Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Aos 85 morre Carabina

Edição nº 1602 - 22 de Dezembro de 2017

O alfaiate e músico, Antonino dos Santos, o Carabina, morreu na Santa Casa de Sacramento, no dia 11 de dezembro, aos 85 anos, vítima de insuficiência cardíaca. 

Antonino, aliás, o Carabina, porque ninguém o conhecia pelo nome de Batismo, foi uma grande e despojada alma. Conta a irmã, Purunga, que ele ganhou o apelido ainda adolescente. “Aprendiz de alfaiate, o primeiro terno que fez foi para ele mesmo. Vaidoso que era copiou o último modelo, calça coladinha ao corpo, hoje conhecida como slim. E não é que quando chegou ao baile, os amigos logo caçoaram: 'Cê tá parecendo uma capa de carabina'. Ele ficou muito bravo e foi aí que o apelido pegou mesmo”, recorda a irmã.

Purunga diz que sua família não foi de estudar muito, não. “A mãe dizia, olha, quem quiser ir pra escola vai apender um ofício. Quem mais estudou fui eu, mesmo assim só até a 7ª série. Então, cada filho tem uma profissão. E o Carabina foi aprender a costurar com o alfaiate Hilmo. Depois passou para o Seu Ângelo e, já profissional, foi trabalhar na alfaiataria do Sussu, e ali ficou até sua morte, quando abriu sua própria alfaiataria. 

De acordo com Purunga, Carabina só fazia ternos e costurou pra muita gente de Sacramento e de fora. Foram muitos ternos, vestiu muitos noivos. E como todo bom costureiro, nunca gostou de reformas. E ele tinha um diferencial: como ele gostava de andar na moda, estava sempre estudando se atualizando. Recentemente, ele viu numa revista que veio de São Paulo, os sobretudos que estão usando. Disse que iria fazer um, acabou fazendo dois, um deles  para um rapaz do  Rio Grande do Sul”, recorda, emocionada, lembrando de outra paixão do irmão, a música.   

“- Carabina adorava música. Aprendeu música com o mastro Lange (Langerton), um oficial da reserva que veio de Uberaba e abriu uma escola de música na cidade. “Carabina já era casado e aprendeu a tocar saxofone, mas antes, ele já era baterista em conjuntos musicais. Ele criou a Banda Líder, com Zizico, Caetano e Cabeleira. Mais tarde, criou Carabina e sua Banda, com os músicos Macalé no piston; Curtume no trombone; Cachimbeiro e Sebastião Caiana na percussão; Walminor nos pratos e os cantores, Zizico, Agenorzinho Inácio e Mirandinha. Carabina e sua Banda animou muitos carnavais no Sacramento Clube e na região, até os anos 90, quando acabaram com os carnavais em salão.

Ainda segundo a irmã, Purunga, Carabina já havido sofrido dois infartos e o coração não estava muito bom, houve complicações na vesícula e, devido à fragilidade cardíaca não poderia  operar. 

“- Na verdade, o Carabina vinha há algum tempo com a saúde fragilizada, mas agravou mais depois da morte repentina, de sua filha, Ana Maria. Foi um baque pra todo mundo, mas parece que pra ele foi pior. Carabina gostava de música, todas as tardes tocava saxofone, mas depois da morte da filha nunca mais tocou, nem assobiou, era muito brincalhão, alegre e, de repente, entristeceu-se. No dia 9 de dezembro completaram três anos da morte da filha, dois dias depois ele se foi”, conta. 

Filho do famoso boiadeiro, Waldemar (Buta) e Cândida, Carabina deixa a esposa Luzia, companheira de 63 anos de união, e três filhos, Ana Maria e Antônio Marcos – Kit (falecidos) e Francisco de Assis, sete netos e quatro bisnetos, um grande número de amigos e um legado ímpar.