O sacramentano Ricardo Rezende Cordeiro, médico radicado em Araraquara e desportista do ciclismo, completou 60 anos no dia 12 de maio e comemorou a data de forma bastante inusitada: veio pedalando os quase 300 km que separam Araraquara de sua terra natal.
A façanha é resultado de uma meta proposta por ele mesmo, a de receber três medalhas de sua mãe: bronze, aos 60 anos; prata aos 70 e ouro aos 80. E, ao encontrar com a reportagem do ET no trevo do bairro Santo Antônio, no entardecer do dia 13 de maio, declarou, demonstrando a garra de um garoto: “A medalha de bronze vim buscar hoje. Agora tenho 10 anos para me preparar e receber a medalha de prata”.
E de fato, Ricardo era esperado na porta das casa dos pais, Jorge Cordeiro e Amália Rezende, junto com os sogros, Geraldo Loiola e Nidi e a esposa Rita, que foi o suporte nos quase dois dias de viagem.
Quanta emoção ao receber o abraço dos progenitores e a medalha na fita de crochê feita pela mãe, Amália! Tudo isso com direito a fogos de artifício e banho de champanha pela mulher , Rita.
Dona Amália era só felicidade! “É uma emoção muito grande, meu filho mais velho completando 60 anos...”. E a esposa Rita completando: “São sempre muito boas e prazerosas essas viagens e vou continuar acompanhando-o nas viagens como fiz até hoje, vou estar com ele nos 70, nos 80..., se Deus quiser”.
Para Ricardo foi uma emoção única. “Foi muito bom, faz 15 anos que eu me preparo para isso e agora tenho mais 10 anos pra me preparar para os 70. Receber essa medalha em Sacramento é tudo de bom. Essas medalhas são um sonho, uma meta de vida, porque na verdade não é simplesmente pegar a bicicleta e sair pedalando. Pra gente fazer isso, temos que superar muitas coisas, viver de maneira diferente’, aconselha.
Segundo o médico, bicicleta é filosofia de vida. ‘E‘la dá lições de vida, é preciso ser paciente... E a vida é assim, cheia de subidas, descidas, obstáculos, acostamentos, falta de acostamentos, planejamentos. A vida é assim e o importante disso tudo é que a gente busca metas e eu atingi a minha primeira meta: a medalha de bronze”, afirmou.
Ricardo saiu de Araraquara no dia de seu aniversário, na quinta-feira, 12, às 7h30 da manhã, pernoitou em Batatais e terminou os restantes 170 km no dia 13, por volta das 17h30 na casa dos pais. “Não quero festa, nada. Mamãe perguntou o que eu queria de presente e eu lhe pedi uma fita de crochê pra pendurar a medalha. Aliás, pedi três, a fita para as medalhas de prata e ouro já estão prontas. Vou receber minhas três medalhas...”, disse eufórico, enquanto a esposa Rita lhe dava um banho de champanhe.
Aos 60 anos, Ricardo tem um preparo físico, que só os grandes desportistas têm e explica a razão desse preparo. “Eu rodo muito, pedalo quatro a cinco dias por semana, tenho treinamentos em bicicleta estacionária. Não paro. Faço toda uma preparação, porque nessa idade, se parar perco todo o condicionamento. Não tenho, graças a Deus, nenhuma restrição, nenhum problema de doença, então vamos pedalar”, disse, sem aparentar nenhum cançaso
Para ganhar a medalha, viajou em duas bicicletas, uma Pinarello e uma Mountain Bike Giant. A primeira, usou na estrada de Araraquara até Franca, com pistas duplas e bons acostamentos. A segunda, usou de Franca a Sacramento, onde a 'estrada', segundo ele, é bem ruim. “Se não fosse essa bicicleta eu teria trabalho, porque o acostamento é semi asfalto, usei um pneu slick, mais fino, mas resistente”, conta, acrescentando que estranhou a grande movimentação na rodovia de acesso a Sacramento naquela tarde. “Acho que é pelo horário, era muito carro, caminhões, pensei até em atalhar por uma estrada vicinal, mas enfrentei assim mesmo”, explica.
Ricardo não se esqueceu de destacar o apoio da esposa. “Sempre foi assim e não poderia ser diferente nessa data. Ela vem no suporte, trazendo roupas, bicicleta, pneu, câmaras e o principal, que é o apoio, a certeza de que a cada ponto previsto a gente encontrava alguém à espera”.