Falando um inglês fluente, o jovem Natan Araujo Moura Leite, 18, filho de Joel e Izabel, chegou dos EUA, exatamente de Boyne City, no estado de Michigan, onde esteve durante um ano como intercambista rotariano, vivendo os costumes e a cultura estadunidense.
Aluno exemplar, Natan conquistou a vaga como intercambista do Rotary Clube e voou para os Estados Unidos com um único objetivo: estudar, vivenciar o modo de vida de um dos mais adiantados países do planeta e aperfeiçoar a língua inglesa. E para gáudio de seus pais, brilhou. Natan foi homenageado na Boyne City High Scool, por ter se destacado entre os principais alunos do ano letivo 2010/2011 com o diploma Academic Excellence, na cerimônia de formatura da turma.
Já em Sacramento, em casa ao lado dos pais e do irmão Gabriel, recebeu o ET para contar da viagem. “Foi uma experiência fantástica, embora eu estivesse cursando o segundo ano aqui, lá eles me mandaram para o terceiro ano, para viver uma experiência maior, participando inclusive do baile de formatura. Lá eu participava de atividades escolares e atividades rotárias”, diz Natan.
Residindo numa cidade bem pequena, pouco mais de três mil habitantes, Natam se surpreendeu pelas atividades cumpridas ao longo do dia. “Por ser uma cidade turística, há muito o que fazer. Boyne City fica próxima a um lago e é muito procurada pelos campos de golf e está próxima a uma cidade onde está um dos melhores resorts para esquiar, Boyne Falls, há cinco minutos. Para chegar a cidades maiores, é questão de meia hora de carro”, conta.
Muita coisa chamou a atenção de Natan, com destaque para a escola, que embora sendo de cidade pequena é de excelente qualidade, com ótima estrutura. “É uma escola pública mas todas as salas são dotadas de datashow, computadores, inclusive para os professores. Professor não precisa comprar material, eles recebem recursos para isso e o material serve também para os alunos. O estudo é muito puxado. São três trimestres e o alunos têm as mesmas aulas todos os dias, a cada mudança de trimestres mudam as matérias. As aulas começam às 8h e vão até as 15h. Depois, os alunos fazem atividades extracurriculares, oferecidas pela própria escola. Os alunos podem escolher entre teatro, música, dança, esportes. Eu escolhi teatro e atletismo”, revelou.
Nos 11 meses de aula, Natan não conheceu todos os colegas e turma. “Éramos 100 alunos, mas como cada aluno escolhe as aulas que vai assistir, a gente não se encontrava. Obrigatórias são as matérias matemática e inglês em todos períodos, as demais matérias são à escolha dos alunos, de acordo com sua opção escolhida no curso superior. Existem avaliações normais e até reprovações, porém são mais difíceis. Há um tempo para estudar antes e é bem mais fácil, porque como as mesmas aulas acontecem todos os dias, os professores estão sempre ali, fica mais fácil ”, diz, aprovando o sistema.
Natam prossegue afirmando que o ingresso na faculdade também, é bem diferente. “No final do 3º ano, as faculdades oferecem os cursos, distribuem vários papeis que são preenchidos e o aluno faz... tipo uma redação sobre o que eles pretendem cursar. Aí são avaliados e a Faculdade decide se serão admitidos ou não. As faculdades levam muito em conta as notas e a participação dos alunos em atividades extra-curriculares e atividades sociais. Mas tem uma coisa, as Faculdades ficam longe, cerca de três horas de viagem, entretanto muito jovens optam por outras cidades mais distantes. Eles ficam loucos para sair da cidade, procurar centros maiores, e esse é um dos motivos de a cidade de Boyne City ter tão poucos habitantes. Como Sacramento, por falta de mercado de trabalho e em busca dele, os jovens são obrigados a deixar sua terra natal”, reflete.
‘Jovens norte americanos têm uma vida diferente...’
“Os jovens de Boyne Citiy vivem bem diferente dos brasileiros”, observou Natan, resumindo uma análise: “Eles são muito envolvidos com escola, atividades extracurriculares, são muito politizados, são engajados em serviços sociais, assistem a noticiários e são muito família. E uma coisa que me chamou a atenção é que menores de 21 anos não saem à noite, não bebem bebidas alcoólicas. Aliás, bebida alcoólica é muito controlada, são poucos os lugares que podem vender e só para maiores de 21 anos. À noite os jovens saem para ir a casa de amigos. Não há festas como aqui. Durante o dia, eles nadam, andam de barco, jogam golfe. Na nossa formatura teve baile, mas tudo supervisionado pelos professores e pais. Sem nenhum tipo de bebida alcoólica. É muito diferente do Brasil”.
Mas a vida de Natan não foi de estudo e reuniões, ele fez algumas viagens, por exemplo, para o Alabama e um tour com intercambistas. Outra coisa que chamou a atenção de Natan, que adora um rock, é o ecletismo musical do jovem estadunidense: “Eles ouvem desde country, música clássica, jazz. A cidade tem duas rádios uma de rock e outra de pop. Também a população é mais adulta, os jovens ficam loucos para sair de Michigan e, na religião, percebi que a igreja protestante tradicional, Batista, Anglicana são predominantes”.
Em síntese, Natan gostou da experiência, revelando outra diferença no relacionamento. “O pessoal é bem parecido com o Brasil ao se relacionarem, receptivos nos cumprimentos, só que não tem aquele negócio de ficar abraçando. Não se mostram preconceituosos, embora façam bastante distinção entre brancos, negros e latinos. Mas não há intolerância”, conta, destacando que às vezes era difícil agüentar a saudade de casa: “Principalmente quando não havia nada pra fazer. A gente sente muita falta. É muito bom voltar”.
Embora a saudade do Brasil e o desejo de voltam tenham sido grandes, Natan não esconde o desejo de um retornar a Boyne City, a passeio. “Quero voltar, rever as pessoas, mas não no inverno, porque o inverno foi a pior coisa que vivi nos Estados Unidos. Devido aos lagos, o inverno é mais longo e mais intenso, passei seis meses de frio”, afirma, revelando outro desgosto. “Não gostei muito da comida. É muito sem sal, sem gosto. A carne tem um tempero especial que eles fazem. Comem muito macarrão com manteiga, e arroz e feijão são coisas raras. E tive a oportunidade de cozinhar, fiz doce de leite, eles adoraram, fiz também um risoto e um bolo. Tive que me virar, mas ficou bom”, relata.
O estado de Michigan localizado na região centro-oeste dos Estados Unidos é um dos líderes nacionais da indústria de manufaturação. Lá está a maior indústria automobilística do país, em Detroit, o maior produtor de carros e caminhões dos Estados Unidos. Além disso, Michigan é o segundo maior produtor de ferro do país.
Michigan é conhecido também como The Great Lakes State - O Estado dos Grandes Lagos, porque limita-se com quatro dos cinco Grandes Lagos. Seu litoral possui 5.292 quilômetros de extensão, e é um dos mais extensos de todo os Estados Unidos. Assim sua economia está centrada no automobilismo e no turismo na região dos lagos.