A terapeuta, Cely Ribeiro Wagner, veio da Suíça, país onde reside há 13 anos, passar as festas de final de ano na fazenda Santa Maria, onde estão suas origens, trazendo na bagagem um objetivo a mais: reunir com os diretores do Lar São Vicente de Paulo para conhecer a instituição e apresentar aos diretores o projeto que idealizou para beneficiar a entidade. Entrevistada pelo ET, Cely resumiu sua proposta, que no último dia 30 foi apresentada aos diretores do Lar S. Vicente. Conheça os pontos principais do projeto.
Como nasceu a ideia
Em fevereiro de 2017, acompanhei duas voluntárias, Yeda Araújo e Iris Cassiano, que semanalmente visitam a entidade. Tudo que observei no Lar me convidava a auxiliar, pois considero que posso colaborar. Fui conversar com outra voluntária, Maria Crema, que já faz um trabalho bem interessante de animadora (considerei um trabalho de arte terapia) Conversamos, e ela aceitou em dar curso comigo e ensinar a parte que ela já faz acrescida da soma de nossa parceria, mesmo quando eu for embora de Sacramento.
Desde Genebra, onde estou morando atualmente, conversei também com minha sobrinha, Leonina, auxiliar de enfermagem, que se interessou em ajudar a formar um grupo de voluntários. Em março, fiquei com vontade de elaborar um projeto e enviar à diretoria. Conheci também a voluntária Letícia e com esse grupo ficamos em contato o ano de 2017. Trocamos informações e após receber o plano de trabalho enviado pela diretoria do Lar, nasceu minha proposta, divulgada por este jornal, através do jornalista e amigo, Walmor.
Objetivo da proposta
“- Meu objetivo principal é auxiliar a entidade para que receba a contribuição da população de forma contínua, não só através de trabalho voluntários como também através de pequenas doações mensais. Assim de empresários que podem fazer uma doação maior e abater no imposto de renda, para termos os recursos necessários para conseguir um laudo/projeto exigido pelo Corpo de Bombeiros, para buscar recursos da União e do estado. Sei que a população ajuda, mas é preciso que haja continuidade”, justifica, mostrando o resultado que vem das atividades que poderão ser criadas.
“- Depois de uma programação de atividades de pintura, desenhos, ginástica, passeios, ouvir a música escolhida por eles, os idosos apresentam um novo comportamento. O que eu percebo é que a partir dessa programação de atividades, até as histórias contadas por eles mudam. E é esse o meu objetivo, que o Lar se torne mais uma família, que uma queixa das famílias dos idosos.
Projeto já existe em Natal
Na visita que fiz ao Lar S. Vicente, eu encontrei um bom edifício, mas vários tipos de carências e percebi que poderia ajudar, implantando na cidade um projeto semelhante ao existente em Natal (RN), que conheci num passeio que fiz àquela capital e me comprometi a ajudar. Vou lá anualmente e vejo que o Lar foi adquirindo independência e autonomia. Os idosos mudaram sua história de vida, isto é, conforme fomos trabalhando, a história de vida deles foi mudando. Eu nunca havia trabalhado como terapeuta com idosos e agora que sou uma idosa é que percebi isso e que posso ajudar onde eu for, porque viajo para muitos lugares.
E aí, pensei: em Sacramento, a terra de origem da minha família, onde passei meus primeiros anos de vida, tem que ser ajudada. E tenho todo o interesse em ver os idosos bem assistidos e a população envolvida, porque sabemos que as verbas que recebem não são suficientes. Para cuidar de 50 idosos, o gasto é muito grande. E se a população não tiver interesse, só os profissionais não dão conta”, afirma, confirmando que o projeto de Natal pode se aplicar em Sacramento.
“- Tenho certeza de que o projeto de Natal pode ser bem aplicado no Lar S. Vicente,l porque confio na população de Sacramento, que é uma das cidades brasileira que visito e que sinto que oferece uma educação verdadeira, não só aquela de formação profissional, mas sobretudo, para serem pessoas solidárias, desde a infância”.
Não é uma questão de julgar...
A terapeuta diz que não se deve culpar, julgar, nem responsabilizar a família que leva o idoso para o Lar e não volta mais lá. “Quando eu ouço que a família coloca o idoso no Lar e não volta mais, penso que não devemos nem culpar, nem responsabilizar porque não sabemos o que essas famílias passam para sobreviver. E, se não é a família que vem visitar outras pessoas podem visitar, porque têm tempo, têm recursos financeiros. Não precisa ser, obrigatoriamente a família, mas nossa proposta é de aproveitar a família que vai lá.
Em reunião feita com a diretoria e funcionários da entidade, Cely começou a levantar com uma das funcionárias, Isabel Cristina, as famílias que se interessam e frequentam o Lar. “Vou me reunir com eles, formar um grupo, para discutirmos a psicologia do idoso e organizar um rodízio, para que sempre que houver famílias visitando, todos os idosos sejam visitados. E, vou tentar a adoção de idosos por famílias que lhes dê atenção”, observa.
Finalizando, diz Cely que a semente plantada em terra boa nasce viçosa. “Tenho esperança de fazer um bom trabalho junto ao lar, mesmo eu estando na Suíça, porque formo grupos autodirigidos. Vou embora, mas já deixo tudo programado, os interessados podem se inscrever através de e-mails, e quando eu vier trabalhar, formarei grupos vivenciados com o que cada sabe fazer e um responsável por cada grupo”.
De acordo com Cely, a meta é receber a inscrição de interessados a trabalhar pelo lar até 4 de fevereiro. “Garanto que quem se inscrever vai ter uma crescimento, não só pelo trabalho solidário, que realizará, mas também troca na vivência e pelas informações que vou passar de minhas experiências, articulando teorias e práticas de trabalhos que já fiz, sem contar as minhas experiências vividas na Suíça, embora seja bem diferente.
Reunião foi positiva
Cely fez uma avaliação positiva da reunião com os diretores no Lar. “Foi, enfim, uma conversa aberta, sincera, em que mostraram todos os projetos, receitas, despesas e fiquei bem satisfeita e acredito que será uma boa parceria”, afirma e completa:
“- Fui muito recebida. O presidente Jaime Eduardo Araújo é uma pessoa muito simpática, interessada e que mostrou que confia na equipe que tem, mas que tem carências que precisam ser sanadas. Interessante é que na reunião, não houve um momento sequer de competição, mas de complementação, de vontade, mesmo de ver melhorias”, finalizou.
Quem é Cely Menezes
Cely Ribeiro Wagner nasceu em São Sebastião do Paraíso (MG). “Sou a última mineira de meus pais, que deixaram São Sebastião, papai foi para São Paulo, mas no primeiro ano, minha mãe e eu ficamos na fazenda Santa Maria, onde permanecemos um ano, para logo depois nos mudarmos para São Paulo, onde estudei da escola básica à universidade, concluindo Pedagogia. Mas Santa Maria nunca saiu de nossa vida. Todas as férias escolares eram passadas aqui. Em Santa Maria vínhamos para reabastecer nossas energias. Era o que nos dava forças para ficarmos em São Paulo...”
Mas apesar da “ensinança conteudística”, como diz, Cely concluiu a faculdade de Pedagogia e partiu para a formação extra acadêmica, trabalhando com médicos neurologistsa e psicólogos, atendendo crianças que aprendem diferente, isto é, crianças que tem diagnóstico médico com rebaixamento, dislexia, dislalia, enfim, todo tipo de dificuldades...
“- Todo esse trabalho me fez interessar em mais formação e partir para outros cursos de fonoaudiologia, psicologia, psicodrama e me tornei uma Terapeuta Educacional, conheci instituições Brasil a fora até parar na terra de Jean Piaget”, conclui.