Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Crônica - A Natureza responde

Edição n° 1241 - 21 Janeiro 2011

 

Gostaria de começar este artigo afirmando que a relação entre homem e natureza não é desarmônica, mas sim de forma sustentável e ordenada, não agredindo e nem provocando um desequilíbrio ecológico. Mas, com muita tristeza, minha vontade ainda é utópica diante dos fatos que vemos e vivenciamos no dia-a-dia.

Todos nós conhecemos a famosa terceira Lei de Newton, que diz: “Toda ação provoca uma reação”, e o que vivenciamos nos dias atuais, nada mais é que a comprovação, de forma sumular, do resultado deste teorema.  Como nos anos anteriores, logo no início do verão e das férias escolares, as principais manchetes nos noticiários de todo o planeta Terra, são tragédias de todas as espécies. 

No Brasil, a natureza vem respondendo às agressões feitas pelo homem, ora no Norte e Nordeste, com as secas e enchentes, ora no Sudeste com catástrofes provocadas por chuvas de granizo, ventos a mais de 100 km/h, tufões, deslizamentos de terras, soterramentos, ressacas marítimas e enchentes, enquanto no Sul e Centro Oeste as tragédias não são diferentes, pois vêm sofrendo com as chuvas ininterruptas, pessoas morrem e milhares acabam desabrigadas. 

Estamos vendo e sentindo que a revolta da natureza é motivada pela poluição, pelo uso desordenado dos recursos naturais, pela expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais, pela expansão desordenada da área urbana e industrial, dentre tantas outras atrocidades.

Mais uma vez, como sempre, assistimos a tragédia previsível, mas real diante da inércia e incapacidade administrativa de governantes despreparados, egocêntricos e que buscam o poder pelo poder, que permitem, em troca de meia dúzia de votos ou “trinta moedas”, que o homem chegue, habite, construa, desmate, aterre e destrua. O que vemos é a mãe natureza cobrar o preço justo de tamanha crueldade deste povo residente no Norte, Nordeste, com seus desmatamentos, pesca predatória e ciclos do café e cana-de-açúcar; dos residentes no Sudeste com a poluição industrial, desmatamentos de quase a totalidade de seus territórios, aterros, ciclos da cana-de-açúcar, destruição da fauna e flora, do capitalismo irracional e poluição do maior aquífero mundial, com agrotóxicos agrícolas e tantas outras barbaridades mais, repetindo os mesmos atos de selvageria nas Regiões Centro Oeste e Sul.

Certa vez li um poema de autor desconhecido que dizia que o homem provoca e imediatamente a natureza responde. Quando o homem polui o ar, a natureza responde com catástrofes naturais; enquanto o homem destrói a camada de ozônio, a natureza infesta a humanidade de doenças transmitidas pelo ar que respiramos; enquanto o homem destrói as florestas, a natureza responde com alterações climáticas e devastações de encostas e catástrofes de grandes dimensões como as que estamos assistindo atualmente.  

Enquanto a natureza sofre, temos a certeza de que também iremos sofrer, pois a natureza tem as suas leis e não ficará passiva enquanto o homem a fere com o golpe do machado, sangrando-a, convertendo suas florestas em cinzas. A natureza não se curva ante à ignorância do ser humano. 

A natureza sangra e se revolta. Precisamos mudar nossa forma de viver e agir, pois, do contrário, as novas gerações irão sofrer as consequências das nossas imbecilidades por anos e anos, provocando cada vez mais, este desequilíbrio ecológico. Infelizmente, o “bicho homem” só terá consciência de seus atos, quando tudo terminar. Será tarde demais! 

 

 

 

(*) Marco Antônio de Figueiredo é advogado, articulista e diretor Jurídico do Fórum Permanente dos Articulista de Uberaba e Região