Jander Ruela Pereira, 59, é um daqueles sacramentanos de coração de quem os amigos nunca esquecem e ele muito menos dos anos gostosos em que viveu em Sacramento. Mineiro de Aimorés, Jander é filho de José Francisco Pereira (de saudosa memória), sub-gerente do Banco do Brasil em Sacramento nos anos 70, e de Jordelina Ruela Pereira.
“- Sempre acompanhamos nosso pai na sua carreira bancária. De Aymorés fomos para Rio Bonito e de lá para Sacramento, onde cheguei aos 13 anos. De Sacramento, papai foi para Resplendor e depois Luz, onde se aposentou. Mas meus irmãos, Junot, Janilda, Janise e eu ficamos em Uberaba, onde já cursávamos faculdade. Depois de se aposentar, papai radicou-se em Uberaba, onde ainda mora nossa mãe, que está com 84 anos. E, assim que me formei em Odontologia, em 1979, mudei-me para Cuiabá, portanto há 36 anos”.
Jander deixou Sacramento nos final dos anos 70, ainda com o resplendor dos belos anos 60, quando a cidade respirava calor humano, tranquilidade e 'doces tardes de domingo'. Aqui fez amigos, deixou saudades, tantas, que levou uma a tiracolo, a bela Paula, com quem se casou em 1980 e hoje é mãe de seus três lindos filhos, Ana Paula, Stael e Guilherme. E já é vovô de Manuela, 4 aninhos, e de Marina que chega em novembro.
“- Eu morava em Uberaba, mas estava sempre aqui. Vinha todo final de semana, namorar e nunca perdi a referência da cidade Atualmente, pelo menos uma vez por ano, viemos rever a família da Paula, amigos, e de mamãe que ainda mora em Uberaba. Enfim, reabastecer as energias”.
Na Praça e no SC, os bons anos da juventude
Para Jander, as lembranças daqueles anos 70 são intermináveis. “Terminei o ensino fundamental e os dois primeiros anos do científico no Colégio Estadual, como era chamado. Dona Aracy era a diretora. No terceiro ano, fui para o Colégio José Ferreira, em Uberaba. Lembro-me de quase todos os colegas de minha turma: Murilo Scalon, Totonho, Lucy Feliciano, Tatá Jerônimo e tantos outros...”
Cita também alguns professores que, segundo ele, nunca saem da lembrança. “Na época, havia professores que vinham de Uberaba para aulas de Física, o Orlando; e de Matemática, o Tomás. Fui aluno do Dr. Geraldo, que lecionava Português; da dona Salete, no Inglês; Vanin, História; o Rafael, colega do papai no banco, lecionava Moral e Cívica; o professor Olegário, na Educação Física, a Julinha, professora de História, que hoje mora também em Cuiabá. Tempo bom aquele na escola”, recorda.
Outras boas recordações de Jander são do esporte: futebol de campo no CAS e futebol de salão, no STC (Praça de Esportes), modalidade que pratica até os dias de hoje. “Na Praça de Esportes havia grandes campeonatos, como os Jogos de Inverno, com equipes formadas por grandes atletas, o Flávio do Sussu e eu éramos goleiros, ao lado de outros grandes atletas, como Murilo, Carlinhos Batista, Totonho, Maurício Scalon, Beto do Leônidas, Tody, Walmor, Nano, Tadeu, Tomás Loiola, Peroba... e tantos outros, integrando as equipes do STC, ODUS, UES, Corujas, Real Matismo...”.
E lembrando, ainda da Sacramento daqueles 'belos tempos, velhos dias...', Jander lembra a Praça de Esportes e o Sacramento Clube como os principais point da juventude na cidade. “Eram ali nossos pontos de encontro. De dia, estávamos na Praça praticando esportes em treinos ou nas aulas de Educação Física e, à noite, especialmente nos finais de semana, estávamos no SC. Um lugar de família, grandes e inesquecíveis bailes... Quantos casais se formaram ali no clube e na praça. Conheci Paula nesses eventos e foram sete anos de namoro... A Praça de Esportes e o Sacramento Clube foram lugares importantes na formação de muitos jovens, eram espaços muito sadios, a sociedade não poderia ter deixado acabar. Dá tristeza, dá dó ver como estão acabados”, lamenta hoje.
De acordo com Jander, a cidade deveria abraçar a causa e revitalizar esses espaços. “Viajo muito e vejo tantos lugares que são revitalizados e isso é feito para atrair o público, valorizar as coisas do passado”, afirma, com razão, porque, atualmente, a cidade é carente de espaços semelhantes para nossos adolescentes e jovens, a exceção dos barzinhos, dificultando a formação dos filhos. “É comum a família, os pais, transferirem a responsabilidade da formação dos filhos a espaços assim que propiciam a presença da família, são saudáveis”.
As vindas a Sacramento
Há 36 anos, Jander adotou Cuiabá (MT) como sua terra para viver. Ali fez a vida e criou a família. Formado em Odontologia pela Uniube, abraçou a profissão e hoje é um dos mais talentosos especialistas em Prótese Dentária e Implantodontia, em clínica montada hoje em parceria com a filha, Stael, especialista em Endodontia. Pelos relevantes serviços prestados à cidade, Jander foi agraciado pela Assembleia Legislativa de MT com o título de Cidadão Mato-grossense.
Sempre atuante na diretoria da Associação Brasileira de Odontologia (ABO/Nacional), hoje ocupando a vice-presidência da instituição, Jander leva a vida em ritmo constante de viagens, entre Cuiabá e São Paulo, onde fica a sede, a ABO Nacional. “Tenho endereço em Cuiabá e São Paulo, mas sempre tem eventos noutros lugares e a gente está sempre presente”.
Com o tempo, as vindas a Sacramento foram diminuindo, mas como bem diz, Sacramento e as pessoas estão longe dos olhos, mas perto do coração. “Hoje, não existem distâncias, estamos sempre conectados com as pessoas, através das mídias. A gente se vê todos os dias, estamos sempre em contato, nem que seja pra dizer um 'olá'. Aliás, tenho uma trovinha de minha autoria, que prova o que estou afirmando. “Saudade é uma dor que dói / mas não é uma dor de doer / saudade é uma dor tão gostosa / que não deixa a gente esquecer”, declama.
Em Sacramento, Jander revive os anos maravilhosos em que passou a adolescência mas se espanta com o enclausuramento do sacramentano. “Quando chegou aqui saio visitando os pontos marcantes da cidade, recordando aqueles anos, mas não encontro mais meus amigos nas ruas... É impressionante como o sacramentano gosta de ficar dentro de casa. Aos domingos, a gente sai e não vê ninguém na rua. Saio sempre a pé, porque de carro a gente não vê as pessoas, mas não adianta muito, não...”
E finaliza com uma dedicação de amor à cidade: “Digo e repito, Sacramento é referência para mim, vivi aqui numa idade muito boa. Sacramento é uma terra sagrada. E o interessante é que, quando a gente faz uma visita vai para levar energia, mas aqui a gente vai e acaba trazendo a energia gostosa desses amigos maravilhosos”.