Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Saudades ...

Edição nº 1487 - 16 de Outubro de 2015

O final de semana foi de perdas para as famílias sacramentanos. Além de Lúcia Marta Gomes dos Santos Gomide, no sábado 10, em acidente na BR 262, próximo a Uberaba, a cidade se condoeu também com o passamento, na sexta-feira 9 da querida Rosa Recidive Borges e o presidente do S. Geraldo FC, João Pintei; no domingo 11, Belchior Adão e, na segunda-feira 12, o comerciante Barsanulfo Gonçalves Cintra. Pessoas que marcam as nossas vidas e que para sempre estarão 

guardadas nas lembranças, porque  a amizade, o amor vão além da vida...

* Rosa Recidive Borges morreu na  tarde da sexta-feira 9, aos 92 anos, e foi sepultada no sábado às 10h30, rodeada de familiares, os filhos Élcio (Dulcina), Hélio (Vera), Edson (Regina), Nilza (Mário, de saudosas memórias) e Nilda (José Cassimiro), netos e bisnetos e, muitos amigos e conhecidos, que conquistou ao  longo de tão longa vida.

Nascida na região de Toscana, em Castiglione Di Garfagnana,  província de Lucca, na Itália, a bambina Rosa, filha de Adamo Recidivi e de Chiara Pioli, chegou ao Brasil, em 1922, com  apenas dois anos, junto com  os irmãos Aladino e Domenico, e fincaram pé em Sacramento, onde já viviam as irmãs Maria Recidive, (Ostilio Cerchi) e Stelina (Generoso Lenza). 

Aqui, Rosa se casou com Manuel Nunes Borges (Manuel Barbeiro), que durante longos anos exerceu a profissão em um salão no Hotel do Comércio e juntos criaram os filhos. Ela, nas lides de casa, na costura, crochet, bordados, além de uma quitandeira e doceira de primeira. Farturenta, lembra o filho Hélcio, que nenhuma pessoa saía de sua casa sem um pão, uma rosca, uma quitanda debaixo do braço. “Mamãe foi sempre assim, dadivosa com todos”.

De acordo com os filhos, Rosa, como uma autêntica 'mamma', gostava de reunir familiares para fartas refeições com massas italianas: polenta caciata, tortelli, inhoque, risoto, farinata... “Ela demonstrava com orgulho suas habilidades culinárias, na confecção de pratos italianos, massas caseiras e seu maior contentamento era ver todos comendo tudo que fazia. Ela sempre preservou alguns traços da sua origem italiana. Outra grande característica de mamãe é que ela tratava todos com consideração e sempre cultivou o bom relacionamento com os parentes, vizinhos... E, apesar da idade conservou sua agilidade mental, tinha muito boa memória, sempre interessada em saber da família e dos amigos”, recorda mais o filho.

Agora, resta à família e aos amigos, lembrar com saudade as qualidades e exemplos de Rosa transmitidos a toda a sua descendência. 

 

* João de Oliveira, mas conhecido como João Pintei 76 morreu às 23h30, do sábado 9, no  Hospital de Clínicas de Uberaba onde estava internado há mais de 20 dias. João Pintei foi sepultado no sábado 10, às 13h e deixa a esposa João deixa a esposa Hilda Alves Chaves,   seis filhos e 14 netos. 

De acordo com o irmão, Belchior de Oliveira (Chó), João era chagásico e há cerca de dois anos e meio colocou marcapasso, mas sempre apresentava problemas. “João sempre passava mal, mas mesmo assim ia para o futebol. No começo de setembro, ele ficou uma semana internado aqui, aguardando vaga em Uberaba e lá, ficou uns 20 dias...”. 

João Pintei foi uma referência no esporte local, como atleta jogando no 13 de Maio,  Clube Atlético Sacramentano (CAS) e no time da Pinusplan. E foi  um dos fundadores e o  técnico do São Geraldo Futebol Clube e sempre um grande incentivador do esporte.

“- Por incrível que pareça, o João quando jogava era muito nervoso, gostava de brigar, mas ao trabalhar com a garotada de 14, 15 anos revelou-se uma pessoa dócil e amiga de todos os adolescentes. E sempre ali no São Geraldo. Ele formou atletas muito bons de bola, ganhou muitos troféus”.

Recorda mais Chó, que seu irmão tinha quatro paixões: os filhos, o São Geraldo, o Clube Atlético Mineiro  e os netos, que sempre levava para o campo, principalmente os dois talentosos no futebol, Guilherme e Igor, pra jogar no São Geraldo.  Para o João, o  São Geraldo era dele, mesmo quando havia outra pessoa, ele estava sempre no comando, até que não pôde mais. Seu corpo foi coberto com os uniformes do São Geraldo e do Galo, o seu time do coração...”.  

Agora, segundo a filha Quitéria, o time ficará a cargo de Igor. “Papai  entregou o time do São Geraldo para o neto,  Igor, e pediu pra tomar conta do time, entregou-lhe os uniformes completos e meu filho vai fazer a vontade dele”, disse.

 

   Belchior Adão 62 morreu às 16h do domingo 11, no Hospital de Clínicas de Uberaba, após submeter-se a uma cirurgia para a retirada de um tumor no esôfago. De acordo com a filha, Ana Aparecida Adão, o pai já havia se submetido a três cirurgias. “Foram três cirurgias, duas em Uberaba e uma aqui. Mas, há alguns meses papai vinha, reclamando que sentia uma ansiedade muito grande, como se tivesse comido demais e a gente percebeu que ele vinha emagrecendo  muito. Ele foi ao médico aqui, fez exames, mas não melhorou. Em maio fomos a um casamento fora e durante a viagem papai não se sentiu bem...”. 

Orientados por uma nutricionista, a família decidiu levar Belchior a  outro médico. “Nós o levamos a um gastro em Uberaba  e aí começou a nossa saga, porque nem papai sabia porque havia feito aquelas cirurgias antigas. E depois de  exames e mais exames, diagnosticaram um câncer no esôfago...”.  

Ana explica que nos últimos dois meses Belchior passou a usar sonda para alimentar-se melhor e ganhar peso para a cirurgia. E de fato Belchior se submeteu à cirurgia, mas não resistiu. “Papai internou na segunda-feira 5, dois dias depois  fez a cirurgia que durou 9h30, retirou todo o esôfago, mas aí os médicos viram que havia se espalhado. Mas papai reagiu bem,  passou bem na quinta, os médicos ficaram até surpresos. Mas na sexta-feira,  o seu estado se agravou e ele não mais se recuperou vindo a falecer na tarde do Domingo”. 

Belchior era muito conhecido, que contabilizava muitos amigos, enfim uma pessoa muito alegre, risonha, brincalhona e querida. Para a filha, a perda é grande, mas fica a certeza de que Belchior era muito querido. “Não sabíamos que papai tinha tantos amigos jovens, idosos, crianças”. Além da filha Ana (Jefferson), Belchior deixa a esposa  Rilma  Maria Rocha Adão, companheira de 35 anos e o filho Ivan

A família agradece aos amigos André e Lidiane, à empresa Zandonaide patrões de Ivan à Susney Jerônimo e Raquel Costa diretoras da Apae pela compreensão durante a doença do pai e aos familiares e amigos pela solidariedade.

*Barsanulfo Gonçalves Cintra (67),  morreu na segunda-feira (12), em Uberaba, em consequência de um mieloma múltiplo (câncer que afeta, basicamente, a medula óssea). 
De acordo com a esposa, Neide Maria Cintra, Barsanulfo teve uma vida de muito trabalho. “Ele nasceu nos Palhares e desde muito jovem e, durante muitos anos trabalhou numa única empresa, a Tenenge, se tornou mestre em estrutura metálica e passou por vários estados e municípios. Uma vez queriam que ele fosse  para o Iraque, mas ele se recusou. Já tínhamos filhos e ele não quis ir. Mudamos demais, até que um dia, quando morávamos na  Serra de Carajás,  ele decidiu que era hora de parar, deixar a empresa. Aí,  voltamos para Sacramento, ele montou um comércio e nunca mais saiu, até se aposentar há cinco anos”.  
E de repente  Barsanulfo  adoeceu. “Ele começou com uma dor no pé, mas gostava de ir para o sítio, cuidava do gado, capinava, roçava... Por causa dessa dor,  foi ao médico e cada um falava uma coisa e de repente a dor tomou de todo o corpo. E um dia me mostrou um caroço na barriga, decidimos que ele iria para Uberaba. Temos um bom plano de saúde, mas ele se recusou dizendo que o caroço não doía.  Mas foi e descobriram que aquele caroço era um câncer. Mas não detectaram que tipo, porque era como uma massa e ele continuava com exames...”. 
Emocionada Neide conta que Barsanulfo, voltou para casa,  para aguardara a  cirurgia para a retirada daquele caroço e de repente passou mal. “No dia das mães, logo depois do almoço,  ele  quebrou o fêmur  do nada e caiu... Aí aumentou  o sofrimento: exames e mais exames e descobriram um câncer raro nos ossos: mieloma múltiplo. Aí o mundo, para mim acabou., mas ele morreu sem saber o que era. A gente não contou e não deixou ninguém contar, nem os médicos deram detalhes para ele. Só os mais chegados na família sabíamos. Não queríamos que ele sofresse... Ele fazia quimioterapia, mas médicos falavam que era um 'cálcio' para os ossos. Os remédios, para ele, eram vitaminas”.
Neide relata que na segunda-feira (5) foram para Uberaba, porque Barsanulfo tinha quimioterapia e lá ele faleceu. “Chegamos, ele passou pelo médico, tirou o sangue, vim embora e ele ficou com a nossa filha. E assim que cheguei,  ela ligou avisando que havia dado uma alteração muito forte no sangue e que ficaria internado. Ficou quatro dias na quimioterapia e seguiu internado. Na segunda-feira (12), ele não resistiu...”
Barsanaulfo era um cidadão exemplar, uma pessoa  consciente de seu  papel como cidadão. Sempre foi questionador das coisas erradas, contestador, gostava das coisas muito certas, tinha responsabilidade e sempre queria uma  cidade. 
Barsanulfo deixa a esposa Neide Maria, os filhos, Márcia (Baltazar), Cristina, dentista em BH; Luiz Carlos e Júlia e a  neta, Thaís. Para a família foi um grande exemplo de pai, marido, avô, amigo...