Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Saudades: Morre Jerônimo aos 70

Edição nº 1579 - 14 de Julho de 2017

O empresário e técnico em eletrônica aposentado, Jerônimo Vieira de Melo, morreu aos 70 anos na tarde do último sábado 8, por volta das 16h30, no Hospital São Domingos, em Uberaba, onde havia sido internado há pouco mais de uma hora, em consequência do mal de chagas, doença que veio se agravando nos últimos anos. O seu corpo foi velado por familiares e amigos no Velório Maurício Bonatti e, após as exéquias proferidas por Pe. Eugênio Bizinotto, foi sepultado no Cemitério São Francisco de Assis, na manhã de domingo 

De acordo com a esposa Maria Helena Manzan Vieira, Jerônimo passou mal na sexta-feira. “Ele foi levado para a Santa Casa e recebeu um pronto atendimento dos médicos, Aluísio, Fernando, Rogério, do corpo de enfermagem, todos no maior esmero a noite toda. Sabíamos que era em vão, porque os médicos já haviam descartado melhoras, mas nós o levamos para Uberaba. Dr. Aluísio acompanhou. Ele foi internado, levado para o CTI, mas sofreu uma parada cardíaca e, depois de uma hora internado, teve outra parada e veio a óbito”, conta a esposa, ainda muito emocionada, lembrando seus exemplos. 

  “- Jerônimo foi um exemplo de pai e homem, pois nascido e criado na roça, veio para cidade, fez um curso de eletrotécnica pelo Instituto Universal Brasileiro e com a oficina de TV (Eletrônica 2000) criou sua família e formou seus filhos, sem nunca esquecer suas origens. Como profissional, Jerônimo foi um grande cidadão, uma pessoa que fez a diferença. Trabalhou no Rio de Janeiro montando antena de transmissão de TV, em Curitiba fez curso telefonia rural, montou rádio em Itápolis SP. Foi um dos pioneiros na instalação de TVs e montagem de torres com Ettore Cerchi e foi um grande profissional na arte de conserto de eletrônicos na cidade, profissão que ensinou a muitos.  Foi um dos técnicos que ajudou a montar a Rádio Sacramento e depois trabalhou durante muitos anos na sua manutenção. 

Na Rádio Sacramento, reconhecem os técnicos daquele tempo, que Jerônimo sabia peça por peça, fio por fio que era colocado na rádio. “Os meninos mais velhos na rádio, aqueles primeiros funcionários começaram a trabalhar na rádio por indicação de Jerônimo, que os ensinava a trabalhar com os equipamentos, ainda tudo analógico, nada de computadores... Jerônimo tinha uma cabeça muito boa, era muito inteligente. Uma vez ele montou um aparelho aqui em casa, que captava o sinal de TV. As pessoas ligavam pedindo socorro, porque as TVs estavam sem sinal. Trabalhou muitos anos para a TV Uberaba e em Franca. Fez vários cursos e montou a oficina, Eletrônica 2000, até aposentar-se depois de mais de 30 anos de serviços prestados.  Jerônimo sempre trabalhou e muito lutou e foi se aperfeiçoando na profissão. Embora não tenha recebido nenhuma homenagem, foi muito reconhecido por pessoas importantes da cidade. Enfim, meu Jerônimo foi um orgulho da família. Era uma pessoa simples e humilde, nunca esqueceu suas origens, revela Maria Helena. 

Simpatizante e filiado ao PT, Jerônimo chegou a candidatar-se a vereador, porém não foi eleito, embora tenha sido bem votado. “Jerônimo era político, não só dentro de partido, mas pra todas as horas. Ele corria atrás das coisas na Prefeitura pra ajudar os outros ou para resolver alguma coisa errada. E em casa, ele foi como um filho, irmão, marido, pai e avô, foi exemplo pra tudo”, recorda e esposa, lembrando o apego que Jerônimo tinha à família. 

“- Jerônimo era muito família. Quando jovem teve um apego muito grande com os pais, José Luiz Vieira e Alódia Alves de Melo. Quando nos conhecemos, nos tornamos amigos, depois começamos a namorar e o namoro se estendeu por bastante tempo. Nós nos casamos há 41 anos e nossa convivência foi maravilhosa. Era um marido amigo, aprendi muito com ele. Jerônimo era uma pessoa de perdão, não levava nada a mal. Tinha um grande coração. Um pai amoroso. Era um pai-irmão com nossos filhos, pescavam junto, torcedor fanático do Santos, assistiam futebol juntos, bebiam a cervejinha juntos. Pegava o carro de madrugada e ia buscar os filhos que ligavam depois dos bailes. Tudo para o Jerônimo era festa... Acho que até mesmo a doença, pois quem tem o mal de chagas morre geralmente bem mais jovem. Na sua calma evangélica, sua serenidade ao falar, voz baixa, aliás, ele não gostava de voz alta  perto dele.  Às vezes, os meninos falavam com a voz meio alterada e ele logo falava: 'Não é assim'. Ele nunca alterou a voz, quando tinha que chamar a atenção, ele sentava e conversava. Eu às vezes ficava até brava, querendo que ele desse bronca, mas ele não mudava...” 

Segundo ainda a esposa, Jerônimo só se aposentou e afastou do trabalho por ordens médicas e a partir de então passou a se dedicar ao sítio. “Todos os dias ele ia tratar das criações, fica ali com o vaqueiro e o caseiro que pra ele eram filhos também. Se preocupava com as crianças e trazia o leite fresquinho, levava as crianças na escola...”

Jerônimo deixa a esposa Maria Helena, os filhos Betânia (Reginaldo), Taciana (Alexandre), Jerônimo Jr - Bill (Tatiane) e Guilherme, além de uma filha do coração, Renata, e cinco netos. Ficam o legado e a saudade!