Gabriel Teodoro, uma história de superação

O jovem Gabriel Teodoro dos Reis, 20, que perdeu a perna esquerda num acidente de moto dia 29 de outubro do ano passado, quando voltava da cidade de Conquista com o amigo Bruno Ferreira Silva, 19,  é  exemplo de superação, de coragem e de força de vontade. 

Tão logo se recuperou das cicatrizes provenientes da cirurgia que amputou sua perna esquerda, Gabriel foi à luta: ingressou na Academia Ativa, de Thiago Jerônimo, no dia 15 de dezembro, onde recebe as orientações professor e personal trainer, Wallace Mariano, que elogia a força de vontade do jovem. “Ele tem uma força de vontade muito grande, nunca está abatido ou cabisbaixo, ele é exemplo”, diz Wallace.

Falando ao ET, Gabriel conta de onde vem toda a força. “Eu estou vivo e encaro isso tudo como uma segunda chance de vida que Deus me deu e não como  um pedaço. A vida é única e temos que aproveitá-la ao máximo. O que passou, passou, temos que ir para o futuro, seguir em frente, fazer um novo começo. Desde criança nunca desisti de nada e não vai ser agora. Nada pode nos abater, a força de vontade tem que ser maior. No apagar das luzes, Deus não vai ver pernas, nem nada. Deus me deu o dom da vida, por isso preciso ter força de vontade...”, diz com uma convicção que emociona. 

Gabriel carrega no peito uma medalha de Nossa Senhora das Graças e um crucifixo, a quem sempre pede proteção. “Deus é maior, cresci na fé desde criança. Inclusive na medicina, os médicos por ocasião do acidente disseram que foi Deus quem nos salvou. A gente não  bebe, não fuma, aí vem um carro, nos pega, nos joga no mato e abandona lá com as pernas esmagadas, como aconteceu comigo e Bruno ... Passa um filme na cabeça da gente e lá eu pedi pra Deus: se chegou a nossa hora, tudo bem, mas se não for agora, nos dê forças extras. E a gente conseguiu ficar lúcido até até chegar o socorro. Estamos firmes e fortes... a vida continua”, afirma.

Gabriel não tem dificuldades no aparelho

Gabriel Teodoro que desde criança gosta de esportes, não encontrou dificuldades para malhar. “Não há dificuldades, é fazer as coisas que a gente pode fazer. Sempre pratiquei esportes, futebol, natação, luta e já fiz academia, portanto eu gosto e é só aprimorar. Os médicos elogiaram a rapidez da minha recuperação, isso graças à força da família, dos amigos, uma alimentação balanceada e sobretudo, de Deus”, reconhece, ressaltando que pode usar praticamente todos os aparelhos. “Só não faço exercícios que exigem ficar de pé. Tudo é normal e, na perna amputada faço fisioterapia três vezes por semana, segunda e quinta-feira em Uberaba e nas quartas-feiras em Sacramento. Essa fisioterapia é para preparar para no futuro colocar uma prótese”, justifica.

A adaptação de Gabriel é tão impressionante que está jogando bola de muletas, na EE Barão da Rifaina. “E marquei três gols. Ou seja estou me preparando para colocar uma perna mecânica e Deus me ajudando, tudo correndo bem  vou colocar essa prótese o mais rápido possível. Mas, sobretudo, estou me preparando para representar Sacramento, se Deus quiser, nas competições para-olímpicas”, diz mais com convicação. 

E de fato Gabriel segura com força nas mãos do Pai maior. “Deus vem me preparando desde pequeno, já ganhei medalhas de natação, de karatê e agora penso em representar Sacramento no futuro nessas competições”. 

De acordo com Gabriel, nesses pouco mais de dois meses de academia, ele já sentiu diferença. “Entrei no hospital pesando 70 quilos e perdi mais de 10 quilos. Agora já estou com 68 quilos e muita vontade de malhar” diz sorridente. 

A maior limitação está na cabeça das pessoas 

O Prof. Wallace Mariano explica que  “o incentivo da prática de atividades físicas para portadores de deficiência física é de extrema importância. Esse incentivo lhes ensina a redescobrir a vida, mostrar-lhes que todas as barreiras que são colocadas podem ser superadas”.

Segundo o professor, “essa prática melhora a auto-estima e ajuda a combater enfermidades secundárias que poderiam ocorrer por desuso do corpo. Mesmo que não seja com objetivo profissional, movimentar-se, exercitar-se, entrar em sintonia com o corpo em  movimento é muito importante”.

Para Wallace, muitas vezes, a pior e maior limitação de uma pessoa não é física. “A maior limitação muitas vezes está na cabeça da pessoa. Vencendo esse primeiro obstáculo com força de vontade, tudo fica mais fácil. Gabriel,  um dos nosso primeiros alunos portador de deficiência física, tem muita força de vontade, tem muita determinação e surpreendeu a todos. é realmente um exemplo de força e superação a ser seguido  por todos”, reconhece.