Os papeis artesanais da artesã sacramentana Joana D´Arc de Carvalho fizeram sucesso na 26ª Feira Nacional de Artesanato, realizada na Expominas de Belo Horizonte, entre os dias 1º a 6 de dezembro. A FeNA é a maior feira do segmento na América Latina, com mais de 30 mil itens de artesãos de todos os estados brasileiros. Joana levou cerca de 120 folhas de papel vegetal 50x65, tamanho cartolina, e vendeu tudo. O próprio Senar, que ministrou o curso, se interessou pelo material de excelente qualidade da aluna.
Cerca de 150 mil pessoas passaram pela feira durante a semana. E quem passa pelos pavilhões da Expominas tem a chance de assistir a apresentações culturais de música e dança, aprender a fazer artesanatos nas oficinas de artesanato, participar dos cursos e palestras voltados para a área de gestão, além de poder conhecer e adquirir peças artesanais.
Por trás do papel, uma história de luta e perseverança
Nascida na zona rural, na fazenda São Manuel, Joana D´Arc de Carvalho estudou pouco. Só depois de adulta concluiu o ensino fundamental, a antiga 8ª série. “A vida da gente é cheia de contratempos. Papai nos deixou, mamãe, então mudou-se para a cidade trazendo minhas duas irmãs, Maria Júlia, e Marina, e eu, a primogênita, com 13 anos, fiquei na fazenda trabalhando”. A partir dos 15 anos, Joana passou por Conquista, Uberaba, Franca e se fixou em Sacramento, onde concluiu o fundamental. “Eu me mudava para trabalhar e poder ajudar minha mãe. Após a 8ª série, fui contratada pela Prefeitura para lecionar na zona rural como professora leiga, na falta de professores graduados. E trabalhei também na Santa Casa”, recorda.
Casou-se aos 24 anos com Inácio Justino de Carvalho e fixou residência na fazenda Rifaininha, onde nasceram os filhos cinco filhos: Elias, Luzia (Davi), Janaína (Júlio Cesar), Marcilene e Marcelo, que já lhe deram três netos.
Joana é também artista da cozinha. Nas pegadas da mãe, doutorou-se em doces caseiros. Passou a fabricá-los e a vendê-los. “O doce foi, por muitos anos, a sobrevivência da família. Mamãe era uma exímia doceira. Eu apanhei o gosto. Aliás, trabalhar na cozinha, fazer doces é uma arte também. Eu fabricava e saia vendendo. Até que fundamos a Associação dos Artesãos e tudo ficou mais fácil. Foi ali, através dos cursos com o Raahavi, que aprendi a trabalhar com o papel vegetal artesanal. Como não encontramos as fibras, eu ralei a cana no ralo fino e fiz o primeiro papel. Foi, digamos, amor à primeira vista...”
Com pouco tempo até o início da Feira e a falta de sol devido ao período chuvoso, Joana pôde levar apenas 12 folhas de seu papel, que foram vendidas logo, pela grande aceitação. “Fiquei feliz com a aceitação. Foi um prêmio, o fato de comprarem todo o material é sinal de que realmente é de boa qualidade”, destaca, informando que em 2014, por ocasião da Copa do Mundo, ela vendeu papeis para a confecção de bonecas típicas dos países participantes.
“Joana faz um material de excelente qualidade”
Avaliando o trabalho de sua aluna, o presidente da ASAA, Rahavi Dionísio, avalia o trabalho da artesã como de altíssima qualidade. “Joana faz um papel de excelente qualidade. Mandamos uma amostra do papel, conforme exigência do Senar, e a aprovação veio de pronto, porque é um papel de fibras diferentes. Ele é confeccionado de fibras de milho verde, milho seco, banana verde, banana seca e cana”, avalia, ressaltando o sucesso do papel na feira.
“- As pessoas ficaram encantadas com o papel, do tamanho de cartolina. O próprio Senar comprou tudo para ser usado nos cursos de anjos. Mas pode ser usado na confecção de cartões, caixas de presentes, encadernação, flores, revestimentos de paredes, etc. Como instrutor do curso, foi gratificante, isso dá visibilidade para o curso e para a fabricante, no caso a Joana, que é uma mulher lutadora, interessada e muito dedicada e competente no que faz”, elogiou o professor.