O funcionário público aposentado, Mário Afonso de Almeida, o velho e querido Marão da Prefeitura, 90, morreu na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, na quinta-feira, dia 4, às 13h00, bem assistido pela equipe médica e enfermeiros, rodeado de amigos, lúcido e, sem dúvida, piedosamente conduzido pelas mãos da Virgem Maria. Após ser velado por familiares, autoridades e amigos, Marão foi sepultado na noite do mesmo dia, apos as bencaos, proferidas por Pe. Wanderlei Izaumi.
Sacramentano, ex- contador da prefeitura, Mário Afonso de Almeida, neto do Coronel José Afonso de Almeida, foi um homem disciplinado, simples, honesto e que não admitia meias palavras. Sua vida foi pautada pelo extremo cumprimento de seus deveres. Não permitia que o dinheiro público, do qual foi guardião incansável, fosse usado indevidamente. Era austero, às vezes ríspido, mas, contudo, primava pelo exemplo de verdadeiro servidor.
Depois de trabalhar alguns anos na Prefeitura de Perdizes, iniciou suas atividades de contador na Prefeitura Municipal de Sacramento, em 1959, na gestão do então prefeito, José Sebastião de Almeida, após cursar Contabilidade Pública em Belo Horizonte, que o habilitou ao pleno exercício de suas funções profissionais. Aposentou-se aos 70 anos de idade, no dia 03 de outubro de 1988, na gestão do prefeito Luiz Magnabosco, “contabilizando” mais de 37 anos de efetivo exercício.
De acordo com o amigo, Éderson Santo Bizinoto, “Mário falava com orgulho de seus tempos de contador, das dificuldades que eram muitas: carência de recursos e de material, política acirrada, mas, regozijava-se de nunca ter tido qualquer transtorno na contabilidade da Prefeitura, junto ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Suas 'contas' eram sempre aprovadas com louvor. Cuidava dos livros contábeis com muito carinho e sempre buscava aprimorar seus conhecimentos em cursos e congressos, principalmente em Belo Horizonte”, conta.
Após sua jubilação, Marão passou a cuidar de um pequeno sítio havido por herança de seus pais e a cultivar muitos amigos. Teve uma vida plena e soube aproveitar de seu lado bom, sendo por isso um privilegiado.
Outra fase importante de sua vida foi a fiel dedicação a Nossa Senhora da Rosa Mística, conduzindo sua imagem a praticamente todos os lares sacramentanos que tinham pessoas doentes, sempre acompanhado da ex-colega de trabalho, Adelina Magnabosco. Era um cristão convicto!
Desde 1997, Mário vinha passando por problemas de saúde, mas sempre superando bem. Em 2006, teve fratura espontânea de fêmur, sendo colocada prótese.
A partir daí não mais conseguiu levar adiante seus projetos. Outras complicações vieram levando-o a permanecer no leito nos dois últimos anos, sem no entanto manifestar inconformismo ou revolta. “Estou ótimo” ou “otimamente bem” – dizia, a quem lhe perguntasse sobre sua saúde.
“Aceitou serenamente sua doença, sem claro, deixar de buscar todo tipo de tratamento médico disponível”, confessa o amigo Éderson, que como tantos outros não o abandonaram. Visitavam-no sempre em seu apartamento no Hotel do Comércio, onde residia há mais de 30 anos.
José Alberto fala do amigo Marão
O ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, amigo particular da família, conviveu mais de perto com o contador durante as três gestões como prefeito da cidade. Desse convívio, reconhece o ex-prefeito, nasceu uma grande amizade. “O Mário, eu já o conhecia há tempos, frequentava a casa dos familiares dele, mas o conheci melhor quando era vereador e, depois, quando fui eleito prefeito em 1971. Ele era uma pessoa muito competente, que me ensinou muito de contabilidade pública, porque eu não conhecia nada de prefeitura”, conta.
Severo na prestação das contas, lembra José Alberto um caso até engraçado do contador. “Quando era vereador, Sergio Resende, o Jamil e eu fomos ao Rio de Janeiro tratar de um financiamento de canos. Quando voltamos, o Mário queria que nós entregássemos até o recibo do cafezinho que tomamos. Ele era de uma lisura muito grande. E quando ele trabalhou comigo na prefeitura, eu lhe perguntava cadê o recibo do cafezinho? Ele me ensinou muito nos dois primeiros anos de governo. Depois ele já não trabalhava na prefeitura, mas foi meu auxiliar, sempre se dispunha a ir ao Tribunal de Contas, porque era muito bem relacionado lá. Ele me ensinou uma grande coisa: ser precavido com as contas públicas. Nunca tive minhas contas reprovadas graças às orientações dele”.
Do relacionamento profissional nasceu uma grande amizade, afirma José Alberto. “Ficamos muito amigos e sempre conversávamos , estávamos sempre nos encontrando. Uma outra fase que tivemos juntos, que foi muito importante para mim, foi quando corremos atrás de Nossa Senhora da Rosa Mística. Fomos a várias cidades.
Prosseguindo, disse Quando a Rosa Mística chegou a cidade, foi ele que a trouxe do Convento Beneditino Nossa Senhora da Gloria, no dia 13 de setembro de 1991. Coloquei-o guardião da Rosa Mística e ele sempre ia à Gruta encerar a imagem e ficou muito devoto de Nossa Senhora. Quando prefeito, eu quis condecorá-lo com a Comenda da Ordem de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, mas Mário não aceitou a homenagem. Ele era uma pessoa muito sistemática, mas muito boa, muito simples, nunca o vi falar mal de ninguém. Ele foi um exemplo pra mim. Ele foi meu mestre.”, disse.
Finalizou tecendo elogios á pessoa de Mário Afonso Almeida. “Ele morreu abençoado, na graça de Deus, teve a oportunidade de fazer isso, confessou com dom Joaquim de Arruda Zanith, presidente da Ordem Beneditina no Brasil, antes de cair acamado. Sou grato a ele e sei que ele vai estar bem, ao lado de Deus”, completou, elogiando a presença dos amigos junto a Mário, sobretudo Éderson Santo Bizinoto e a esposa Márcia e as enfermeiras Inês e Fátima.