Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Ao 25 anos, Danilo emagrece 120 quilos: “Sou uma nova pessoa!”

Edição n° 1294 - 27 Janeiro 2012

O jovem Danilo José Cruvinel, 25, sofria com a obesidade, principalmente pelo fato de sua gordura impedi-lo de uma série de prazeres, em especial a prática de esportes. Por mais simples que fosse o exercício, o esforço despendido era incomensurável, como se estivesse transportando um grande peso. E Estava mesmo. Chegou a pesar quase 200  kg. 

Foi aí, chegando ao limite, que decidiu se submeter a uma cirurgia de estômago para reduzir o seu peso. E conseguiu, pois perdeu 120 quilos. Isso mesmo, Danilo perdeu quase 2/3 de seu peso. E nunca se sentiu tão bem. E agora só cabe a ele continuar mantendo esse peso, que ele considera normal no seu 1,80 m de altura, pois está se sentindo uma nova pessoa.

Fazendo um retrospecto e voltando à casa da mãe, Irany Bizão Cruvinel, ainda quando morava em Sacramento, conta o jovem que desde criança, tinha tendência à obesidade.  “Eu sempre fui gordinho. Aos 14 anos fui morar fora, muda a alimentação, happy our  todos os dias após a faculdade e haja churrasco e cerveja. Não deu outra, já com tendência, comecei a engordar, principalmente porque comecei a consumir alimentos que proporcionam ganho de peso. Eram só lanches e aí veio a bebida. Nos oito anos em que estive fora de casa, engordei 80 quilos e cheguei a 180. Eu engordei 10 quilos por ano, praticamente. A gordura começou a me incomodar, eu não aguentava mais ficar de pé. Meus joelhos doíam muito, eu não conseguia dormir, ficava ofegante. Um dia,  tomei a iniciativa de procurar um meio de perder peso ou eu fazia isso ou morreria”, contou.

A solução encontrada foi radical. Nada de exercícios e regime. “Decidi me submeter a uma cirurgia de redução do estômago, em Uberaba, com doutor Luiz Flávio. Graças  a Deus não tive nenhum problema e estou bem, 120 quilos mais magro”, disse, exibindo até um certo orgulho pela decisão tomada. 

Falando sobre a cirurgia, Danilo explica que antes do procedimento, o paciente passa por vários exames, inclusive uma orientação psicológica. “Na verdade, fui atendido por uma junta médica, uma série de procedimentos para ser liberado para a cirurgia e um acompanhamento antes e no pós-operatório, porque é preciso mudar os hábitos alimentares. Tenho feito revisão e está tudo ok”, contou mais, satisfeito.

Ainda  segundo Danilo, a cirurgia consiste em fazer um desvio em parte do estômago para o intestino. “Essa cirurgia não tem corte no estômago, os médicos fazem um desvio chamado Bypass. Na verdade a gente fica, digamos, com dois estômagos, ambos cumprindo o seu papel, cada um com sua função. É uma cirurgia simples, feita por vídeo, nem cicatriz fica. A recuperação é muito rápida, e a perda de peso é grande. Logo após a operação, eu perdi 71 quilos”, explicou. 

 

Danilo dá lição de força de vontade e alerta para os cuidados com a saúde e o corpo

 

“Já o pós-operatório – afirmou mais - continua com acompanhamento médico, mas depende muito mais de você. Há um ano e meio não consumo mais álcool e pratico atividades físicas constantemente”. Contou, sorrindo, que agora virou até trilheiro. Ele que jamais sonhara subir numa moto aos 180 quilos, hoje tem uma moto para fazer trilhas. “Tenho que exercitar, movimentar e ter bons hábitos para ter os benefícios e viver vida nova, aproveitar os benefícios da cirurgia. Hoje, peso 84 quilos. Como de tudo, a cada duas a três horas.  A reeducação alimentar é grande”, garantiu.   

Agora, Danilo aguarda para fazer uma plástica, complementando a cirurgia, o que lhe daria um corpo semelhante a de um jovem aos 25 anos, não completamente 'sarado', mas com tudo no lugar. 

“- Como a gente perde muito peso gera flacidez, só que eu passei a andar muito de bicicleta e praticar academia e como sou jovem isso ajudou muito. Mesmo assim, ainda sobram alguns excessos, mas é coisa que não atrapalha, não gera incômodo, mas vou fazer a plástica para me sentir bem”, disse, deixando um alerta para todos manterem o plano de saúde em dia. “O gasto que tive foi manter as mensalidades de meu plano de saúde, em dia. O plano pagou tudo. Mas o maior alerta que faço é para que se cuidem, e quem decidir a se submeter a esse tipo de cirurgia tem que se dedicar, senão não adianta nada. Após dois meses, o médico me liberou para atividades físicas e peguei pra valer. Tem que se cuidar para estabilizar o peso. Se a gente não se cuidar, ninguém cuida, não”, alertou. 

Danilo mede 1,80m e pesa atualmente 84 quilos. “Estou no peso ideal, não posso perder mais, caso contrário começam a gerar outros problemas. Vou me manter nesse peso”, disse convicto, levantando a camisa e mostrando alguns 'pneusinhos' que pretende tirar logo. 

 

O alerta sobre o alcoolismo

 

Danilo comprova que o álcool é o vilão no aumento de peso. “Cada copo de cerveja tem 90 calorias, imagine beber aí, 30, 40 copos por vez. A mantença do nosso organismo são 2.500 calorias, some-se a isso a bebida e os alimentos. Sem contar que a pessoa começa a beber e não come, aí ela se torna um alcoólatra”, explicou, alertando que muita gente tem problema com álcool por causa disso. “A pessoa bebe, bebe e não come e isso gera a compulsão. Por isso a minha opção de não voltar ao álcool”, afirmou decidido.

Danilo falou também do desconforto sexual que passou a ter devido a sua gordura e chegou a confessar: “Pessoas gordas em excesso não têm uma vida sexual ativa comparada a uma pessoa com o peso normal. O pior é que a gente perde a coragem de arrumar namorada, a gente tem medo de levar um não e quando a gente é descartado, desconta no álcool, ele passa ser a válvula de escape”. 

Danilo se sente hoje um homem realizado. “Se quase aos 200 quilos não tinha uma vida normal, com uma série de impedimentos, hoje, afirmo convicto que minha vida é normalíssima. Por opção minha, parei de beber definitivamente. Não sinto falta. Saio, vou a festas e descobri que não preciso do álcool. Minha vida está muito melhor com a perda de peso e com tudo o que tenho realizado. Como de tudo, nada é proibido, posso comer doces refrigerantes, mas tudo dentro de limites. Como doces duas vezes por semana, refrigerante que é muito calórico, só final de semana,  o que manda mais são os sucos naturais. Estou bem, muito bem, graças a Deus, aliás, sinto-me muitíssimo bem”, afirmou alegre, ao lado da mãe Irany.

 

Hoje, agrônomo, tem com o irmão uma empresa de grãos 

 

Danilo saiu de Sacramento para Rio Verde (GO), aos 14 anos, para fazer o curso de Técnico Agrícola. Depois, formou-se em Tecnologia em Produção de Grãos e fez a seguir o curso superior de Agronomia. Hoje, junto com o irmão técnico agrícola, Dênis Alexandre, administra uma empresa de grãos, a Central Sementes, com escritório central de vendas em  Silvânia (GO) e filial em Rio Verde.  

Atuando nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, a dupla trabalha com vendas de sementes, principalmente, de soja. “Fazemos também o acompanhamento das lavouras,  porque isso garante o pós venda. Minha vida hoje, embora seja de viagens, cada dia me alimentando em um restaurante diferente, sigo rigorosamente minha dieta alimentar que me permite, como disse, comer de tudo, e ficar permanentemente sem fome e sem vontade”, explicou.

Revelando, por fim, um lado bem positivo da decisão tomada ao emagrecer. “Logo após a cirurgia, arrumei uma namorada muito bonita, o que antes era meio impossível”, contou dando uma boa risada e convicto de que fez a coisa certa, disse: “A aparência ajuda demais. Com certeza, fiz a coisa certa ao me submeter à cirurgia”.  

Aproveitando uns dias de férias, Danilo deu uma passada por Sacramento para rever a família e os amigos e comenta a impressão que causou. “Muito gente que me conhecia sempre muito gordo, estranhou muito e comentou também. Na verdade, muitos amigos nem me reconheceram quando me apresentava elas ficavam surpresas ao lembrarem do que eu era e o que sou hoje. Minhas calças eram nº 66, hoje, 42, camiseta era o XXXX, a maior que tivesse. Eu tinha dificuldades em encontrar roupas. Hoje mudou tudo! E realizei um sonho que era ter uma bota nas 'canelas' e não podia ter, porque não conseguia calçá-las e nem me cabiam. E hoje tenho essa bota. Minha vida é normal”, afirmou mais com um grande sorriso. 

A mãe, Irany Bizão, que acompanhou a entrevista falou do apoio que deu quando o filho optou pela cirurgia. “Havia muitos prós e muitos contras. Cada um falava uma coisa, mas eu apoiei a sua decisão, porque a vida dele estava por um fio. Eu via como ele estava. Mãe tem o maior ciúme dos filhos e eu sofria. Mas acho que sofria mais por vê-lo gordo, aquilo me doía muito. Às vezes ficava indecisa porque ouvia muita opinião contra e ficava angustiada, mas no fundo eu queria vê-lo alegre e feliz, como um jovem normal da idade dele”, contou.

Lembrou mais Irany que sofria muito, porque via o filho infeliz. “Mãe conhece, eu sentia que ele era infeliz, sofria demais. Então, valeu a pena. Hoje ele está feliz, a vida dele mudou muito. Quando ele chega, faço as coisas que gosta de comer, mas ele come um pouquinho só. Às vezes até falo, “você não comeu nada”,  mas fico feliz por vê-lo bem, outra pessoa. Torço por ele e estou muito feliz também”, finalizou.