O fazendeiro aposentado, Oswaldo Borges de Araujo 91 morreu dia 13 último, no Hospital Universitário Mário Palmério, onde se encontrava internado há vários dias. Seu corpo foi trasladado pra Sacramento e sepultado às 9h do dia seguinte, no Cemitério São Francisco de Assis, após exéquias proferidas pelo pároco, Pe. Jaime Ribeiro. No velório 'Mauricio Bonatti' a presença de familiares e inúmeros amigos, conhecidos e autoridades, em reconhecimento ao legado que deixa na história de Sacramento e diversas instituições como a CIJU, Sociedade São Vicente de Paulo, Santa Casa e Sindicato Rural. Oswaldo deixa a esposa, a companheira de todas as horas, por mais de 70 anos, Antonia Borges, que juntos criaram 12 filhos: Jaime (Lílian), Joana (Luiz Magnabosco, de saudosa memória), Doraci (Geraldo), João Jarnaldo (Ana), Maria Deise (Nialdo), Maria José (Manoel), Maria das Dores (José Celso), Marta (Sílvio), Beatriz (Nelson, in memoriam), Inez (Tomás), Isabel Cristina ((Joel) e Carlos Eduardo (Cida), que lhes deram mais duas gerações de netos e bisnetos.
Um verdadeiro filho de São Vicente de Paulo
De origem rural, o fazendeiro Oswaldo nasceu na fazenda Montoada, no município de Sacramento, em 1925. Com um ano e cinco meses perdeu a mãe e passou a morar com uma tia até os quatro anos, quando voltou ao lar paterno, onde permaneceu até os 20 anos. Em 1945 casou-se com Antônia Borges e mudou-se com a esposa para a fazenda Palmeiras.
Ali foi o início de uma vida a dois e de muito trabalho. Com toda aquela juventude, juntou as próprias economias e pôs-se à luta, negociando porcos e gado. Durante sete anos, juntou dinheiro suficiente para comprar a fazenda Veados, para onde se mudou com a esposa e os três primeiros filhos, Jaime, Joana e Doraci. E graças à sua habilidade nos negócios, ali prosperou e viveu mais sete anos, até que decidiu mudar-se para a cidade, trazendo já uma leva de filhos para os estudos. Católico fervoroso, irmão do Santíssimo, engajou-se nas obras sociais ligadas à Paróquia e às lides rurais, onde prosperou economicamente graças ao incessante trabalho agropecuário.
Sua solidariedade e trabalho ficaram marcados como presidente da CIJU (Casa Infanto Juvenil São Vicente de Paulo) por sete anos; vice-presidente e depois tesoureiro da Santa Casa por dez anos; presidente da Sociedade São Vicente de Paulo e Dispensário dos Pobres e, participação efetiva no Lar São Vicente de Paulo (Asilo), além do serviço voluntário a essas instituições. Seu Oswaldo teve ainda participação ativa no Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento, desde a sua fundação e atuou como tesoureiro da entidade.
'Que no paraíso os anjos o recebam...
O ex-prefeito e amigo da família José Alberto Bernardes Borges deixou, no velório, uma bonita mensagem de reconhecimento a Oswaldo Borges de Araújo, pelos relevantes serviços prestados à comunidade, através de seu voluntariado.
“Filhos, filhas, netos, bisnetos, nós estamos aqui fazendo memória de um grande homem que passou pela vida e viveu. Deixou pegadas profundas, porque ele serviu o próximo, foi um homem que durante sua vida, viveu para servir, cumprindo a máxim: 'Quem não vive para servir, não serve para vivver'. E assim deixou sua marca de trabalho em vários setores de nossa sociedade. Ele participou ativamente da vida comunitária.
É o que nós precisamos, amigos e amigas, de homens como Oswaldo. Fui colega dele como fiscal da Santa Casa. Vicentino, Irmão do Santíssimo, grande empresário rural. Homem sábio, porque a sabedoria está em saber conduzir. E outra coisa importante do sábio, é ser humilde. Nunca se exaltar. E ele sabia como chegar às pessoas, com uma simplicidade ferrenha, a exemplo de Cristo, que, quando veio à terra, Ele não esnobou riqueza, nasceu numa manjedoura e morreu numa cruz. E Oswaldo como cristão, assim como todos nós, temos que ter essa responsabilidade, nunca nos esquivarmos, quando chamados a viver e a servir ao nosso próximo. E ele soube isso e deixa-nos o legado.
A morte é uma transformação. Aqueles que têm fé, aqueles que têm o ensinamento de Cristo sabem muito bem que a vida não termina por aqui. Desde que nós somos concebidos no ventre materno, já iniciamos a nossa contagem regressiva para chegarmos à Luz. E para chegarmos à Luz Eterna, é necessário que cumpramos com os mandamentos que o Cristo nos deixou. E qual o maior mandamento? 'Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos'. E Oswaldo fez isso. Ele serviu, não ficou no comodismo egocentrista.
Nós precisamos de pessoas como Oswaldo, para ajudar a sociedade a caminhar. Isso é importante. Isso é cumprir na íntegra, aquilo que o Cristo diz: amar. Só o homem que ama é capaz de ter esperança na vida eterna.
Dizia o grande poeta Guilherme de Almeida que 'a vida é um relâmpago ao pé da eternidade'. E é verdade. Tomos nós sabemos que somos corpo e espírito. E quando adultos, numa idade mais avançada, também sabemos que é o espírito que fala mais alto, a carcaça jaz. E nesse momento a fé nos mostra algo, nós podemos sentir que algo novo está dentro de nós. E quando amamos crescemos muito mais.
Não podemos ter medo da morte, amigos e amigas. Ela é a coisa mais certa. Assim, nós, cumprindo a nossa missão na terra, já ganhamos o céu. Não precisamos fazer grandes coisas. Deus nos chamou a isso, a uma missão, mesmo que simples, vamos cumpri-la. Deus não quer heróis, mas homens que façam a sua vontade, conforme rezamos nesta linda oração que Ele mesmo nos ensinou: “Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu”.
Então, não podemos nos rebelar contra a vontade de Deus, quando as dificuldades existirem. A morte é dolorosa, mas se pensarmos bem, é uma transformação, porque no final, nós vamos ressuscitar, conforme também oramos na oração do Credo '...nós cremos na ressurreição da carne e na vida eterna, amém.'
Seu Oswaldo, uma palavra da liturgia das exéquias: 'Que no paraíso os anjos o recebam'. Vá em paz!”