O empresário e agropecuarista, Antonio Carlos Batista (Carlinho Batista), figura no país como um dos grandes criadores da raça Simental além de ser o pioneiro no Triângulo e Alto Paranaíba, a terra do Zebu, raça que também cultiva no seu plantel, através do das raças Gir, Nelore e Girolando. Atento ao comércio exterior, o empresário começa a abrir as portas de sua empresa, a Vale Verde Agropecuária localizada na Fazenda Jaguara, a um grupo de criadores de gado da Colômbia, que visitou sua propriedade no último dia 29, acompanhado do pecuarista e zootecnista, Mário Coelho Aguiar Neto, vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Simental & Simbrasil (ABCRSS).
Carlinho trouxe o Simental para sua fazenda há quase 30 anos, tendo que lidar com todas as consequências da adaptação de uma raça acostumada ao clima gelado da Europa. E não desistiu, aliás, valeu a pena, pois hoje colhe os frutos de sua perseverança. “Há 29 anos comecei com o Simental, a segunda maior raça de gado do mundo, que embora de origem europeia, se adapta em qualquer lugar. O Simental é uma raça de dupla aptidão, tanto na produção de carne como na produção de leite”, justifica.
De acordo com o pecuarista, “o choque de sangue é fundamental para produzir um animal precoce para o abate na produção de carne, consumidahoje nos melhores e bons restaurantes. A vantagem maior para os produtores do cruzamento do Simental com o Nelore, proporciona uma antecipação de um ano e meio com o gado no pasto.
“- Além da precocidade na produção da carne, o cruzamento com o gado Nelore melhora muito a produção de leite. Nessa cruza (Simental com Nelore), a que chamamos F1, os criadores das várias raça no Brasil a usam como 'barriga de aluguel' (receptoras) para receber os embriões.. Temos aqui cerca de 100 animais prontos para isso”justificando assim esse contato com os colombianos e esse encontro poderá propiciar bons negócios no futuro.
O Simental, a segunda maior raça bovina do mundo, agora com características brasileiras, tem despertado a curiosidade de todos. “Estamos vencendo as barreiras para começar em breve a exportar. Hoje temos um gado pronto para exportação para países com as mesmas características climáticas que o Brasil.
Segundo Carlinho, os colombianos estão visitando o país depois que brasileiros participaram de um congresso na Colômbia apresentando essa raça, Simental Brasileiro. “Eles estão vindo ao Brasil com o objetivo de conhecer o nosso trabalho para, futuramente, importar nosso gado. Esse interesse pelo Simental Brasileiro é muito bom para o país e para os produtores”, reconhece.
Nós criamos o Simental Brasileiro
O zootecnista Mário Coelho Aguiar Neto, vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Simental & Simbrasil, cuja sede é Cachoeiro de Itapemirim (ES), explica que os criadores sempre importaram genética do mundo inteiro, buscando fazer uma linhagem adaptada ao Brasil.
“- Estamos, há alguns anos, buscando fazer o que chamamos de Simental Brasileiro e outros países começam a se interessar pela nossa linhagem. Eles estão fazendo o que fizemos no passado, importando animais de vários lugares, sem sucesso num modelo produtivo. E vendo hoje nosso trabalho bem sucedido, depois de mais de 20 anos de experiência, um grupo de colombianos vieram conhecer nossa realidade com a raça, evidentemente, para levar para o país deles, que tem as mesmas características climáticas nossas. Isso significa que as portas do Brasil estão se abrindo para a exportação do Simental Brasileiro”, analisou Mário Neto.
De acordo com o zootecnista, é cada vez mais crescente o interesse pelo Simental Brasileiro, sobretudo países da América do Sul e América Central. “Costa Rica, Panamá e outros países têm buscado nossos animais, já adaptados aos trópicos e se houver a necessidade de adaptação, ela será mínima, mas nunca poderão ser levados, por exemplo, para a Alemanha”, ressalta, justificando o negócio. “Esse interesse é muito bom para o país. É mais um produto que temos para vender com um valor agregado muito grande tanto para quem vende como para quem compra”.
Ainda segundo Mário Neto, o grau de cruzamento recomendado é até meio sangue. “Temos que ter uma base zebu, que pode ser o Nelore, Gir ou Guzerá, e usar o Simental até meio sangue. Costumo dizer que o zebu é o pão que a gente come, e é muito bom sozinho. O Simental é a manteiga, que vai dar o complemento. Ninguém come manteiga sozinha e se exceder no pão fica ruim. Assim é o grau de sangue. Então, se o produtor tem uma vacada Gir, Nelore ou Guzerá e cruza com a raça Simental, vai conseguir gerar excelentes bezerros meio sangue. Amadurecemos e vencemos. Conseguimos apurar a raça e o Simental brasileiro hoje é uma realidade. Somos 90 associados inscritos na Associação Brasileira de Criadores da Raça Simental & Simbrasil, concentrados nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins, Bahia, Rio de Janeiro e Goiás”, revela.
A raça bovina Simbrasil é uma raça sintética formada por formada por 5/8 de sangue Simental e 3/8 de sangue de raças zebuinas nacionais como Nelore, Guzerá, Indubrasil, Gir, Tabapuã e Sindi, isto é, o Simbrasil tem base genética composta por animais cruzados entre o melhor do Simental e do Zebu brasileiro.
Segundo dados, o Simbrasil, que reúne a precocidade e produtividade do Simental e a rusticidade do Zebu, caminha para conquistar os trópicos, acrescentando produtividade à pecuária extensiva. Já são mais de 35.000 animais Simbrasil registrados pela Associação Brasileira de Criadores da Raças Simental & Simbrasil e a raça vem mostrando resultados altamente positivos em todos os estados brasileiros, principalmente no Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
Impressão colombiana
Julian Lopes, técnico da Associação Colombiana de Simental, faz uma avaliação positiva da visita à Vale Verde Agropecuária. “Achei muito interessante, porque o Simental é uma raça de clima frio e aqui, esse trabalho de seleção dos animais feito pelo Antonio Carlos para o clima quente, tropical, deu resultado e é muito importante. A Colômbia tem um clima similar. Apesar de Bogotá ser muito fria, temos áreas tropicais como essa de Jaguara” avaliou, confirmando os primeiros negócios.
“- Já temos o Simental no leite e na carne nos climas tropicais, e acredito ser viável a importação do Simental Brasileiro, tanto que já compramos sêmen, filho de uma vaca da Vale Verde Agropecuária . Com esse primeiro passo, vai ser possível firmarmos a negociação, porque estamos buscando animais já adaptados ao meio”, finaliza.