Uma multidão acorreu ao Velório Municipal Maurício Bonatti, mas diante da quantidade de pessoas presentes, por iniciativa da família, foi realizado ao ar livre na praça Ângela Berlatto, em frente ao Cemitério, e, sob uma comoção geral de familiares e amigos, às 10h30, após as orações fúnebres, seguiram com os corpos em urna lacrada para o sepultamento.
De acordo com notícias do Mantena News, o acidente aconteceu por volta das 9h da manhã em um trecho de aclive, uma reta cercada por grota de um lado e barranco de pedra de outro. Segundo a Polícia Militar, o veículo Celta em que viajavam as famílias teria invadido a contramão e batido de frente contra uma carreta de alimentos. O motorista da carreta não conseguiu desviar, e teria freado, mas devido ao impacto, presumivelmente, a barra de direção tenha quebrado, deixando o caminhão desgovernado. Por conta da pancada forte, arrastou o Celta na sua contramão prensando-o contra um paredão de pedra. Todos morreram no local. O motorista da carreta, Luiz de Moura, 49 anos, não sofreu ferimentos.
A BR 381 é conhecida como a 'rodovia da morte', mas de acordo com o subtenente da Polícia Militar, Antônio Carlos Gomes, a rodovia é considerada tranquila e esse tipo de acidente não é comum. “Essa é uma rodovia sinalizada, tanto vertical como horizontalmente. Não é frequente esse tipo de acidente. O que pode ter acontecido é que o motorista do Celta possa ter passado mal ou dormido na direção”, presumiu. O resgate dos corpos e a retirada dos veículos foram realizados por nove militares do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, e da Polícia Rodoviária, além de uma empresa de guincho.
Os corpos foram levados para o IML de Governador Valadares (MG) e só liberados às 5h35 da tarde do dia seguinte.
A agonia da espera
A angústia tomou conta de familiares e amigos e a expectativa do traslado dos corpos para Sacramento tomou conta de todos, numa angustiante espera. Conforme os familiares, de Sacramento seguiram para Governador Valadares, um veículo cedido pela prefeitura levando três parentes, Fabiano, Toninho, pai de Fabíola, e Romário, irmão de Djalma e Romerito, além de um carro funerário da Bosquetti, que lá contratou uma Van própria para trazer os corpos, conforme explica Fernanda Maria Oliveira, da Funerária Bosquetti.
“- Foi melhor assim, enviar apenas um carro e contratar um maior lá. Nosso carro trouxe uma urna e outro trouxe as outras quatro”, explica, esclarecendo, sobretudo às pessoas que ficaram indignadas com a demora do traslado. “Nossos carros chegaram ao local de manhã, os parentes foram até Mantena regularizar os papeis, porque o acidente aconteceu naquele município, porém os corpos foram levados para o IML de Governador Valadares. Eram 10h e não tinham iniciado a necropsia e só foram liberar os corpos às 17h35. Essas coisas são muito demoradas”, justificou.
Como havia passado mais de 24h desde o momento do acidente, os corpos foram colocados em urnas lacradas e chegaram em Sacramento às 5h da manhã, porém sem a preparação dos corpos. “O IML simplesmente coloca os corpos nas urnas. Pensamos em prepará-los em Belo Horizonte, mas iria atrasar muito mais, por isso optamos por fazer essa preparação em Sacramento, o que foi feito logo que chegaram. Mas eram cinco corpos e temos procedimentos a serem seguidos. Fizemos o melhor possível do que poderia ser feito e liberamos a tempo de serem velados um pouco, porque o sepultamento estava marcado para as 10h”, explica Fernanda, lamentando a dor das famílias.
A dor da perda dos familiares
A dor e sofrimento são indescritíveis. A família de Romerito e Djalma veio do Espírito Santo para o último adeus. Durante a visita do ET, a mãe, dona Valdeci 61, que veio a Sacramento pela primeira vez e não retornou com a família, embora traspassada de dor pela perda de dois filhos, dois netos e uma nora, mostrou-se uma mulher de grande fé. Suely, esposa de Djalma, que mora em Sacramento há 19 anos e mãe do jovem Gabriel, do Projeto Heróis do Futuro, da Sak´s, busca força no apoio da família, vizinhos e conhecidos que estão sempre ao seu lado.
Para Maria Lúcia da Silva, Lucinha Caiana 57, mãe de Fabíola, disse que estava inconsolável, mas guardava a fé em Deus, para encontrar forças diante de tanta dor. “Mãe não tem que enterrar filho. Dói demais e eu perdi filha neto e genro. É uma dor que só quem já sentiu sabe o que é. E foram três dias de sofrimento, de incerteza, de espera. Encontro forças em Deus para suportar tudo”, disse.
De acordo com Lucinha, Fabíola e Romerito estavam casados há dez anos e o filho era o xodó de todos. “No começo da gravidez, Fabíola e Romerito foram lá de moto até Mantena, onde ora sua mãe. Quase morri de preocupação. E agora foram levar o Artur pra avó conhecer...”.
Cheia de força, Lucinha, em nome das duas famílias, agradece a Prefeitura, Laticínios Sacal onde Romerito trabalhava, à Sak´s e padarias da cidade, por todo apoio e ajuda dados em tão difíceis momentos. E, sobretudo, a solidariedade de todos. “Numa situação dessas, a gente perde o norte, fica sem chão e a gente não sabe o que faz. Não fosse a ajuda e a presença de tanta gente... Em Sacramento todo mundo se conhece e todo mundo sofre a dor com a gente. Deus abençoe a todos. Deus pague a todos pelo que fizeram por nós”, agradeceu.
Para Terezinha da Silva Souza 74, a mais velha da família Caiana, foi um momento de muita dor. “É uma coisa difícil de aceitar, de entender, mas estamos rezando muito, pedindo força em Deus, para que todos nós nos recuperemos. Deus está no nosso meio e vamos superar, esquecer nunca, mas vamos vencer essa dor”, disse, cheia de fé.