Gaspar Adão (foto) morreu na tarde do domingo 16, quando pescava na ponte velha de Jaguara, após sentir-se mal e cair no rio. Retirado pelos amigos imediatamente, morreu logo depois. Velado pelos familiares e um grande número de amigos, após as exéquias proferidas por Pe. Vanildo Massaro, foi sepultado na segunda-feira 17, às 20h. Com base nos relatos de Jerônima de Oliveira, Gaspar morreu como viveu, fazendo o que gostava e serenamente.
“- Pescaria era uma das paixões dele e uma das poucas coisas que ele fazia devido às limitações da doença. Naquele dia ele foi com pescar com três amigos, que contam que ele passou mal e caiu no rio, mas foi socorrido logo. Não morreu afogado, morreu depois, mas tiveram que levar para o IML, por isso foi sepultado às 20h. Coisas da vida”, relata Jerônima, lembrando também o depoimento de um sobrinho de Adão. “Ele sempre dizia, já não posso comer, já posso mais nada, o que gosto de fazer é pescar e se tiver de morrer pescando, morro feliz. E assim foi ”.
Jerônima de Oliveira não tem parentesco com Gaspar, mas o considera parente por afinidade, pelos longos anos de convivência desde criança e depois no bairro Perpétuo Socorro, onde ele sempre morou e ajudou a escrever a história do bairro.
“- Somos como se fôssemos família, porque fomos criados juntos, crescemos juntos. Ele era filho do Francisco José Adão e da Maria Augusta de Jesus, que trabalhou muitos anos no Hotel do Comércio. Morávamos na fazenda do Eduardo de Mello e Gaspar que tinha uns dez anos e os irmão moravam com a mãe, porque o pai os tinha abandonado. Quando mudaram para a cidade, a mãe dele foi trabalhar no hotel do Comércio e ele, Gaspar, foi para o armazém do Armando Vicentini. Depois de alguns anos, já rapazinho, foi para a Pinusplan. De lá foi para a Marmoraria João XXIII, onde trabalhou até adoecer e aí teve de se afastar. Sempre foi muito trabalhador”, relata.
Para Jerônima, o maior legado de Gaspar foi o trabalho em prol da comunidade e sua atuação religiosa na Paróquia de Na. Sra. do Perpétuo Socorro. “Desde que se mudaram pra cidade, fincaram pé, aqui no Perpétuo Socorro, onde sempre viveu e ajudou a escrever a história do nosso bairro. Ele foi um esteio, desde a construção da Igreja. Dava catequese, foi da Pastoral do Batismo, ministro da Eucaristia por muitos anos e voluntário do Cerea. Era atuante nas festas e nas necessidades da comunidade. E, uma coisa muito marcante que tenho na memória era participação da família nas celebrações, reuniões, encontros. Independente do tempo que durassem, lá estavam eles, com as crianças ao colo e o mais velho do lado, as vezes até dormindo, encostado neles dormindo e eles rezando.
Outra coisa rara de se ver, unida a família lia e refletia a Bíblia diariamente. Eu gostava de passar perto da casa deles pra ficar ouvindo. Gaspar era um homem da oração e de trabalho na Igreja que só deixou nos últimos cinco anos, após a doença. Muitas vezes, não tinha condições sequer de ir às missas dominicais e novenas como ele gostava”, conta Jerônima, finalizando:
“- Gaspar foi um esteio, uma coluna muito forte na paróquia e na nossa comunidade do Perpétuo Socorro. Uma pessoa muito boa de convivência, muito caladinho, mas muito ativo, estava sempre em ação”, elogia a amiga.
Gaspar, além de problemas cardíacos, tinha uma estenose (estreitamento) no esôfago e, se alimentava por sonda, o que limitava muito suas atividades.
Gaspar deixa a esposa Geralda, três filhos: Adriano, Adriana e Cristiane, genros, nora, quatro netos e o quinto a caminho.