Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

'O Areião virou uma cidade dentro de Sacramento', define Rute

Edição n° 1221 - 03 Setembro 2010

José Sebastião Rezende, o Rute do Areião, é um dos mais antigos moradores do  bairro de Na. Sra. do Perpétuo Socorro e vê com alegria o progresso e pujança  do bairro onde reside há 65 anos. Natural de São João Batista, município de Delfinópolis, filho de Sebastião Bernardes de Rezende e de Ifigênia de Paula Borges,  Rute mudou para Sacramento com os pais aos 5 anos e veio morar na chácara do avô, que já residia no bairro, e nunca mais saiu dali. 

“- Aqui no Areião eu vivi minha infância, adolescência, juventude e tudo o mais. Aqui eu cresci.  Estudei no Afonso Pena, mas sempre morei aqui. Moramos um tempo com meu avô, que tinha uma chácara de lá do córrego. Depois, papai comprou uma chacrinha de cá do córrego  e nos mudamos. Meu avô morreu, alugamos  a  chácara da minha avó e fomos pra lá tocar lavoura, mexer com gado.  Aos 25 anos, me casei com a Tereza, aqui  tivemos nossos filhos, aqui foram criados e aqui estamos até hoje”, conta alegre, recorano a vida feliz que teve com a família. 

Aos 70 anos, Rute ainda dirige a conhecida, “Venda do Rute”, aberta há 45 anos,  ele conta como tudo começou. “O trabalho na lavoura foi ficando muito pesado, aí resolvi tentar uma vendinha aqui no Areião. Ela era na outra esquina, onde estão inaugurando o Posto de Saúde, hoje, e deu certo. Era pouca gente aqui no Areião, poucas casas. Eu abri a vendinha e havia aqui um casal,  lá de  São João Batista, fizemos amizade, o povo de São João vinha passear aqui e de repente começaram a mudar pra cá. Veio vindo gente de outros lugares e o bairro veio crescendo, crescendo. No começo eram umas 15 casas, no máximo”, conta.

Rute lembra de algumas das primeiras famílias que moravam no bairro.  “Lembro da família do Jacommo Magnabosco, a do Virgilão, os Januários e outras.. Só sei que eram poucas. Um dia o padre começou a celebrar missa aqui e virou cidade”, conta , acrescentando que ele foi a primeira pessoa a ter telefone no bairro. “Como aqui não tinha rede, eu tive que pegar a linha lá do Rosário, por minha conta, e trazer até a minha casa.  A rede só chegava ao Seminário do SSmo. Redentor, logo que foi aberto pelo Pe. Antônio abriu, ali onde hoje é a Casa Rosa da Matta”, recorda. 

Segundo Rute, o seu telefone era a serventia do bairro. “Minha venda virou um armazenzinho bem sortido, eu vendia muito. O bairro inteiro comprava aqui e o telefone e o carro eram pra servir as pessoas.  Hoje, o Areião é uma cidade dentro de Sacramento, tem de tudo aqui”,  ressalta.  

O reconhecimento dos moradores do bairro por Rute é grande. Ali ele foi um grande líder e começou com o futebol.  “Criei um time de futebol e o dirigi por 18 anos. Liderei a construção da igreja, no tempo do padre Gil. Eu  sempre lutei pela melhoria do bairro. Fui eleito vereador e aí começamos a conseguir as coisas, o asfalto, a água, que era tudo de poço, veia a energia. Vieram as casas do Parque Sabiá, depois o Paulo Cervato I, 2, e 3 e virou uma cidade depois da ponte.  Aqui era lugar de muita enchente, um  poeirão que fazia dó, gado bravo passando pelas ruas, boiada... A gente quase não acredita nessa evolução e agora a inauguração deste Posto. Isso é muito bom, um beneficio muito grande e enriquece o bairro”, reconhece. 

José Sebastião de Rezende é casado há 47 nos com Tereza Maria de Jesus, pais de três filhos: Ruth, psicopedagoga e Thiago, professor de Física, ambos residentes em Brasília; e Karina, advogada residente em Sacramento, filhos que lhes deram um casal de netos e outro já a caminho.

A companheira Tereza foi sempre o esteio de todas as atividades do marido. “Nós nos casamos e viemos morar aqui. Um ano ficamos na chácara, depois construímos uma casa no centro e mudamos, mas ficava muito longe para o Rute vir pra venda, então decidimos fincar pé aqui. Os meninos nasceram e cresceram aqui. No tempo de eles estudarem, a escolinha havia sido demolida e eles iam lá para a Escola Coronel. Nós os levávamos e buscávamos  a pé, naquele poeirão, tempo de chuva, então... Era um sacrifício... mas vencemos com fé em Deus. Adoro o Areião, amo esse lugar. Se dependesse dos  meninos, nós já teríamos mudado daqui, mas nunca quisemos. O Rute continua tocando a vendinha dele, parte da vida dele está ali. A vida do Rute está aqui no Perpétuo Socorro, desde criança e eu, aqui, vivi boa parte da  minha vida  e aqui estamos envelhecendo e vamos ficar, terminar nossos dias aqui”, declara.