A sacramenta Irmã Madlene Aparecida Gonçalves, da Congregação Franciscana do Amparo (CFA), das mesmas religiosas que administram a Casa do Menor Rosa da Matta, passou em Sacramento suas últimas férias de inverno antes de fazer os votos perpétuos, no final do ano. O último semestre de estudos corresponde à conclusão de seu Juniorato e do curso de Pedagogia, especialidade pedagógica, que cursa em Petrópolis onde mora, sede da Casa Mãe.
Ir. Madlene recebeu o ET na casa dos pais, Airton Gonçalves e Soniara Aparecida Gonçalves, em entrevista, e falou de sua vocação que apareceu meio que por acaso e já se vão 11 anos de vida religiosa. “Eu nunca quis ser freira. Era criança, as irmãs de São José de Cluny, da Ciju, diziam que eu seria freira e eu dizia: Vestir essas roupas todinhas aí? Não vou ser freira, não”, disse sorrindo ao evocar as lembranças.
Em 2006, as irmãs Missionárias Franciscanas do Imaculado Coração de Maria vieram a Sacramento, na abertura das comemorações dos 100 anos da Congregação, e uma delas me perguntou se eu queria ser freira. Eu era catequista no bairro João XXIII. De pronto respondi: 'Quero'. Mas isso, depois de fazer um encontro vocacional com as irmãs de São José de Cluny, de ter conversado com Irmã Graça. Minha mãe não acreditou, aliás, minha família não fazia muita questão que eu fosse. Na verdade, meus pais não queriam. Quem fazia a maior torcida era minha irmã”, revela.
Mas Madlene não foi de imediato. Na época, cursava o 2º ano do ensino médio e pediu um tempo para concluí-lo. “Segui os estudos, mas naquele mesmo ano, em 2006, as irmãs Franciscanas do Amparo, que administravam a Casa Rosa da Matta, também na comemoração dos 100 anos da Congregação, fizeram missões em Sacramento e também me convidaram. Respondi que já havia feito compromisso com outras religiosas e coloquei nas mãos de Deus. Disse para minha família que a primeira Congregação que entrasse em contato comigo eu iria. E pouco dias depois as irmãs Franciscanas do Amparo, me fizeram uma visita em casa. Estava decidido”.
De acordo com Madlene, na época seis jovens ingressaram no convento, mas apenas duas permaneceram. A Congregação conta atualmente com 110 irmãs, que estão espalhadas em 17 escolas e instituições diversas Brasil a fora: a Casa Generalícia e Noviciado, também chamada de Casa Mãe, em Petrópolis (RJ), além de outras instituições diversas nas cidades: Rio de Janeiro, Barra Mansa, Jacarepaguá (RJ) Surubim (PE), Maceió (AL), Monte Carmelo (MG), Conquista (MG), Mateus Leme (MG), Jacareí (SP), Canaã (CE), Faro (PA), Sacramento e outra na África, em Luanda (Angola).
A beleza da vocação
Na sua trajetória no convento, Ir. Madlene fez um ano de Aspirantado, dois anos de Postulantado ou Juniorista, dois anos de Noviciado e agora cursa o Juniorato que são seis anos, já preparando-se para os votos perpétuos.
Explicando a caminhada de quase 11 anos de estudos, Ir. Madlene revela que as atividades se resumem em estudo e prática. “O Aspirantado é a fase inicial, de ambientação, de conhecer a congregação, inclusive quem não concluiu o primeiro ou segundo graus, frequenta aulas nas escolas regulares. Como postulantes ou junioristas, temos uma Mestra orientadora. É um tempo de afirmação, quando participamos de encontros preparatórios para a renovação dos votos. O Noviciado é dividido em duas práticas, o 1º ano, denominado Canônico, é um ano de reclusão com retiros e orações; o 2º já é de estágios e trabalhos. Eu fui para Surubim, no Agreste de Pernambuco, um colégio muito bom. Concluído o Noviciado, iniciamos o Juniorato de seis anos, que eu estou concluindo”, resume.
Após os dois anos de Noviciado, Ir. Madlene fez os votos simples: Castidade, Pobreza e Obediência. “Esses votos os carregamos para o resto da vida, quando os professamos, recebemos uma medalha, as constituições e uma cruz, na qual dispomos toda a nossa vocação, a exemplo de São Francisco de Assis. Ao concluirmos o Juniorato, na ordenação para os votos perpétuos, recebemos uma aliança”.
No seu último semestre para completar o Juniorato, Ir. Madlene coordena um grupo de cerca de 100 meninas, numa das casas em Petrópolis. “Ao todo são 150 crianças dos morros de Petrópolis assistidas pela Congregação. Elas estudam, aprendem as normas de bem viver, fazem oficinas diversas até o quinto ano. Já os meninos do quinto período até o terceiro ano fazem oficinas o dia todo”, explica, revelando o carisma da congregação:
“- O carisma da Congregação Irmãs Franciscanas do Amparo é 'Ser Amparo' para os necessitados. Nossa missão é 'Acolher e Educar', sobretudo e especialmente as crianças e adolescentes necessitados. Então, nosso foco não é a formação vocacional mas acolher e preparar os mais necessitados para a vida”.
Concomitante à formação vocacional, as irmãs Franciscanas do Amparo também podem estudar e se formar em alguma profissão. “Tendo em vista que o carisma da Congregação está ligado à Educação, escolhi o curso superior de Pedagogia para me aperfeiçoar na área. Em Sacramento conclui o Colegial, porque não havia Magistério na época. Mas minha vontade foi sempre trabalhar com Educação”, ressalta, revelando que iniciou também o curso de Música.
De acordo com Ir. Madlena, professados os votos perpétuos, ela estará pronta para assumir maiores responsabilidades, inclusive a administração de casas, depois de quatro anos dos votos. “Graças a Deus estou pronta para os votos, recebi o chamado, atendi e agora é seguir os passos de Francisco e Clara”, afirma, deixando um recadinho para as jovens, que por ventura queiram ingressar na vida religiosa:
“- Ingressar na vida religiosa é algo precioso e se alguma jovem sente este desejo, deixa Deus tocar o seu coração. Façam a primeira experiência, o primeiro contato com a congregação, quem sabe a vocação esteja latente no fundo do coração. Hoje, eu penso, por que não fui antes, se a vocação estava dentro de mim. Então, não tenham medo, abram o seu coração”.