Antonina Florentino, 74, a Purunga Costureira, é uma das pessoas que está sempre nos bastidores do carnaval. É uma daquelas pessoas que trabalha, trabalha e trabalha para levar a beleza para passarela. Purunga, há mais de 20 anos é a responsável pelo feitio da roupa do Rei Momo e da Rainha do Carnaval. “É a maior alegria para mim. Chega janeiro já aviso para as clientes de costura: 'Agora vou me dedicar à roupa do rei e da rainha do carnaval'. Tenho paixão por esse trabalho. Mas eu não faço só a roupa, ensaio com eles, boto a música tocar e ensaio os trejeitos. Eles saem prontinhos da minha casa. Lá eles maqueiam, se vestem... Espero esse momento com alegria todos o os anos e depois desço pra vê-los entrar na passarela. É uma emoção grande”, conta.
Mas o envolvimento de Purunga com o carnaval tem muito mais de 20 anos. Ela faz parte da velha guarda da escola de samba XIII de Maio, foi membro da diretoria muitos anos. Aliás, ela começou antes da XIII de Maio, que tem 52 anos. “Ih, faz anos que estou envolvida no Carnaval. Lembro-me da Conceição, dos desfiles que saíam lá da Gameleira (Praça Edalides Milan). Naquele tempo, as coisas eram difíceis. Não tinha essas belezas esses brilhos de hoje. Não havia fantasias. Quem podia comprava um paninho e as mulheres faziam as roupas e enfeitavam com fitas. Quem não podia, pegava uma roupa que tinha em casa mesmo e a gente enfeitava com fitas coloridas.
Lembra Purunga que a maior parte dos foliões se vestia em sua casa. “O pessoal que ia desfilar vestia lá em casa. E era a maior festa, a maior alegria. Eles vestiam e iam pra Gameleira pra descer desfilando, tocando e cantando. Depois, veio o XIII de Maio, mas não mudou muito não. Mudanças, mudanças mesmo só vieram bem depois e chegou no que é hoje. Tem muita facilidade hoje em dia, tem o dinheiro que compra tudo, além de coisas muito bonitas. É muito fácil trabalhar hoje, tudo fica muito lindo. Acompanhei todas essas mudanças”, recorda com saudade.
Mas Purunga recorda também uma outra fase, de outros feitios para o carnaval. “Costurei muito para o pessoal daqueles blocos do Sacramento Clube: 'As Fantásticas', 'Bloco do Sabonetão', além de vários outros. Fiz muita roupa para carnaval, depois parei um pouco, até que depois de uns tempos, me chamaram pra fazer a roupa do Rei Momo e da Rainha do Carnaval”.
Purunga nunca desfilou na passarela, mas diz que vive as emoções como se lá estivesse e este ano foi jurada nos quesitos comissão de frente e ala das baianas.