultura da cidade, a Cristina Flores, que lhe rendeu o apelido. Mas tudo começou meio por acaso. “Eu não sabia nada de flores. Uma prima ia se casar em junho e me pediu para organizar as flores. Fui a Franca, à floricultura de um amigo, mas a Bel e o Murilo se casavam no mesmo dia e as flores vieram de Uberaba. Outra prima se casou no dia 11de setembro, e me pediu pra ver as flores. No mesmo dia se casou a Bel Loiola e sua mãe já havia comprado as flores em Uberaba. Foi quando eu pensei: 'Por que não trazer flores pra vender para as noivas?'. Uma semana depois, no dia 17 de setembro de 1983, a Cristina Flores foi aberta, na Capitão Borges”.
Adari tirou sorte grande. No dia da abertura fez o primeiro casamento, também meio por acaso. “Abri a loja sem saber nada de flores. Comprei cinco dúzias de palmas e rosas vermelhas e nisso uma amiga da minha cunhada passou, viu e falou que a noiva que iria se casar à tarde, estava desesperada por conta das flores que não iriam chegar. Na hora, fui atrás. Não encontrei ninguém. A família estava num almoço na Gruta. Fui à casa da irmã da noiva e ela deu a ordem: '|Corre, leva as flores pra dona Irene enfeitar a igreja'. Este foi o primeiro casamento que fiz e com palmas vermelhas...”.
De acordo com a Adari, o começo não foi fácil. “Eu ia às floriculturas para aprender os nomes das flores, comprava ramalhetes e laços só pra ver o pessoal fazer e eu aprender. Chegava aqui eu ia treinar. Rodolfo Amui foi meu primeiro cliente, comprou um ramalhete para a Alzira. Hoje, quando me lembro do laço da fita que fiz, sinto arrepios... E fiquei com a Floricultura durante 27 anos...”
Outro grande diferencial na vida de Adari é o seu trabalho social em prol dos hospitais de Câncer de Barretos e Uberaba e da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, causa que abraçou de coração e alma. “O primeiro leilão em prol do Hospital de Barretos foi organizado pelo Dedé (José Ezequiel Dantas), vítima da doença curada em Barretos. No dia seguinte, infelizmente, os comentários diziam que tinha sido um fracasso. Aquilo me doeu. Como uma pessoa decide fazer alguma coisa em prol de um hospital e não tem apoio? A partir dessa reflexão, decidi entrar na luta dando o melhor de mim. E, com a ajuda de muitos voluntários, os leilões se sucederam, anualmente, cada um melhor do que o outro”, conta elogiando a organização. “O grupo de voluntários é muito bem organizado. Atualmente, a Aline Cardoso coordena o leilão do hoje, Hospital de Amor, de Barretos, e o Hermógenes, o de Uberaba”, informa.
A 'Caminhada Passos que Salvam', outro projeto do Hospital de Amor já acontecia em Barretos. Em 2013, Adari encarou o desafio de trazer a promoção para Sacramento e deu certo. “A primeira constou de uma caminhada com cartazes, camisetas e uma palestra proferida pelo Dr. Cristiano. Mas no ano seguinte, o evento tomou uma nova dimensão com a Corriteca, que constitui hoje um grande atrativo para a participação”, reconhece.
Adari revela que assumiu a causa desinteressadamente e mal sabia que familiares viriam a ser vítimas de câncer, por exemplo, o irmão Perival e a mãe. “Eu nunca havia analisado por este lado, eu pensava nas pessoas que não têm ninguém por elas e são muitas. São pessoas de longe, que ficam lá sem ninguém por elas. Ir ao hospital, à Casa Vovô Antonio sempre me comoveram muito. Eu comentava tanto esse projeto em casa que até meu neto Vitor, se engajou na luta, iniciando a campanha de brinquedos por quatro anos. E a cada campanha que encerramos sinto-me realizada”.
Na luta da vida, aos 66 anos, continua trabalhando com o que mais gosta, flores, mas agora como funcionária de Floricultura, e enfrentando outra luta particular, a aposentadoria. “Mas estou muito feliz, sinto-me realizada com as campanhas e com as flores. Para Adari, não há coisa mais bela e melhor para enfeitar a vida do que flores e boas ações... Por isso e por sua garra, coragem, doação e serviço, você, Cristina Flores, é Personalidade do Ano de 2017.
Chiquinho da Servipeças
O empresário Francisco Silvério Santana 73, é sacramentano, o nono filho de Silvério Mariano Neto e de Messias Adevita de São José, que nasceu na Fazenda Ibituruna e cresceu ao lado dos irmãos, Ademaro (falecido), Adiolato, Calimério, Luzia, Lázara, Carivalde, Vicente, Nabor, Antônio e Heliodora.
Os primeiros estudos foram feitos na Escola Rural Estadual de Ibiturama. E já mocinho, trocou a fazenda pela cidade, morando na Pensão Moreira, que se tornou sua casa, até se casar em 1966. Na cidade, Chiquinho estudou na EE Cel. José Afonso de Almeida, onde concluiu o curso Técnico em Contabilidade e partiu para a vida profissional, aliás, antes mesmo de concluir os estudos, aqui construindo sua história de vida e de empreendedor.
Ainda bem jovem, começou a trabalhar e o primeiro emprego foi no Boteco do Alcides, bem em frente à Pensão Moreira, onde morava. Depois, passou pela Máquina de Beneficiar Cruvinel e Cia. Quando ainda cursava Contabilidade, ingressou no extinto Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais. Quando o banco encerrou as atividades na cidade, Chiquinho se tornou sócio da empresa Café e Cereais Sacramento Ltda, e mais tarde, sócio da Casa Ferreira Materiais para Construção Ltda, de onde saiu para tocar um negócio próprio, a Servipeças.
Homem de grande visão empresarial, Chiquinho, juntamente com o filho Hélsio Costa Santana, compra a Servipeças, uma das mais tradicionais empresas de peças automotivas, fundada por Herbert Gianni em 1967. E lá se vão 50 anos.
Nesse tempo de Servipeças cresceu, mudou três vezes de endereço sempre para melhor. Primeiro saiu do prédio alugado, na esquina com a Visconde do Rio Branco/ Major Lima para prédio próprio na avenida Antonio Carlos 706, em 1995. Cinco anos depois, nova mudança ainda na Antonio Carlos nº 701, e, finalmente, para o atual prédio na praça Cônego Hermógenes (Rodoviária) que veio coroar o sonho de pai e filho de se tornarem referência no mercado em Sacramento e região, com um mix de produtos e peças para todas as marcas, nacionais e importadas, leves ou pesadas. Tudo isso aliado à valorização dos clientes com um atendimento personalizado e diferenciado.
Em 15 de novembro último a Servipeças comemorou 50 anos de existência na cidade, dos quais 26 anos como empresa da Família Costa Santana. Mesmo aposentado, a Servipeças continua o lugar preferido de Chiquinho, como conhecedor do ramo contábil como poucos, ali entrega sua dedicação, talvez, fazendo jus a uma herança dos tempos de fazenda com os pais, onde aprendeu que 'é o olho do dono que engorda a boiada'. Pai e filho são presenças constantes no empreendimento que construíram.
Mas acima da Servipeças, para Chiquinho, está a família que construiu com a companheira de todas as horas há 49 anos, Maria Abadia, e juntos criaram os filhos Iren (in memorian), Hélsio, Andrea, Patrícia e Diana, que lhe deram oito netos. A eles sempre dedicou o seu carinho e atenção. Some-se ainda a sua paixão por futebol e pelo Corinthians.
Pela sua história de vida e empreendedorismo, dedicação, profissionalismo e competência é Personalidade do Ano de 2017.
Irmãos do Kung Fu
Os irmãos Joarez de Souza Ferreira 45 e Milton Gomes de Souza 41 chegaram em Sacramento no ano de1986, crianças ainda, Joarez com 14 anos e Milton, com 10. Os dois vieram de Brasília, com a mãe, Maria de Souza Ferreira, e os irmãos: Joel, João, Admilson e José Roberto, para trabalhar na Cerâmica Bela Vista, de Sílvio José Borges.
E já se vão 31 anos. A cerâmica acabou, mas a família fincou os pés nas terras do Borá, onde os filhos vão escrevendo a sua história no esporte, em especial nas lutas marciais de Kung Fu, que começaram a aprender em Sacramento em 1992. Mas o gosto pelo esporte, de acordo com Joarez, com certeza, já estava dentro de cada um pelas brincadeiras de lutas que faziam ainda em Brasília, a partir de filmes de artes marciais, sobretudo com o ídolo Bruce Lee. Mas só tiveram a chance de começar a prática depois que chegaram a Sacramento.
Em 1992, Joarez, começou a treinar com o Mestre Júlio, na antiga academia da Eliana Borges, mas em 1993, quando Júlio deixou a academia, para não interromper o treinamento, ingressou na Escola Brasileira de Artes Marciais Chinesas, do Grão Mestre Ma Tong Hua, em Uberaba. Todo final de semana, Joarez lá estava para aprender mais e trazer o aprendizado ao irmão Milton. Até que, em 1994, os irmãos fundam em Sacramento, o Instituto Hu Tchao Chua, que funcionava num pequeno galpão na rua Joaquim Murtinho.
Com garra e muita dedicação Joarez e Milton, seguiram firmes com o Instituto Hu Tchao Chua, até que em 2007, com ambos já graduados, Joarez (Sifu, professor mais idoso na escola) e o sitai (professor) Milton, a escola ganhou o nome de Instituto Liu He Quan, funcionando em novo endereço, na praça Getúlio Vargas.
De acordo com Milton, não foi fácil. “Foi um trabalho duro, mas nunca deixamos de acreditar, o próprio esporte nos ensina a determinação. Fomos cada vez melhorando mais e hoje estamos aí consolidados”, afirma, com Joarez completando: “A batalha foi muito grande, tivemos muitas dificuldades na vida, mas hoje vem a recompensa em dobro, graças a Deus, através do reconhecimento da cidade e dos governantes. Só temos que agradecer a Deus, porque nossa vida mudou para melhor”.
Dez anos depois da graduação e de fazer a diferença no esporte sacramantano, Sifu Joarez e o sitai Milton continuam no Instituto com aulas de boxe chinês, defesa pessoal china shaolin, tai chi chuan e este ano introduzem a defesa pessoal, krav maga. Outra novidade para este ano é a abertura de unidades do Instituto Liu He Quan, em Rifania, Uberaba e Santa Juliana.
De acordo com Milton, a idade para iniciar nas artes marciais vai 5 a 100 anos de idade, dependendo apenas de força de vontade e determinação e pode ser praticada por ambos os sexos. Existem práticas para todas as faixas etárias, que conforme Joarez, são divididas nas categorias kids, infantil, juvenil e adulto masculino e feminino, destacando que o esporte está muito em voga entre as mulheres.
Além do Instituto particular Liu He Quan, Joarez e Milton trabalham também com a Prefeitura, através da URS, há cerca de 15 anos. “A prefeitura, para oportunizar a todos a prática de todos os esportes, nos deu a oportunidade de trabalhar, ensinar a arte marcial chinesa. Hoje trabalhamos o Kung Fu na Praça de Esportes com cerca de 70 crianças que são levadas pra competições e, trabalhamos nas escolas que têm o projeto Tempo Integral. E, conforme Milton, o Instituto tem um projeto social, voltado para aqueles que não têm acesso ao esporte por falta de condições.
Reconhecidos por vencer, cumprir e escrever uma bonita história de vida, os irmãos agradecem pelos 31 anos de trabalho. “Primeiramente, ao nosso criador, nosso Mestre maior, que me deu persistência, força e determinação para chegar até aqui. Agradeço aos prefeitos, às equipes de esportes, aos nossos primeiros alunos que hoje são professores, um agradecimento aos nossos alunos mirins e aos pais que nos confiam seus filhos e um agradecimento especial a Sacramento que nos acolheu tão bem. Foi aqui que tivemos nossas oportunidades”, afirmam sifu Joarez e sitai Milton.
Joarez é casado com Núbia Januário Motta, pais de Joarez Júnior 19, graduado com o pai em 2017, que este ano, na condição de sitai vai abrir uma unidade do Instituto em Uberaba. Milton é casado com Karen Thiago Ferreira, pais de Mateus, de oito anos.
Joarez e Milton adotaram Sacramento como sua terra. Aqui fazem história e levam o nome da cidade por onde passam. Pela determinação, vontade, esforço com que escrevem suas histórias, eles são hoje Personalidades do Ano de 2017.
Os filhos de Santo Afonso
Os Missionários Redentoristas sãos os religiosos que pertencem à Congregação do Santíssimo Redentor, fundada por Santo Afonso de Ligório, em 1732, na Itália, para evangelizar os mais pobres e abandonados. Para ir aos lugares que nenhum outro missionário se dispõe a ir. Para continuar o Redentor. Dentre as mais de 50 Províncias Redentoristas espalhadas pelo mundo, encontra-se a Província de São Paulo, fundada por homens que seguiram fielmente o sonho de seu fundador: evangelizar os abandonados. Em 1894, alguns missionários da Baviera, na região sul da Alemanha, chegaram ao Brasil...
No dia 23 de janeiro de 1895 os redentoristas, a convite de Dom Joaquim Arcoverde, então bispo de São Paulo, assumem a administração do Santuário Nacional de Na. Sra. Aparecida. Desde então, trabalhando como missionários Brasil a fora, difundem o amor à Mãe Aparecida, implantando casas, assumindo paróquias, fundando rádios, TVs... e transformando Aparecida na capital mariana do país e a ela, a Santinha Negra encontrada nas águas do rio Paraíba do Sul, em 1717, dedicando o maior Santuário do mundo.
As pegadas redentoristas passam por Sacramento desde o ano de 1959, quando um de seus filhos e filho de Sacramento, Pe. Antônio Borges de Souza, o Pe. Borginho, abre em Sacramento a primeira casa redendorista, o Seminário do Santíssimo Redentor, onde hoje está instalada a Casa do Menor Rosa da Matta, pouco depois transferido para o majestoso prédio erguido na região Norte da cidade, ali permanecendo por 45 anos.
Hoje, a obra missionária redentorista na cidade foi transformada na Casa Assistencial Pe. Antônio Borges, para assistir quase 200 pessoas, entre crianças, jovens e mães, aplicando, anualmente, para sua manutenção e pagamento de 19 funcionários, recursos financeiros que somam a mais de R$ 700 mil.
Nestes 122 anos à frente da Casa da Mãe padroeira do Brasil, os Redentoristas puderam comemorar datas magnas, tais como em 1917, o bicentenário do encontro da imagem nas água do rio Paraíba; os 250 anos, em 1967, até culminar com o grandioso Jubileu dos 300 anos, no dia 12 de outubro de 2017. Foi um grande ano mariano, reforçando a fé e o trabalho de evangelização, realizado com a intercessão da Mãe dos brasileiros. E conseguiram, através de uma grande comissão de redentoristas, padres, bispos, contando ainda com o trabalho de milhares de trabalhadores, leigos e voluntários, mostrar e deixar ao Brasil e ao mundo, um grande legado de fé e devoção.
Impossível nominar alguém... Fica, pois, o legado de fé e o reconhecimento à Congregação do Santíssimo Redentor, Comissão Episcopal, demais comissões e a todos que de alguma forma estiveram juntos para celebrar os 300 anos da Mãe Aparecida. Pelo 'Jubileu dos 300 Anos' e pelo rastro de fé amor e deixados nesta cidade, o jornal O Estado do Triângulo, homenageia a Congregação Redentorista como Personalidade do Ano de 2017.
Zilda, uma mulher guerreira e vitoriosa
Em Sacramento, o nome Zilda Paula Zago remete a um tradicional ponto no centro da cidade, o Despachante Zago, o primeiro despachante aberto em Sacramento pelo saudoso Paulo Roberto Zago, esposo de Zilda, em 1966, e que, durante 24 anos, foi administrado por Zilda após a trágica morte de Paulo, em 1993, na rodovia MG-190.
Do Despachante Zago, que há um mês pertence aos sócios advogados, José Bonifácio Borges Silva e Rodrigo, Zilda tirou parte do sustento dos três filhos, então órfãos de pai ainda crianças, Keila, aos 12 anos, Júnior, com 9 e Karina com 6. Não foi fácil, reconheceu Zilda em entrevista ao ET, mas venceu.
“- No começo foi muito difícil, porque eu só ficava em casa, não sabia nada do escritório, sequer sabia dirigir, aprendi aos trancos e barrancos, tanto a dirigir como o trabalho de Despachante. Depois as coisas começaram a andar. Passei por muitas humilhações, chorei muito, mas o que mais me marcou na vida foram as perdas que tive. Perdi pai, mãe, marido, irmãos, mas nenhuma delas foi tão sentida como a perda do meu filho na rodovia de Conquista, Júnior (Barroso) em 2009. Não há dor maior para uma mãe que perder um filho...”, revela emocionada. Hoje, Zilda aos 62 anos, com as duas filhas criadas e encaminhadas, vendeu o Despachante e pode curtir a merecida aposentadoria, a vida, e os dois netos sob as bênçãos de Deus e de Na. Sra. do Perpetuo Socorro, santa de Devoção, cuja estampa conservou durante todo esse tempo na parede do prédio onde trabalhava.
Quem é Zilda ...
Filha de Pedro Teixeira de Paula e Diolinda Maria de Jesus, pais de mais nove filhos, Zilda nasceu no Quenta Sol, onde estudou até o quarto ano, quando veio para a cidade. Cursou o Admissão ao Ginásio, na EE Afonso Pena (Grupão) e concluiu o ensino fundamental na Escola Coronel e parou aí.
“- Parei os estudos na antiga 8ª série e fui trabalhar em casa, cuidar dos meus pais que já estavam doentes. Morávamos todos na cidade, na rua Eurípedes Barsanulfo. Em 1978, Paulo e eu nos casamos, eu com 26 anos, ele com 25.
Após15 anos de casados, Paulo morreu em um trágico acidente quando vinha de Uberaba, deixando Zilda viúva com três filhos pequenos. “Paulo abriu o Despachante em 1966, a gente ainda estudava e foi o primeiro Despachante da cidade, que sempre funcionou naquele lugarzinho ali, na avenida Benedito Valadares, ao lado do prédio da Câmara. Paulo trabalhava no escritório e eu em casa com as crianças, depois da morte dele tive que me virar e decidi que iria manter o Despachante, embora não entendesse nada”, relata.
Com força destemor de uma guerreira, Zilda partiu para a luta. “Eu não sabia sequer dirigir, aprendi forçada, porque o Despachante era no centro e a Delegacia do outro lado da cidade. Na hora que a coisa aperta, a gente tem que arregaçar as mangas e encarar. Aos poucos, fui aprendendo o trabalho no escritório com a funcionária... Chorei muito. Às vezes, parava e pensava: 'Meu Deus, eu sozinha com três filhos pequenos, nunca trabalhei, como vai ser?'. No começo foi muito difícil, mas peguei firme com Deus. Foram muitas lagrimas, mas venci. Até mesmo as muitas humilhações porque passei, inclusive por autoridades da área de legalização de veículos. Aquilo doía muito, mas nunca desisti. Eu enxugava as lágrimas e continuava”, afirma com gáudio e dá testemunho de que a fé supera tudo.
“- Tudo acontece na hora certa, até nos momentos de desespero. Logo que comecei no Despachante, meu primo, Pe. Luiz Carlos de Oliveira, filho do Zé Batista, chegou ao escritório, me levando um quadro de Na. Sra. do Perpétuo Socorro e me disse: “Essa aqui vai te ajudar”. E, de fato, ela foi meu esteio. Esteve lá comigo durante esses 24 anos. E, ao entregar o escritório, eu a trouxe comigo. Graças a Deus posso dizer que venci, venci tudo”.
No aZago, além da emissão e regularização de documentação de veículos, Zilda incorporou os serviços de encadernação, plastificação e xerox.
As conquistas e as perdas
Ao longo de seus 62 anos, Zilda vem escrevendo uma bonita história de vida, rica em conquistas tais como a família onde nasceu, os 10 irmãos, o marido, filhos e, lamentavelmente, muitas perdas também. Primeiro os pais, cinco irmãos, aos 41 anos a dor da perda do marido Paulo, em 1993, e do filho Paulo Roberto Zago Júnior, com apenas 24 anos. “Perdi pai, mãe, cinco irmãos, amigos, marido, mas a maior perda para minha vida foi a morte de meu filho. Não há dor maior para uma mãe que perder um filho e o que mais dói é que tanto o Paulo quanto o Júnior, os dois estavam sozinhos, então nunca vamos saber o que de fato aconteceu, mas eu digo sempre, 'seja feita a vontade de Deus'...”
Pois é, Zilda, o escritor português Fernando Pessoa escreveu que “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. E você é uma dessas pessoas incomparáveis e faz jus a um verso também de Pessoa, “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Por toda essa história de vida, você é Personalidade do Ano de 2017.