À sombra das altas montanhas, descanse em paz, Caetano

O músico e funcionário público aposentado, autor da música do Hino Oficial de Sacramento, Caetano Pedro dos Santos (foto), 80, morreu no último dia 26, na Santa Casa local, vítima de complicações, após sofrer um AVC.  “Há poucos anos Caetano sofreu um primeiro AVC e se recuperou bem, mas há 20 dias, repetiu de uma forma mais intensa, levando-o para o hospital onde ficou internado desde então, até sua morte na tarde do dia 26”, disse ao ET, Mário Guarato, casado com sua sobrinha, Sebastiana. Velado por familiares, autoridades e muitos amigos, Caetano foi sepultado às 8h da manhã da terça-feira, 27. 

Sacramentano filho de Antonio Pedro dos Santos e América Rosa de Lima,  Caetano, cresceu ao lado de oito irmãos, duas mulheres e seis homens, todos militares. Caetano foi o único dos filhos homens que não herdou do pai  o gosto pela vida militar, mas  fez a diferença  em Sacramento como músico e funcionário público. Seu nome fica registrado nos anais de história, pela composição musical do  Hino Oficial de Sacramento, com a saudosa professora Célia Bianchi, autora da letra.  E agora, ao encerrar a sua jornada terrena, Caetano repousa à sombra das altas montanhas, iluminado pelo ouro do sol, nas terras do Borá  que  tanto amou. 

Para o ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, Caetano é parte da história sacramentana. “Ele faz parte da nossa  história, ele está ligado ás raízes, à continuação de nossa história, porque foi através dele que tivemos o Hino de Sacramento,  quando foi criada a Semana da Comunidade, pelo então governador,  José Magalhães Pinto (1961/1966)”, lembra ex-prefeito, informando que naquele ano, 1971, quando foi eleito prefeito, sancionou o projeto de lei e o decreto  criando o Hino de Sacramento e os Símbolos Municipais. 

“E naquele ano – diz mais José Alberto - na reinauguração da rodoviária,  como prefeito,  condecorei dentre outros, os autores do Hino de Sacramento, Caetano e Profa. Célia Bianchi com a Medalha do Mérito, porque não tínhamos ainda a Medalha da Ordem de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento”. 

Segundo o ex-prefeito, Caetano era um homem que tinha um respeito muito grande para com todas as pessoas. “Até porque era filho do Antônio Pedro dos Santos, que foi um militar e, após aposentado, delegado em Sacramento. Caetano teve  uma educação muito rígida, um respeito muito grande pelas pessoas, o que hoje está faltando nas famílias, nas escolas, na sociedade. Falta respeito com as pessoas e os bens públicos que todos usam, é preciso ter o sentido do bem comum”, afirma, destacando sua vida como funcionário público. “Caetano foi um funcionário público exemplar. “Ele tem, com certeza, o seu lugar no céu, pois deu a sua contribuição, deixando-nos esse legado de exemplar funcionário e grande músico, autor de nosso hino oficial”

 “Caetano foi um grande homem, o maior legado de Caetano é para a família”

Também Luiz Devós,  companheiro de trabalho de Caetano na Tesouraria da Prefeitura,  durante muitos anos tinha pelo funcionário uma grande amizade. “Caetano foi um grande amigo que tivemos na tesouraria, um exemplo impar de funcionário público, dono de um respeito e amizade muito grande com todos e o sentimento de perda é grande”. 

Falando em nome da família, Mário Guarato ressalta que Caetano foi uma grande pessoa. “Em matéria de religião, diria que ele era ecumênico. Foi batizado na Igreja católica, mas tinha preferência pelo espiritismo, frequentando os cultos  com Heigorina e  no Colégio Allan Kardec, com uma profunda devoção por Nossa Senhora. Não frequentava a igreja católica, mas se sentava no jardim e ficava lá ouvindo a missa na Matriz, e sempre dizia que sentia feliz. Eu o convidei muitas vezes para entrar, mas ele preferia ficar lá”, conta e prossegue:

“- Caetano era uma pessoa muito reservada, discreto. Tinha um grande conhecimento, mas era um auto-didata e lia muito, especialmente a Bíblia.  Além de um exemplar funcionário público, executava muito  bem os trabalhos de eletricista, consertos de TVs e  rádios e chegou a fazer uma estação de rádio, que funcionou muito bem, mas por causa de interferência nas TVs, teve problemas com os vizinhos, então desligou.  Nas artes, era apaixonado por música, compositor, fez parte de vários conjuntos musicais na cidade”.

Lembra mais Guarato, que o maior legado de Caetano foi para a família. “Ele tinha um amor muito grande pelos sobrinhos, minha esposa Sebastiana e os quatro irmãos, que ficaram órfãos ainda crianças, vieram pra Sacramento pra morar com os avós, o seu Antônio e dona América, que os criou muito bem. E o Caetano ajudou muito nessa educação, ajudou a criá-los, era muito severo, mas valeu, por todos são pessoas de bem. Nos últimos anos cuidava ainda de sobrinhos. Era uma pessoa que do jeito dele amava muito a família”.

 De acordo com o sobrinho, Caetano sofreu um AVC há pouco mais de ano, que lhe paralisou o braço direito. “Mesmo com pequena sequela,  ele continuava sendo um homem ativo, saía, andava pela cidade, porém, no dia 7 de maio foi vítima de outro AVC que o deixou  paralítico de um lado, além de perder a fala, permanecendo internado até que não resistiu mais e veio a falecer”. 

Pela sua significativa contribuição com o município, como funcionário público e autor da música do Hino Oficial de Sacramento, o prefeito Bruno Scalon Cordeiro decretou luto oficial de três dias, com as bandeiras a meio mastro nos órgãos públicos.