Desde o último dia 13, quem passa pela avenida Cônego Julião Nunes percebe um imenso vazio, sente a falta do olhar cativante daquele que por anos e anos esteve por ali, saudando cada passante, jogando conversa fora com os conhecidos e dando boas risadas. E como tinha histórias de vida aquele homem...
Muito ganhou da vida e também muito perdeu, os pais Valdemar dos Santos, o Buta, a mãe, Cândida dos Santos, amigos e a esposa querida, Geraldina de Rezende Santos, mas a tudo superou...
Nos últimos três anos, ficava ali a contar as horas ao lado da oficina que foi seu abrigo para o ofício de ferreiro durante 65 anos. Ferreiro, profissão quase extinta!
Na pia batismal recebeu o nome de Antônio dos Santos, mas a vida inteira para amigos e conhecidos era o Tokim, que repentinamente tombou aos 78 anos, no dia 13, às 11h30, vítima de infarto.
Tokim iniciou cedo nas lides como ajudante de ferreiro, mas mesmo com muito trabalho não deixava de acompanhar o pai, Buta, nas comitivas para Barretos, Bauru, Andradina e outras cidades do interior paulista. Aperfeiçoou-se na profissão de ferreiro, a ponto de nas comitivas ser o responsável pelas ferraduras da tropa. Fazendo suas próprias ferramentas e adquirindo algumas maquinarias conseguiu montar o próprio negócio, em 1952, ali na avenida Cônego Julião, onde trabalhou até 2006 e parou por motivos de saúde. Ao longo de sua profissão muito contribuiu com Sacramento, a terra em que nasceu e da qual muito se orgulhava.
A profissão que adorava e a oficina deixou-as de herança para o filho e o neto, que prosseguem no ofício ensinado com tanto carinho, como se joalheiro fosse, pois cada peça era malhada com a força e o vigor de quem gosta do que fazia.
Mas não foi apenas a profissão ou bens materiais que Tokim deixou. Foi muito mais, deixou algo que vinha de dentro de si mesmo, um calor humano, uma simpatia imensa, que só os puros de coração são capazes de emanar. Homem simples, trabalhador, direito, ético, amigo, o que o fez muito querido de todos. Por onde passava, deixava sua marca de alegria com suas piadas, brincadeiras e histórias, sobretudo as de boiadeiro junto com o pai... Agora, essas ficarão nas lembranças de todos que as ouviam, familiares, amigos, conhecidos.
Ele, agora, com certeza, está contando-as aos anjos do céu, que estão sentadinhos ao seu redor ouvindo atentos cada trecho de sua fantástica vida e Deus lá do ladinho, mas atento, está pensando “Tokim é realmente um dos meus grandes filhos diletos”.
Tokim, essa primeira parte é a nossa homenagem, do jornal O Estado do Triângulo, com a nossa saudade.
Mas registramos as saudades eternas de seu filho Antônio, da nora Selícia, dos netos Waldeir, Waldirene, Waldineia e seu bisneto Gabriel, que lhe deixam uma mensagem: “Nas paisagens da senda, não há flores, apenas o cascalho se amontoa. Mas, em torno de ti, os irmãos sofredores lembram a paz da fé que os renova e abençoa”.