Imaginem o mundo há 80 anos atrás... 1930. No cosmos, descobre-se um novo planeta o pequeno e distante Plutão... Nas terras benditas de Maria Ausente, nasce uma estrela. No dia 06 de junho vem à luz, no lar de Itagiba José Cordeiro e Delfina Fidelis Cordeiro, a caçula de uma irmandade de 13 irmãos, a esperta menina, Maria Ana.
De Maria, ela herdou o significado de 'Senhora, Soberana' e de Ana, ela sempre foi 'Cheia de Graça e Benéfica'. Foi sempre uma 'Senhora Cheia de Graça', por isso, Maria Ana tornou-se Mariana.
Por todas essas Graças geradas de suas mãos sagradas, Mariana, os seus nove filhos, Rita, Totó, Dadace, Delfina, Curão, Carminha, Biba, Ana Maria, João – e claro, aqui também na lembrança e no coração de todos, o inesquecível Alexandre Demartini, o Nenê...
A eles também se juntando a neta, filha do coração, Arlete, genros e noras, os oito netos e mais dois bisnetos ... para te oferecerem nesta noite, uma grande roda de amizade e carinho pelos seus belíssimos 80 anos.
Esta homenagem, Mariana, vem escrita numa página diferente de todos os outros aniversários. Ela vem com um parabéns especial! É uma página de reminiscências de familiares e amigos da querida aniversariante, que soube dar cor e alegria à vida nesses 80 anos.
Vida que misturou dias feitos de risos e lágrimas, alegrias e tristezas, presença e ausência, mas sobretudo dias de fé em Deus todo poderoso, que tudo pode. Como na sua frase célebre: “Entrega prá Deus, Deus tudo proverá”. Nessas palavras, Mariana, talvez sem saber, a jovem que um dia quis ir para o convento, repetia de forma singela, na prática da fé, o evangelho de Jesus: “Procurai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua Justiça, e o resto vos será dado em acréscimo”.
Apesar das dificuldades da época, a vida lhe foi generosa. Cresceu alegre e risonha o que lhe rendeu grandes amigas que recordam bem da adolescência da 'sapeca' Mariana. Uma dessas amigas é a cunhada Amália Resende Fidélis: No seu jeito delicado e cuidadosa para não constranger a cunhada, Amália vai tecendo lembranças felizes da vida peralta de Mariana.
“- Um dia – recorda Amália - ela cismou de ir para o convento, em Amparo, no Estado de São Paulo. Aí ela fez um cartãozinho se despedindo do mundo. O João Cordeiro, a Jandira e a Bela fizeram o enxoval dela. Todo mundo ajudando...’’ ‘‘Teve até despedida no bota-fora”, recorda também a amiga Hebe Portella. Ela, firme na vocação, mas sem convencer nem mesmo os familiares, lá foi ela. Não durou três meses...
E muitas outras histórias foram tecidas ao repórter, nas reminiscências também da sobrinha Bá Lavor.
Viúva com quarenta e poucos anos, nove filhos, ela soube educá-los, na pobreza, mas com o maior carinho do mundo. A sobrinha Dinha Demartini lembra Mariana como um ‘Anjo’ na vida de sua família. “A sua filha Ana foi para Olga, minha irmã, a filha que ela não teve, e para todas nós aqui em casa, uma presença que alegrou sempre nosso lar”.
Depois de oito filhos, o irmão médico recomendou a Mariana para não se engravidar mais... Mas naquela época sem a comodidade prática dos dias de hoje... lá escapuliu o filho caçula, João. E veio logo a bronca do irmão João Cordeiro: “Eu não te disse que você não podia ter mais filhos? Cadê os remédios que eu te dei?” – pergunta. Na sua doce alegria, responde ao irmão: “Está tudo guardado”, para arrepio do médico.
Terminamos, Mariana, estas palavras, com um lindo poemeto que a amiga Hebe Portela, te dedica:
“De que são feitos os dias?
Dos pequenos desejos,
vagarosas saudades, silenciosas lembranças.
Lá na grimpa dos galhos
que se agitam na mangueira frondosa está a menina
Maria Ana a balançar...
Hoje, Maria Ana,
matriarca de 80 anos
bem vividos,
com uma prole considerável de fazer inveja,
é uma criatura amada
e querida.
Mas você não cresceu,
não envelheceu,
pois em minha memória,
e bem lá dentro do peito,
eu sinto e vejo:
Você é e será sempre
a menina Maria Ana
que habitou
e fez história
na nossa infância!...”
Do Jornal ET