Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Douglas encontra o pai depois de 32 anos

Edição n° 1299 - 02 Março 2012

Douglas Marcelo Silva, 33, funcionário público da Prefeitura Municipal de Sacramento, tinha um ano e um mês de vida quando o seu pai, Edmilson Passos da Fonseca,barrageiro que acompanhava empreiteiras contratadas pela Cemig, foi embora e nunca mais deu notícias. As poucas histórias sobre o pai, Douglas ouvia da mãe, Regina Maria da Silva, que teve um relacionamento com Edmilson de pouco mais de um ano, no final da década de 70.

E para quem acredita em destino, está aqui um bom exemplo de como Douglas reencontrou seu pai, depois de 32 anos. “Filho a gente nunca esquece, então eu sempre me lembrava dele e pensava: um dia vamos nos encontrar”. E de fato esse diachegou meio que por acaso, mas chegou...”, conta o pai. Funcionário de uma mercearia no Mercadão de BH há 12 anos, um dia, percebendo que o representante dos produtos Scala, Everton (Magrelo) Rezende Pícolo, era de Sacramento, puxou conversa. 

“- Quando via o nome Scala, pensava:é naquela região lá que tenho um menino. Até que um dia puxei conversei e contei a história. O rapaz do Scala disse que ia encontrá-lo para mim e de fato ele fez isso. Falou com o vereador Danylo que me levou uma foto de Douglas no celular e trouxe uma foto minha. Depois que vi a foto de Douglas e conversar com ele por telefone, as informações foram todas se confirmando. A história bateu, tudinho, até que vim aqui conhecê-lo. E olhando para ele, não tenho nenhuma dúvida, não precisa nem de DNA”, afirma com uma boa gargalhada. 

Edmilson Passo da Fonseca, 58, natural de Itambé (PE), tinha 26 anos, quando esteveem Sacramento no final dos anos 70, trabalhando para a empreiteira SBE, como barrageiro da Cemig. Nessa época, conheceu Regina Maria da Silva e após quase um ano de relacionamento nasceuDouglas.   

“- Conheci a Regina aqui em Sacramento, saí daqui ela estava grávida. Quando Douglas nasceu,eu estava em Araguari. Ela foi comigo para Nova Ponte, depois para Araguari. Depois fui para Pernambuco e ela voltou para Sacramento. Retornei ao Triângulo e rodei tudo isso aqui, sempre trabalhando. Depois, fui para Goiás. Andei por este  Brasil todo e fui até o Paraguai  sempre com a companhia. Curti demais a vida, estou curtindo, mas eu sempre pensava, um dia vou encontrá-lo”, conta.

O reencontro só foi possível depois que Edmilson se fixou em Belo Horizonte. “Há 12 anos me fixei em Belo Horizonte.O mundo é pequeno,  o sangue corre nas veias e eu sabia que encontraria Douglas um dia. A vida é maravilhosa, a pessoa tem que saber gostar de si mesma para aprender a gostar dos outros e a esperança é sempre muito importante”, diz, afirmando que reencontrou também a antiga mulher. “Regina esteve aqui, conversamos. É a cara, não tem jeito, é ele o meu filho”, reconhece.

 

A emoção de Douglas 

 

Para Douglas foi uma sensação boa conhecer o pai. “É uma sensação boa, porque a gente ficava pensando como ele seria. Ao reencontrá-lo, posso dizer que tive uma emoção normal. Mesmo porque não cheguei a conviver com ele. declara Douglas, acrescentando que ficou muito alegre em poder encontrá-lo alegre e dizendo também que nunca se sentiu rejeitado por ele. 

“- Nunca me senti rejeitado, nem pensava que tinha um pai. Eu tive meus avós maternos que ajudaram minha mãe na minhacriação. Me criaram como filho. Eu chamava meu avô de pai. Até hoje o chamo de pai.  Depois dos acontecimentos e que passamos a ter contato, foi que vi que realmente eu tinha pai. E, nosso encontro, nosso relacionamento nesses primeiros  dias  está ótimo e deve melhorar, porque depende da convivência. Vamos nos conhecer aos poucos, devagar e teremos que passar para nós mesmos como encarar esta situação. Aconteceu. É difícil de assimilar, mas com a convivência irá surgindo o amor, a gente aprenderá a se gostar”, diz mais. 

De acordo com Douglas, ás vezes sua mãe falava o primeiro nome de Edmilson, lembrando que ele um dia prometeu de voltar. “Ela falava pouco dele, mascomentou algumas vezes uma frase que ele teria dito: 'Passe o tempo que passar eu volto pra ver ele', mais falou isso  raras vezes e nunca tocava noutras situações”. 

 Outra surpresa para Douglas foi saber que tem uma irmã, Valéria, na cidade de Imperatriz, no Maranhão. “Tudo é novo para mim. Pude conversar com uma irmã de me pai – no caso, minha tia -, lá no Recife. Para ela também foi novidade. Tudo é novo para todos nós e a partir de agora vamos montando uma história que não sabemos como vai terminar. A família vai aumentar. Quem sabe não apareçam mais filhos, outros irmãos meus!!”, exclama com uma boa risada. 

Douglas Marcelo Silva,filho de Regina Maria Silva, é casado com Leidiana da Silva, pais de Amanda Fernanda, de 12 anos.