O universitário Adriano Nunes Aguiar, 23, morreu na madrugada da sexta-feira, por volta de 00h10, ao ser atingido por um Voyage, conduzido por W.S.S., 22. Possivelmente, depois de ter ingerido bebida alcoólica, W. ultrapassou um ônibus de estudantes, na Alameda Ítalo Guardieiro, na entrada da cidade de Conquista, e se chocou com o jovem universitário que estava retornando de moto para Santa Maria, onde morava com os pais.
O delegado de plantão, Cezar Felipe Colombari da Silva autorizou sua prisão, mas o juiz da cidade concedeu alvará de soltura, revoltando a população. Moradores da cidade fizeram duas passeatas em protesto.
O que de fato ocorreu
Residente na fazenda Santa Maria, no município de Sacramento, todas as tardes Adriano seguia de moto para a vizinha cidade de Conquista, onde embarcava no ônibus dos estudantes e seguia para a faculdade em Uberaba. Depois das aulas, de moto, Adriano retornava a casa dos pais, Edmo Nunes Aguiar e Marta Maria Nunes Aguiar.
Mas naquela fatídica madrugada do dia 12, Adriano não chegou em casa. Adriano morreu no local, vítima de politraumatismos. Nenhum passageiro do ônibus foi ferido.
Conforme o BO, estudantes testemunhas que estavam no ônibus, contaram que, “aproximadamente um km antes do acidente, no encontro da rodovia MGT-464 com a Alameda Ítalo Guardieiro, ao passarem pelo ponto de ônibus, o Voyage estava estacionado e que, instantes depois, o Voyage ultrapassou o ônibus, colidindo frontalmente com a moto de Adriano e, em seguida, abalroou-se no ônibus.
Ao chegar ao local, conforme o BO, a polícia deparou com Adriano caído na pista aparentemente já sem vida e alguns metros à frente, ao lado do Voyage, se encontravam o motorista W.S.S. e o passageiro S.L.S., 25, caídos, reclamando dores no corpo. Muitos estudantes estavam no local, tentando dar socorro às vítimas.
Adriano perdeu a vida. O passageiro S.L.S. quebrou a perna e foi encaminhado à Santa Casa de Conquista e depois encaminhado para Uberaba. O motorista W.S.S. foi preso em flagrante, por direção perigosa e aparente embriaguez ao volante, por ordem do delegado Cezar Felipe Colombari da Silva, que respondia pelo plantão da comarca. Mas por apresentar escoriações, permaneceu internado na Santa Casa de Misericórdia de Conquista, sob guarda policial.
Segundo o BO, W.S.S. se negou, perante testemunhas, a fazer o teste do bafômetro às 00h40, bem como ao exame de sangue. E só realizou o teste às 6h05, sendo atestado, após quase seis horas, 0,11 decigramas de álcool por litro de sangue.
Ainda, de acordo o BO, o policial rodoviário federal, Márcio A. Salge, registra que W.S.S. negou a soprar de forma correta o aparelho, mesmo tendo sido orientado por três vezes. No Voyage, do lado do motorista, foi encontrado um copo com restos de cerveja. Segundo testemunhas, W.S.S. estivera em Sacramento bebendo numa festa
O Voyage e a motocicleta tiveram perda total e o ônibus amassamento na parte lateral do bagageiro do lado esquerdo. No local do acidente, foram furtados uma carteira com todos os documentos do passageiro S.L.S, o capacete da vítima, Adriano e sua bolsa de escola, contendo o material escolar, os documentos e um táblete.
O motorista W.S.S. foi liberado na segunda-feira, 14, isto é, está em liberdade provisória, por decisão do juiz da cidade. O fato foi motivo de revolta na cidade, culminando em uma passeata e carreata de protesto que movimentou a cidade de Conquista, na segunda-feira. O corpo de Adriano foi encaminhado ao IML de Araxá e, após ser liberado, foi velado em urna lacrada, por familiares e amigos em clima de comoção e dor, no Velório Municipal de Sacramento. Adriano foi sepultado às 18h30 no Cemitério S. Francisco de Assis.
A dor de uma mãe...
Edmo Nunes Aguiar e Marta Maria Nunes Aguiar são os pais do estudante universitário, Adriano Nunes Aguiar, que morreu tragicamente, em Conquista, no último sábado, 13. Primogênito da família, Adriano cresceu ao lado dos irmãos, Edson e Angélica, no pequeno povoado de Santa Maria. Os dois filhos homens faziam juntos diariamente a mesma viagem até a cidade de Conquista, onde tomavam o ônibus dos estudantes com destino a Uberaba, a tardinha, só retornando ao povoado por volta da 1h30 da madrugada. Cumprindo, quem sabe, o seu destino, naquele fatídico dia, o filho mais jovem, Edson, não foi à faculdade.
Na redação do ET, atendendo a um convite do ET, a mãe, Marta Maria, demonstrando imensas força e fé, que com certeza só vem de Deus, falou do filho:
“- Adriano, nosso primeiro filho, era um verdadeiro amor. Sempre foi um menino muito inteligente, estudioso e desde os quatro anos manifestou o dom pelo desenho. Ele fez muitos desenhos e depois parou. Ele sempre dizia que seria cientista e eu, sempre que o via fazendo os desenhos, perguntava: 'Meu Deus, o que está acontecendo?'.
Contou Marta que o filho trabalhava o dia todo na fazenda, cultivando e vendendo verduras para pagar a faculdade. “Como nós, os pais, não temos condições de sustentá-los, ele mesmo arranjava os recursos através do trabalho e venda de verduras e legumes. Adriano nunca foi reprovado na escola, sempre foi muito bem e o seu sonho era se formar em Engenharia Civil”, contou, recordando quando o filho saiu à tarde.
“- Nesse dia de tristeza, porque não há dor maior para uma mãe do que perder um filho, o Adriano foi para a faculdade para não mais voltar, morreu naquele fatal acidente. Minha última visão dele foi quando saiu dando tchau para mim, um gesto repetido sempre que saía de casa”.
Marta contou que naquele semana o filho estava diferente. “Observei que ele estava diferente nos últimos dias, tranquilo, sereno e, na sexta-feira, foi realmente um dia diferente. Antes de ir trabalhar, entrei no quarto dele e senti, assim, tipo um choque. Como a Angélica tinha a coroação na Escola João Cordeiro, pedi a ele pra trazer a irmã e ele veio a Sacramento. Ele passou no meu serviço e, na hora que ele saiu com a moto, me dando tchau, senti uma sensação esquisita, um choque e ele me olhou de um jeito diferente, estranho. Hoje com o meu coração de mãe sei que foi diferente. Parece que eu estava visualizando uma coisa diferente, só não sabia que seria com meu filho”, recordou.
No seu comovente testemunho, Marta lembrou que ao, receber a notícia sobre um grave acidente em Conquista, ela sentiu a morte do filho. “De madrugada, quando me informaram sobre um grave acidente, eu senti a morte do meu filho. Eu estava na porta e senti uma dor tão horrível no peito, que dei um grito. E, quando chegando ao local do acidente, tantas pessoas de cabeça baixa, eu tive a certeza: meu filho estava morto”.
De acordo com Marta, ela não viu o filho morto. “A última visão que tenho dele é saindo com a moto. Não tive coragem de chegar perto, não quis ver... Ele teve politraumatismo, dizem que o corpo inteiro ficou quebrado e isso eu não quis ver. Ele ficou em urna lacrada”.
Espírita, Marta disse que o filho cumpriu sua missão. “Adriano semeou nesta terra a verdadeira semente do amor, como filho, como irmão, como amigo. Um jovem de 23 anos, amadurecido e deixando tanto amor. Eu não sabia disso. Eu não sabia também que ele não tinha só eu de mãe. Ele deixou muitas mães de coração partido. No velório, senti isso, como mãe desprendida, senti que realmente isso aconteceu. Quantas amizades! Uma multidão chorando a sua morte, a sua perda e essa perda eu nunca vou esquecer. Essa véspera do Dia das Mães será um marco para mim até o fim dos meus dias e com certeza, também nos corações das mães presentes. Agora, meu filho está com Deus”.