Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Fernando mata a saudade da 'terrinha' após quatro anos


Fernando Feliciano Jerônimo, 26, uberabense de nascimento e sacramentano de coração, filho dos sacramentanos, Álvaro Luiz Jerônimo - Majé, de saudosa memória, e Leise Feliciano Jerônimo, está em Sacramento, desde meados de março, digamos, matando a saudade da terra, depois de quatro anos morando na Europa.

Fernando Feliciano mostra os dois passaportes que lhe dá dupla cidadania e, abaixo, (2° à dir) com amigos japoneses, que trabalham no mesmo Restaurante.

Primeiro, Fernando foi para Londres, na Inglaterra, em março de 2002, onde residiu durante três anos e saiu em busca de um sonho."Eu conclui o segundo grau, mas não tinha muitas perspectivas, faltava grana, não dava pra fazer faculdade, então fiz as malas e me mandei, porque não havia expectativas por aqui. Fui pra ver como era lá fora e em busca também de alguma coisa melhor", conta, na casa da vovó Norma Feliciano.

E Fernando tem o que contar: "Na Inglaterra, estranhei um pouco em princípio. É um país muito organizado, muito justo e não há aquela frieza que proclamam as pessoas que vão por lá. O inglês trata muito bem o estrangeiro", diz, acrescentando: “Nos três anos que passei por lá, trabalhei, fazendo ´bicos´ em restaurantes e bares, o trabalho típico de turistas", justifica, matando nossa curiosidade. Por que brasileiro só trabalha em bares, não sabe fazer outra coisa? "Não, ocorre que só restam esses trabalhos por lá, os demais cargos já estão ocupados por ingleses.

Assim, o que sobra para turistas de qualquer parte é o serviço nas lanchonetes, restaurantes, bares. A demanda deles é para esses cargos que são chamados de serviços terciários. Nos serviços secundários e primários não há vagas", explicou.

Mas Fernando não ficou por muito tempo como lavador de pratos: optou pela cozinha dos restaurantes e a partir dá foi pegando o jeito. "Aprendi muito da cozinha inglesa, drinks e isso me valeu muito, aliás está valendo...", conta Fernando, que há nove meses tornou-se cidadão italiano, por ser neto de italiano.

Itália à vista

Em fevereiro de 2005, Fernando saiu da Inglaterra e seguiu para a Itália, mas não foi por acaso. "Na Inglaterra eu estava como clandestino, então não tinha muitas regalias, havia o risco de ser pego e ser mandado para o Brasil com a roupa do corpo, a qualquer hora. Mas um dia folheando uma revista italiana, encontrei um artigo dizendo os brasileiros descendentes de italianos, poderiam ter cidadania italiana. Aí entrei de cabeça para conseguir isso. Utilizei a família de meu pai, os Jerônimos, que lá são ‘Jerolomos, e me mudei para a Itália , onde consegui a cidadania há nove meses.
“Após chegar à região de Treviso, busquei advogados que pesquisam certidões de antepassados e, após dois meses, o processo foi montado. E, com o contato que eu tinha na Inglaterra, conseguiu um trabalho na Sardenha, sul da Itália, onde aprendi novos pratos, inclusive o sush.ssss Com o fim da temporada na Sardenha, fui convidado pra vir para Piemont, em Alba, a região dos vinhos. Aceitei, cheguei na cidade em setembro em plena estação, na festa das trufas. Dei-me bem na região e estou lá, trabalhando com restaurante", conta, o jovem que agora tem dupla cidadania.

E agora, após quatro anos, Fernando veio rever a família, a vovó Norma, a mamãe Leise, os irmãos José Eustáquio, Pollyana, Fabiano e Gustavo, cunhados e os amigo. Enfim, veio matar a saudade e poder voltar, porque agora, pode ir e vir por toda a Europa, legalmente.
E longe do Brasil há tanto tempo, o gosto de Fernando europeizou-se, e fizemos um teste:
Pizza: Napolitana
Vinhos: Os da região de Alba, onde vivo atualmente.
Mulheres: A italiana é charmosa, bonita, bem vestida, mas tenho a minha namorada inglesa, a Jennifer.

A família italiana: muito parecida com a nossa, é família mesmo.
Lazer: Andar de bicicleta e nadar. Não sei sambar e nem jogar futebol.
O Brasil: Estranhei muito, estou me sentindo um pouco estrangeiro, mas é tudo de bom, mas muito diferente dos países europeus. Na Inglaterra, têm uma visão distorcida do Brasil. Muita gente ainda nem conhece. Para eles aqui é só florestas, bichos, já ouvi coisas horríveis, mas entendo, porque o inglês fica muito no mundinho deles. Agora, os italianos têm outra visão do Brasil, gostam daqui, do samba, do futebol.