O cinegrafista, Valdimar Sisconeto, 55, morreu vítima de câncer, na madrugada da segunda-feira, 24, em Uberaba, onde fora internado na madrugado do domingo, 23. Trasladado para Sacramento, seu corpo foi velado por familiares e amigos e, após as bênçãos proferidas por pastores de sua Igreja, foi sepultado às 16h, no Cemitério São Francisco de Assis.
Valdimar morreu como viveu, serenamente, depois de lutar com todas as forças contra um câncer que o acometia há mais de dois anos. Como era grande seu amor à vida, nunca se deixou abater. Manteve sempre a expressão de felicidade que sempre demonstrava com o riso estampado no rosto e, sempre com o humor sutil que só ele era capaz de passar a quem o rodeava.
Valdimar lutou bravamente enquanto pôde, dando-nos lições de esperança. No velório, sua expressão serena era a de um homem que cumpriu aqui sua meta e que seguia em paz, como se dissesse: “Combati o bom combate, acabei a carreira. Já é tempo de deixar esta vida. Fiz o melhor que pude na corrida, cheguei até o fim, mas sempre conservei a fé”.
Valdimar foi para junto de Deus e hora dessas já deve estar clicando e captando belas imagens do que foi capaz de plantar, enquanto esteve entre nós. Deixa, é claro, um grande vazio e uma saudade imensa na esposa Márcia, no filho Valdimar Alexandre, nos familiares e nos amigos, mas deixa, sobretudo, a certeza de que viver bem é construir um cantinho no coração de Deus.
A trajetória de vida
Valdimar Sisconeto, que completou 55 anos no dia 9 de agosto, nasceu na vizinha Conquista, filho de Júlio Alexandre Sisconeto e Guiomar Bandeira, pais de outros dez filhos: Osmar, Lindomar, Aurimar, Cinomar (falecido), Claudionor José, Gilmar (falecido), Creusa, Elza, Lourdes e Idmaura.
Em Uberaba, Valdimar completou o segundo grau e partiu para o trabalho como chefe de tráfego na Real Expresso. Mais tarde, motorista do caminhão do irmão Lindomar, do qual se tornou sócio numa carreta, até comprar o seu próprio caminhão. Diversificando a atividade, se tornou sócio de Lindomar numa Madeireira em Conquista e, por fim dono da Shekiná Produções e Shekiná Spasso festas.
Grande parte dessa trajetória de vida foi compartilhada com a esposa Márcia com quem se casou há 22 anos (14/07/1990), na Catedral Metropolitana de Uberaba. Da feliz união, nasceu Valdimar Alexandre Fernandes Sisconeto, 17.
14 anos registrando histórias de pessoas e da cidade
Valdimar era um apaixonado pelo que fazia e sempre gostou de equipamentos eletrônicos. De acordo com a esposa Márcia, as filmagens começaram em Conquista. “Valdimar comprou uma filmadora para filmar a família e amigos. Os amigos, então, começaram a pedir para filmar aniversário, noivados, festas familiares. Mas ele não se conformou em só filmar e entregar a fita sem edição, aí comprou os equipamentos que na época eram uma mesa de edição, mas, o curioso de tudo isso é que ele foi autoditada. E assim surgiu tudo, a Shekiná Produções com quatro câmaras Full HD, três computadores, dois projetores, enfim tudo de que um Studio necessita”.
Há 14 anos, Valdimar e Márcia deixaram a Madereira em Conquista e mudam para Sacramento, mas sempre com os “pés no chão”, Valdimar continuou com o caminhão próprio até que a e Shekiná cresceu e ele não tinha como continuar no trabalho de transporte de cargas.
De acordo com a esposa, o início das produções cinematográficas foi difícil. “No inicio foi difícil, até as pessoas conhecerem o nosso trabalho e confiar, mas após quatro anos, a cada trabalho realizado era uma conquista e hoje temos o reconhecimento e o respeito pelo profissional que ele se tornou. Valdimar se realizou como cinegrafista, a população o admirava e respeitava”, conta Márcia.
Valdimar amava o que fazia e muitas vezes se emocionou com o reconhecimento pelo seu trabalho. “Um deles foi o documentário dos 100 anos de Conquista, quando já estava em tratamento. A prefeita Vera Guardieiro elogiou muito o trabalho, apesar da doença que já estava enfrentando. Outra grande emoção foram as filmagens da primeira barqueata de Na. Sra. Aparecida, no rio Grande, realizada também durante sua doença, recorda emocionada a esposa Márcia.