Água Comprida é um município novo, criado em1953, com uma pequena população estimada em 2.601 habitantes. Rodado com recursos do município, o filme, ‘A Cidade e as Flores’, nasceu de um concurso de redação promovido nas escolas municipais e estaduais do município com o tema, ‘Minha cidade pode virar um filme’.
De acordo com o regulamento do concurso, os participantes deveriam focar nas histórias de Água Comprida e de personagens do município. A participação foi unânime, em especial da classe estudantil, com cerca de 700 alunos participando do concurso.
De acordo com o diretor do filme, Mário Assunção, a escolha das redações contou com a ajuda de professores da cidade que se envolveram no projeto. Quatro textos foram selecionados pelos julgadores para servir de base do roteiro, que foi escrito pelo próprio Mário e pelo jornalista Airton de Souza, também membro da Urukubaka Filmes.
“- O filme conta a história de personagens da cidade das décadas de 60 e 70, algumas figuras históricas reais que se tornaram personagens do longa”, explicou Assunção à imprensa uberabense, em meados de 2016. Ainda de acordo com o diretor, “o roteiro percorre cinco histórias que se relacionam para contar a fundação de Água Comprida e seus heróis anônimos. Para mim é uma honra dirigir um projeto tão grandioso, o primeiro longa-metragem épico da nossa região”, avaliou.
Os atores, segundo Assunção, foram selecionados na cidade, entre alunos e moradores. A maioria do elenco é da própria cidade e outros convidados como a dupla sacramentana, Arnaldo e Isabela e o protagonista, Mário Cortês, com quem Isabela contracena no amor proibido da trama, de Uberlândia.
Isabela e o convite de Mário Assunção
Isabela Santana é artista nata, ainda criança já acompanhava o pai, Arnaldo Santana nas cantorias e nos shows humorísticos, no papel de Mariazinha, filha do Zeca e, tão logo teve oportunidade, tratou de aperfeiçoar-se na arte. Isabela ingressou no curso com Dadá Rodrigues, criador da Cia Cênica de Sacramento, durante cinco anos.
“- Mário Assunção é casado com minha madrinha e assistiu a uma peça que fiz com Dadá e me convidou e aí surgiu a oportunidade de meu pai também participar”, explica Isabela que é uma das protagonistas do filme. “A Maria passa por três fases, de menina-moça até a fase adulta, já mais velha. E como ele conhecia o trabalho de meu pai, convidou-o para fazer um coronel e a mim para interpretar Maria”.
Resumindo a trama, Isabela revela que é filha de um coronel do município, que se apaixona por Mário, um funcionário da fazenda. “Maria foge de casa por causa desse funcionário... E para por aí... “O final só vamos ver na estreia. Nem eu sei se tem um happy end... Gravamos e pronto e um ator não vê as cenas de outro. Ou seja, não vi as cenas de meu pai e ele não viu as minhas”, revela.
Já o veterano Arnaldo explica que no início ficou apreensivo, mas tudo deu certo. “É completamente diferente do teatro, a gente repete uma mesma cena várias vezes, o dia todo de filmagens. Eram muitos textos, mas não tive dificuldade para decorar, até porque a linguagem é muito popular, aquele estilo bem típico do ‘interiorzão’”, diz.
Falando sobre o seu personagem, Arnaldo explica que “não era um personagem cômico, mas um coronel sério, sisudo, que tem um boi de estimação, que acaba morto e... Mas ele não é uma pessoa ruim, ele tem um bom coração”, conta, um pouquinho, fazendo segredo do restante.
E claro, ambos receberam cachê. Mas Isabela e Arnaldo confessam que fariam tudo gratuitamente. “Faria tudo por amor à arte, sem ganhar nada”, afirma Isabela, e o pai completa: “Toda vida gostei de representar, é uma coisa que está dentro de mim e fui sem me preocupar se iria ganhar alguma coisa ou não, foi uma experiência única e estou pronto pra outra”.
Falando sobre a diferença entre o palco e as câmeras, Isabela destaca que é muito grande. “No palco a gente tem a plateia, a apresentação acontece depois de ensaios e ensaios, então a emoção é construída. Já no cinema, de frente das câmaras e sem público a gente tem que arrancar a emoção de dentro, a gente tira a emoção do nada, talvez por isso tenhamos que gravar a mesma cena inúmeras vezes e em vários ângulos”, explica.
De acordo com os atores sacramentanos, as filmagens encerraram-se em outubro e a estreia está prevista para os próximos meses. Primeiramente, um lançamento para os atores em Água Comprida, depois para os moradores e só depois o filme percorrerá os cinemas da região e Brasil, podendo ainda participar de festivais e concursos de cinema.
Independe de sucesso ou não - tomara que venham boas críticas - para ambos valeu a pena. “Como valeu! Principalmente por estar envolvida com pessoas muito competentes. Cada cena pronta era uma emoção para mim. E agora é esperar o lançamento e convites futuros, porque o diretor, Mário Assunção, me disse: ‘Você agora faz parte do elenco da Urukubaka Filmes’. Tomara que venham outros”, finaliza Isabela, e Arnaldo completa orgulhoso: “Fico muito feliz para a Isabela e pela minha participação. Nunca imaginei uma oportunidade dessas na minha vida”.