Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

José Cardoso morre quando aguardava cirurgia

Edição nº 1641 - 21 de Setembro de 2018

O empresário José Cardoso Filho 71 morreu às 6h45 da manhã, dessa quinta-feira 20, no Hospital de Clínicas de Uberaba, onde estava internado desde a tarde da terça-feira 18, aguardando uma cirurgia para colocação de uma prótese, por conta do rompimento de uma artéria. 

De acordo com a esposa, Regina Maria Messias Cardoso, o marido saiu para uma caminhada quando sentiu um mal-estar e ligou para ela, ofegante e com voz cansada. “Ele retornou à loja caminhando e foi mexer nuns pneus, mas ao subir a escada que dá acesso à nossa casa, ele sentiu uma tontura e precisou ser amparado. Mais tarde, de repente, ele chegou a desmaiar. Nós o levamos para a Santa Casa e de lá ele foi levado para Uberaba, direto para a UTI”, conta, com o filho José Henrique, acrescentando: 

“- Pelos exames, rompeu uma artéria do pescoço e iria ficar em observação para fazer a cirurgia, a colocação de uma prótese, prevista para essa sexta-feira, mas não aguentou...”

Seu corpo foi trasladado para Sacramento e velado, por familiares e um grande número de amigos e sepultado no Cemitério São Francisco, às 21h, após as exéquias no rito espírita, proferidas pelo sobrinho, José Belisário, e Gilmar Bonetti. 

Zezinho deixa a mulher, Regina Maria, com quem estava casado há 39 anos, os filhos, Márcia (Moisés), Carlos (Cristiane), José Henrique (Lauane) e Bruna (Elpídio) e um neto. 

 

Esposa e filhos falam do esposo e pai

Sacramentano, Zezinho e a mulher se conheceram numa festa e logo se casaram. “Era uma pessoa muito amável, carinhosa, pessoa inteiramente ligado à família, sempre pronto a ajudar a quem precisasse”, relata a esposa, recordando o trabalho a dois. 

“-Nosso comércio, a Casa Cardoso,  construímos   juntos, mas sempre, desde solteiro,  ele  trabalhou no ramo de bicicletas e motos. Começou com o conserto de bicicletas e mais tarde abriu a loja de peças de motos e bicicletas, onde e eu e os filhos sempre ajudamos. Ele ensinou o seu sobrinho, Zezinho Belisário,  ainda criança, a consertar bicicletas. Aliás,  José o tinha como um filho”. 

O primogênito Carlos recorda com carinho a figura paterna. “Ele era um paizão, os quatro filhos, graças à educação que recebemos, fomos criados muito unidos, nunca tivemos intrigas. Aprendemos muito com ele, educação, respeito, honestidade, dando força para sempre seguirmos em frente. Ele era muito dedicado à família, por isso vai fazer muita falta. 

Ele dizia que um dia iria partir dessa vida, mas se sentia orgulhoso em dizer que o que ele fez, fez pela esposa e pelos filhos.  'O que eu fiz é para vocês'. Sigam sempre em frente', nos dizia. Deus e Nossa Senhora Aparecida vão nos dar forças, porque vamos continuar com os negócios, atendendo os nossos clientes, como ele sempre fez. É isso que ele queria que fizéssemos. Papai vai estar sempre em nossos corações”, afirma, emocionado.

Também o genro, Moisés dá o seu testemunho. “Seu Zé foi um homem que fez história em Sacramento como comerciante há mais de 30 anos, como pai, marido, sogro e posso dizer isso, porque sou de Uberaba e estou casado nessa família há 19 anos. Eu  o queria muito bem.  Gostava muito de uma reunião familiar, era muito receptivo, compreensivo e solidário. Era um homem que tinha história, todos se lembram da Brasilinha amarela que ele tinha e que fez história”. 

Em meio a tanta tristeza, a família lembra da história do Zezinho e sua Brasília amarela. “Um fazendeiro queria comprá-la, mas ele não queria vender, até que o fazendeiro fez uma proposta irrecusável, quatro vezes mais o seu valor. Os olhos dele brilharam e ele vendeu, mas com um pesar muito grande, chegando a adoecer. Sorte foi que o fazendeiro que a comprou não deu conta de pagar e lhe ofereceu a Brasília de volta. Ele, não pensou duas vezes e a pegou de volta. E aí nasceu o bordão: 'Essa Brasília e tão boa, tão boa, que a comprei ela de mim mesmo'. Isso porque, na verdade, a Brasília ainda era dele...”, recorda o genro Elpídio.

 Para o sobrinho e afilhado o poeta Belisário, o sentimento é de gratidão. “São 37 anos junto com ele e pela convivência e experiência, ele deixa em mim um sentimento de gratidão. Meus pais me deram a vida, a oportunidade de nascer e crescer e ele me deu a oportunidade de aprender e exercer uma profissão durante todo este tempo. É motivo de muito orgulho para mim, tê-lo tido   como tio, padrinho e mestre. Sua característica mais marcante, além da inteligência, da criatividade e visão de mercado, foi a honestidade. Nesses 37 anos de trabalho juntos, nunca o vi atrasar nem meio dia os seus compromissos... Isso para mim é um exemplo muito forte”.