Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Os 80 anos de Maria Ana Cordeiro

Edição nº 1209 - 11 Junho 2010

Imaginem o mundo há 80 anos atrás...  1930.  No cosmos, descobre-se um novo planeta o pequeno e distante Plutão... Nas terras benditas de Maria Ausente, nasce uma estrela. No dia 06 de junho vem à luz, no lar de Itagiba José Cordeiro e Delfina Fidelis Cordeiro, a caçula de uma irmandade de 13 irmãos, a esperta menina, Maria Ana. 

De Maria, ela herdou o significado de 'Senhora, Soberana' e de Ana, ela sempre foi 'Cheia de Graça e Benéfica'.  Foi sempre uma 'Senhora Cheia de Graça', por isso, Maria Ana tornou-se Mariana.

Por todas essas Graças geradas de suas mãos sagradas, Mariana, os seus nove filhos,  Rita, Totó, Dadace, Delfina, Curão, Carminha, Biba, Ana Maria, João – e claro, aqui também na lembrança e no coração de todos, o inesquecível Alexandre Demartini, o Nenê...

A eles também se juntando a neta, filha do coração,  Arlete, genros e noras, os oito netos e mais dois bisnetos ... para te oferecerem nesta noite, uma grande roda de amizade e carinho pelos seus belíssimos 80 anos.

Esta homenagem, Mariana, vem escrita numa página diferente de todos os outros aniversários. Ela vem com um parabéns especial! É uma página de reminiscências de familiares e amigos da querida aniversariante, que soube dar cor e alegria à vida nesses 80 anos.

Vida que misturou dias feitos de risos e lágrimas, alegrias e tristezas, presença e ausência, mas sobretudo dias de fé em Deus todo poderoso, que tudo pode. Como na sua frase célebre: “Entrega prá Deus, Deus tudo proverá”.  Nessas palavras, Mariana, talvez sem saber, a jovem que um dia quis ir para o convento, repetia de forma singela, na prática da fé, o evangelho de Jesus: “Procurai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua Justiça, e o resto vos será dado em acréscimo”. 

Apesar das dificuldades da época, a  vida lhe foi generosa. Cresceu alegre e risonha o que lhe rendeu grandes amigas que recordam bem da adolescência da 'sapeca' Mariana. Uma dessas amigas é a cunhada Amália Resende Fidélis: No seu jeito delicado e cuidadosa para não constranger a cunhada, Amália vai tecendo lembranças felizes da vida peralta de Mariana. 

“- Um dia – recorda Amália - ela cismou de ir para o convento, em Amparo, no Estado de São Paulo. Aí ela fez um cartãozinho se despedindo do mundo. O João Cordeiro, a Jandira e a Bela fizeram o enxoval dela. Todo mundo ajudando...’’ ‘‘Teve até despedida no bota-fora”, recorda também a amiga Hebe Portella. Ela, firme na vocação, mas sem convencer nem mesmo os familiares, lá foi ela. Não durou três meses...  

E muitas outras histórias foram tecidas ao repórter, nas reminiscências também da sobrinha Bá Lavor. 

Viúva com quarenta e poucos anos, nove filhos, ela soube educá-los, na pobreza, mas com o maior carinho do mundo. A sobrinha Dinha Demartini lembra Mariana como um ‘Anjo’ na vida de sua família. “A sua filha Ana foi para Olga, minha irmã, a filha que ela não teve, e para todas nós aqui em casa, uma presença que alegrou sempre nosso lar”.

Depois de oito filhos, o irmão médico recomendou a Mariana para não se engravidar mais... Mas naquela época sem a comodidade prática dos dias de hoje... lá escapuliu o filho caçula, João. E veio logo a bronca do irmão João Cordeiro: “Eu não te disse que você não podia ter mais filhos? Cadê os remédios que eu te dei?” – pergunta. Na sua doce alegria, responde ao irmão: “Está tudo guardado”, para arrepio do médico. 

Terminamos, Mariana, estas palavras, com um lindo poemeto que a amiga Hebe Portela, te dedica: 

 

 “De que são feitos os dias? 


Dos pequenos desejos,

vagarosas saudades, silenciosas lembranças.

Lá na grimpa dos galhos 

que se agitam na mangueira frondosa está a menina 

Maria Ana a balançar...


Hoje, Maria Ana, 

 matriarca de 80 anos 

bem vividos, 

com uma prole considerável de fazer inveja, 

é uma criatura amada 

e querida. 


Mas você não  cresceu, 

não envelheceu, 

pois em minha memória, 

e bem lá dentro do peito, 

eu sinto e vejo:  


Você é e será sempre

a menina Maria Ana 

que habitou 

e fez história

 na nossa infância!...”  

 

Do Jornal ET