Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Noninho: Criador do 'Maria Giriza', morre aos 77 anos

Edição nº 1606 - 19 de Janeiro de 2018

O pedreiro aposentado, Romeu Fernandes da Silva, o Noninho da Maria Giriza, que animou tantos carnavais na cidade, morreu na noite de sexta-feira 12, depois de permanecer 72 dias internado no Hospital de Clínicas de Uberaba. O seu corpo foi trasladado para Sacramento e foi velado no Velório Máurício Bonatti por familiares e amigos, em especial, antigos companheiros de seu bloco carnavalesco. Após a bênção do corpo proferida por Pe. Antônio Carlos, foi sepultado no Cemitério São Francisco de Assis.  

De acordo com o filho Coriolano (Neto), Noninho passou por uma cirurgia na cabeça e não mais se recuperou. “Ele estava com um problema de pressão sanguínea no cérebro e teve de operar, permanecendo no hospital durante 15 dias, até que recebeu alta. Como precisava de acompanhamento, ele foi levado para uma clínica, mas depois de   uma semana ele retornou ao hospital, permanecendo internado até a sua morte”, explica Neto, recordando do pai com carinho. 

“- Éramos muito amigos, estávamos sempre juntos. Papai era alegre, muito amigo, não tinha desavença com ninguém, era uma pessoa querida por todos. Acredito que ele fez bem o seu papel em vida...”. Sobre a criação do bloco Maria Giriza, Coriolano lembra bem do início. 

“- Papai gostava muito de carnaval. Lembro-me, era criança e ele com a mamãe (Delma) iam para os bailes de carnaval, num salão que hoje é depósito do Scala, no Rosário. Não havia poliesportivo. Os bailes eram no clube e nos salões que variavam de lugar. Um dia, papai e o Toim Besouro resolveram criar um bloco e nasceu o Maria Giriza. Eu, quando moleque, me vesti de mulher pra desfilar no bloco. Depois, sabe como é, a gente cresce e aí eu não quis mais participar. Depois que o Toim Besouro morreu, papai tocou mais um tempo e aí resolveu parar. Tempo bom aquele!”, avalia o filho.

Para Coriolano, apesar da perda do pai não fica o vazio por várias razões. “Vou sentir falta, mas vazio nunca, porque tenho muita coisa boa dele pra lembrar.  Ele não deixou espaço para o vazio em nós, não. Deixou sim, lembranças são muito boas. Foi um paizão”, reconhece.

  Noninho era filho de João Fernandes e Olinda, pais também de Teresa, residente em Brasília. O pai morreu, Noninho era ainda um bebê. Viúva, a mãe Olinda casou-se com o cunhado, Broca (do jogo do bicho) e Noninho ganhou mais nove irmãos: Madalena, Dalva, Aparecida, Maria Abadia (Hélio Afonso de Melo) e a irmã gêmea, Maria do Carmo (falecida), os gêmeos Gérson e José, Donizete e Batista (falecido).

  De acordo com o irmão Gerson Fernandes da Silva, Noninho foi pedreiro por muitos anos tanto fora como em Sacramento. “Como irmão mais velho, ele na verdade foi irmão e pai. Ele nos ensinou a ser gente, nos ensinou a profissão”, afirma, destacando ainda que Noninho era uma pessoa de grande coração, de ótima convivência. “Noninho era pessoa muito boa, se dava muito bem com todo mundo, com os irmãos nem se fala. Sempre nos deu assistência. Éramos crianças, ele trabalhava fora e ajudava a prover nosso sustento”.

Sobre o gosto de Noninho pelo carnaval, Gerson revela, que, Noninho sempre foi muito animado, alegre, gostava de fazer rir e lembra que junto com Antonio Besouro (falecido).  “Criaram a Maria Giriza, que teve como principal atração. A vaca que abria o desfile era levada pelo Noninho, o Besouro e uns outros, mas um dia acabou...”, Noninho foi casado com Delma, pais de três filhos, o primeiro falecido nos primeiros dias de vida, Coriolano (Neto) e Renata.