Exemplo de filha, exemplo de esposa, exemplo de avó, exemplo de amizade, exemplo de religiosidade, exemplo de trabalho... Poucos adjetivos há para definir Adelina, viúva de José Sandonaide, Zecão, e que juntos criaram os filhos Elisia Rosa (Hugo), Miguel Luiz, Silvania (Antônio Galvão), Eliana (Luizinho), Ângelo (Gleibe) e Moisés, falecido.
Tidos como filhos, os netos, Júlio e Vinícius (quando foram morar com a avó, tinham respectivamente, 4 e 7 anos), ela bem os definiu, em entrevista no mês de julho, ocasião em que completava 80 anos: “Como agradeço a Deus pela minha vida, pelo meu esposo, pelas pessoas queridas que cuidei, pelos meus filhos todos e agora, por esses dois tesouros que moram comigo, esses dois netos, que são como filhos...”. Além de Júlio e Vinicius, Adelina deixa outros 14 netos e dois bisnetos.
A maior parte de vida de Adelina foi ali no bairro do Rosário, ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, para onde se mudou aos 22 anos, já casada com Zecão. Ali, como ela bem disse: “Debaixo dos pés de Nossa Senhora do Rosário. Minha vida nesses últimos 58 anos foram aqui nesta casa. Aqui nasceram todos os meus filhos”.
Ali também Adelina fez amigos, muitos muitos. Ali Adelina ganhou fama de a melhor plissadeira da cidade, profissão que ainda exercia sob encomenda de ateliês de roupas de noivas. Ali Adelina pôs em prática toda a religiosidade herdada dos pais, Miguel Alves Borges dos Reis e Elisia Borges, dos tempos lá da fazenda Rifaininha. “Herdamos uma religiosidade muito grande de papai e mamãe, que nasceu quando todos éramos ainda crianças. Começou ali minha religiosidade, na infância, com as rezas do terço em casa, e as grandes festas dos Santos Reis. Papai era do dia 6 de janeiro, por isso, todo ano havia Folia de Reis na fazenda. Não me esqueço também das festas na cidade, nossas idas e vindas pra cidade de carro de boi, na Semana Santa, na festa de Na. Sra. d'Abadia, outras vezes para assistir às missas”.
De toda essa herança, resultou um grande trabalho na paróquia, sobretudo na Igreja da Mãe, cujo manto sempre fez sombra à sua casa. E foi com essa certeza que ela encerrou a entrevista publicada na edição 1212, de 2/7/10: “Agradeço a Deus por tudo o que recebi na vida. Foi uma vida simples, mas muito feliz. Sinto-me muito feliz e agradecida por tudo o que vivi até hoje...”
Adelina mãe, avó, bisavó, amiga, plissadeira partiu para a casa do Pai deixando um grande vazio na esquina ao lado da praça, nos vizinhos, nos transeuntes, que sempre a viam no alpendre, nas tardes amenas, vai deixar um imenso vazio nos filhos, noras, netos, bisnetos que vêm de férias e, sobretudo em Vinícius, 26, e Júlio, 24, dois meninos, duas crianças, assim vistos pelo coração da avó, conforme ela mesma nos disse ao presenciarmos os dois a pegarem no colo no dia da entrevista. “Olha, o que esses dois meninos fazem, parecem duas crianças...”
Adelina parte com a certeza do Evangelho “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé (…)”. Vá para Deus, Adelina! O céu azulado desse dia 28 de outubro é sinal de que Aquela que sempre esteve ao lado em vida a está acompanhando para a casa do Pai, onde será recebida por um coro de anjos e ela, a Mãe, estenderá o manto que será o consolo para enxugar as lágrimas dos filhos que aqui ficam...
Um abraço carinhoso de fé, de esperança e de conforto ao nosso querido Júlio, que por vários anos esteve como amigo e companheiro nos ajudando no ET.