Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Morte de Pedro comove cidade

Edição n° 1310 - 18 Maio 2012

O jovem Pedro Miguel Filgueiras Alves, especialista em computadores, morreu por volta das 4h20 da madrugada do sábado, 12, após colidir, com a moto que pilotava, na ponte da avenida Ana Cândida de Oliveira. 

Foram muitas especulações sobre a morte de Pedro, mas de acordo com os amigos e colegas de trabalho, Pedro Miguel esteve com eles no bar do Raneri, no Jardim Alvorada até por volta das 2h00. “Ao sairmos do Raneri para comer um lanche o celular tocou. Não sei porquê, ninguém quis atender, então o  Pedro atendeu e nisso chegamos à pracinha, onde  estavam entre outros, Rogério e Cesinha (César Luiz de Souza, 20), primo do Adriano, que havia morrido de acidente na entrada de Conquista”, contou o amigo inseparável, Cássio. 

Foi nesse momento que o Cesinha ficou sabendo da morte do primo. “Pedro lhe deu a notícia da morte e ele ficou muito abalado e quis ir embora prá casa. Mas como estava de moto, e não tinha condições de pilotá-la um colega se ofereceu para levá-lo em casa. Pedro então se ofereceu para levar a moto de Cesinha. Ele sabia pilotar moto, só não era habilitado. O Rogério pediu pra ele não levar, mas como ele insistiu, o Rogério disse: “Já que você vai, eu vou atrás, de carro'. Só que ele esticou de moto na frente”, contou mais.

Pedro Miguel foi levar a moto de Cesinha em sua casa, no bairro Perpétuo Socorro, passando pela avenida Ana Cândida. Ao fazer a primeira rotatória, sentido bairro João XXIII ao Areão, Pedrinho deve ter perdido o controle direcional da moto e caiu na pista de rolamento chocando-se com a ponte. “O Rogério contou que quando descia a avenida nova, avistou gente acenando na pista. Logo, ele parou e já reconheceu a moto. Rogério me mandou uma mensagem no celular, às 4h26 dizendo: “P.q.p, Pedrinho caiu de moto feio demais”, conta Cássio, mostrando a mensagem gravada. “Logo, em seguida Rogerinho ligou doidinho, dizendo: 'Vem pra cá rápido, o Pedrinho está sem sinais, vem pra cá, o Pedrinho morreu, o Pedrinho morreu'. Foi muito triste”. 

Na avaliação dos amigos, Pedro deveria estar correndo demais e não conseguiu fazer a curva da rotatória, vindo a colidir com a ponte logo abaixo. “A pancada foi tão violenta que o capacete despedaçou”, contam.    

Conforme o BO, a PM foi acionada pela testemunha S.D.B., que transitava pela avenida sentido João XXIII/Perpétuo Socorro, quando deparou com Pedro caído na pista. Pedro já chegou sem vida ao Pronto Socorro,conforme atestou o médico de plantão.  

César Luiz Souza, primo de Adriano, no depoimento, confirma a versão, dizendo que a moto Titan CZY 2981 estava com os amigos, Reverton Bosqueti, Rogério Rodrigues, Pedro Miguel e outras pessoas. Os amigos disseram que ele não estava em condições de sair de moto, e ele a entregou a Pedro, enquanto o amigo Reverton o levou para casa. Cesinha disse que ficou combinado de Rogério Rodrigues acompanhar de carro Pedro na moto até  sua casa, no Alto Santa Cruz e que por volta das 5h30 foi informado da morte do amigo  Pedro. Uma multidão acorreu ao seu velório e enterro.

 

A dor da família e dos amigos 

 

Leily Maria de Jesus Silva, tia e irmã de Pedro Miguel, conta que foram mais de 14 anos de convivência como jovem. Filho de Álvaro Alves Ferreira e Rosilda Filgueira Alves, nasceu em Sacramento e ainda bebê mudou com os pais para Belém do Pará, onde o pai trabalha na empresa do empresário sacramentano, Lemir Feliciano de Deus. “Assim que os pais se separaram, ele voltou a Sacramento com a mãe, mas logo retornaram. Um dia, véspera do Natal, Pedro, aos seis anos e meio,  chegou aqui de carona com um amigo do pai dele e disse: “Vou morar com vocês”. E assim ficou. Ele era o xodó da mamãe, ela dizia que ele era dela e aqui ele ficou. Mamãe gostava tanto de Pedro, que as últimas coisas que ela  falou no hospital, em Uberaba, antes de ir para a cirurgia e entrar no coma até falecer, foi perguntar pelo Pedro Miguel e pelo papai.  'E o Pedro Miguel, como é que está? E o Miguel?'. Mamãe se foi há um ano e cinco meses. Deus poupou-lhe esse sofrimento. Se viva fosse, ela não resistiria a este baque”, diz Lely em prantos.

Pedro era um jovem como todos os outros. “Ele era alegre, risonho, carinhoso, muito trabalhador, tinha os defeitos dele como todos os jovens de sua idade, mas era humilde, ouvia os conselhos, calado, muito embora não os seguisse. Ele vivia o presente e conquistou muitos amigos. No velório, alguém falou que ele era muito novo para morrer, porque ainda não havia feito nada e eu lhe mostrei a quantidade de amigos que ele fez. Quantos jovens chorando por ele! É  isso  o que importa na vida, eu lhe disse”, recorda a tia.

Lembra também um detalhe naquela semana. “Durante toda a semana Pedro ficara  em casa. Ele se enrolava numa coberta e ficava assistindo à TV, só saiu na sexta-feira. Maria Augusta e eu saímos pra ir ao Raneri, passamos por  lá,  mas não  havia mesas e ele lá estava, numa mesa cheia de amigos, quando nos viu, ergueu os dois braços e acenou. Esta é a última imagem que temos dele”, conta. 

Ficam agora o vazio e as lembranças.  Pedro foi sepultado às 18h, meia hora antes do sepultamento de Adriano Nunes Aguiar. 

Pedro deixa os pais, Álvaro e Rosilda e, a irmã Raíssa, que não vieram para o velório dada à incompatibilidade do horário de voos de Belém para São Paulo. Deixa também  uma filhinha, Ana Beatriz, de um aninho, o avô Miguel, tios e demais familiares  e deixa  sobretudo,  um grande vazio nos corações dos amigos e uma lição, conforme afirmam os colegas.

 

A palavra dos amigos...

 

“Pedro foi uma lição de vida. Veja que ele estava fazendo o bem, estava ajudando uma pessoa. O interessante é que quando o Cesar recebeu a notícia, ele desesperou e o Pedro o confortando lhe disse: 'Fica assim não. É a vida. Seu primo não ia gostar de te ver chorando. Um dia, todos nós vamos nos encontrar'. Não sabia ele que nós estaríamos chorando por ele mais tarde. Só tenho a agradecer a Deus por ter-nos feitos amigos, foram bons anos de grandes alegrias”, de Cássio Resende. 

 

“Para nós é uma perda muito grande. Ele vai fazer muita falta, porque era muito alegre, sempre sorrindo, tinha um gosto e uma vontade de trabalhar incríveis... Fica agora o vazio”, de Thiago Moreira  Mota

 

“É uma triste lição que a gente tira disso tudo e agora é lembrar dele como um cara legal, feliz, uma pessoa com uma alegria contagiante, de um coração imenso e puro. O mais alegre, o mais gente boa, o santista mais enjoado, o mais chorão, o ‘‘meninão’’ da turma. Ele era tudo para nós.”, de  Bruno de Lourdes

 

‘‘Menino que encarava todos os problemas com muita serenidade. Que deixou de lição para todos os amigos, que mesmo sendo jovem e louco, teve responsabilidade na vida pessoal, como pai e amigo. O tempo passa, mas ele vai ficar eterno para nós’’, de Robberson Kairon (Tatinha).

 

“Estou ainda tentando sobreviver à perda da Landa e agora acontece isso com o meu menino. Dois baques grandes muito perto. O interessante é que Pedro, na hora que saiu na sexta-feira, eu estava sentando com meu netinho e ele disse: 'Vou sair, meus colegas estão chamando'. E eu até estranhei e pensei: 'Uai, Pedro Miguel não é de dar satisfação quando sai'. E ele saiu pra não voltar”, do avô Miguel Alves, 77

 

Neste domingo, os amigos participam e convidam para a missa de sétimo dia, encomendada por eles, que será celebrada na Igreja Matriz de Na. Sra. do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, às 19h30. A celebração vai contar com a presença dos familiares, que mesmo espíritas, agradeceram a manifestação de carinho e fé. “Nós iremos à missa, todos nós. Todas as orações vão para Deus, que é maior conforto nestas horas  e depois nós faremos o nosso culto”, afirma Leily.