Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Em 200 anos, cidade ganha sua primeira motorista de ônibus circular

Edição nº 1573 - 02 de Junho de 2017

A diarista Vera Lúcia de Fátima Teixeira de Meirelles (Verinha) 34 entra para a quase bicentenária história de Sacramento e 100 anos depois da invenção do carro, como a primeira mulher motorista de ônibus na cidade. Verinha iniciou a atividade na empresa Maramar, no último dia 24 de maio, dirigindo um dos ônibus da empresa que faz a linha B. 

Sacramentana, filha de Jorcely Rita Teixeira e Maria de Fátima Figueiredo, a motorista Verinha revela ao ET como nasceu a vontade e o gosto de dirigir veículos de grande porte. 

“- Há 12 anos sou motorista de carros, motos, enfim veículos pequenos, mas apesar de vivermos num mundo tão machista, em que pensam que só homens podem dirigir certos veículos, as coisas mudam. Mulher é capaz e com a força do querer, pode. E foi o que aconteceu comigo. Quando descobri que eu poderia estar num ônibus circular, fui atrás”, relata, informando que a preparação começou há seis meses. 

“- Em novembro do ano passado botei na cabeça que iria tirar a carteira D e comecei a me preparar para mudar de categoria.  Ingressei na Autoescola Santo Antônio, por dois meses. Fiz as aulas todas e passei de primeira. Com a Carteira D nas mãos, fui para a qualificação obrigatória, em Uberaba nos cursos no Sest Senat, de Transporte de Passageiros e de Transporte Escolar”, informa. 

De acordo com Verinha, a diferença ao dirigir um ônibus é muito grande em relação a um veículo de pequeno e médio porte, mas nada a assustou. “É tudo diferente, aliás, o primeiro passo é a gente se adaptar ao tamanho do veículo, o espaço que ele ocupa nas ruas, ao fazer qualquer conversão por exemplo, aliando a esse cuidado, uma atenção total; a atenção com os passageiros,  que são pessoas que estão ali sob minha responsabilidade. A atenção é tudo para eles”, explica mais.

 Hoje, já realizada, Verinha conta que para chegar a dirigir um coletivo não bastou só a sua vontade e esforço, mas recebeu apoios que a ajudaram a enfrentar tudo, a começar da família. “A ideia surgiu do meu pai, que já tem um filho que foi motorista da Maramar. Um dia ele me disse: 'Verinha, esse serviço é muito bom, vai dirigir ônibus'. A sugestão dele borbulhou dentro de mim, porque eu tinha vontade, mas onde? Quem iria me dar oportunidade? Por que todo mundo quer motorista com experiência. Eu trabalhava como diarista, um dia cheguei em casa e revelei ao meu marido, André Meirelles, o Mirandinha, que iria trocar minha carteira e ele aprovou. Foi o apoio que eu precisava. Fui e consegui, com o incentivo de meus familiares e amigos...”

 

Em fase de experiência, Verinha tem supervisor

Totalmente qualificada, Verinha, conforme afirmou na entrevista, foi com a 'cara e a coragem', procurar a Maramar. “Peguei o currículo e fui à empresa com a maior cara dura e pedi uma oportunidade. Eles não me rejeitaram hora nenhuma. Fui muito bem atendida pelos donos da empresa, o Mário Lúcio e Marcondes, e também pelo Donizete, além dos dois instrutores, Marcelo, da autoescola; e Marquinhos, da Maramar. Me disseram que, na primeira oportunidade, me chamariam. E aí eu pensei, 'ninguém me segura'”, conta, destacando como enfrentou o primeiro desafio ao ser convidada pela empresa para um teste.

 “- E de fato, eles me chamaram e botaram na minha mão o ônibus reserva da empresa, o chamado 'Giboião', porque ele é muito comprido, o maior veículo da empresa, e graças a Deus foi tudo tranquilo. Foram três horas de teste com o Donizete me acompanhando, orientando nas equinas, com atenção total com os passageiros e no trânsito, que  tem todo tipo de veículo trafegando, moto carro, caminhão, tem gato, cachorro e pedestre. A atenção deve ser redobrada”, afirma otimista e feliz. “Graças a Deus consegui e estou feliz!”. 

O treinamento com acompanhante vai durar 90 dias pra eu sair sozinha, porque são sete horas de direção por dia”, afirma, finalizando: “Minha alegria é imensa. Eu pensava que seria bom, mas não tanto, e tudo vale a pena. Estou preparada para tudo, inclusive críticas, porque vão ter, isso faz parte da vida. Para mim, é uma honra e uma emoção muito grande ser a pioneira e poder abrir a porta para quem mais tiver essa vontade. E quero dar o melhor de mim, dedicar-me de corpo e alma”, frisou.

 

A aceitação dos passageiros

Outro aspecto gratificante para Verinha é o carinho e a atenção das pessoas. “Os usuários me acolheram muito bem, melhor do que eu imaginava. A aceitação foi muito boa. O carinho e atenção dos passageiros está sendo gratificante.  É novidade, muita gente achou interessante essa mudança, mas claro que, para alguns, ainda existe aquela resistência: 'mulher no volante?'. Mas eu sempre procuro passar para todos a sensação de segurança”.