Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

CARTAS À REDAÇÃO

Edição n° 1244 - 11 Fevereiro 2011

 

Indignação

 

Quantas CARTAS DE INDIGNAÇÃO serão necessárias para que se tome providências a respeito das irregularidades, desmandos, ineficiências, omissões e coisas afins que estão acontecendo no único pronto socorro existente nesta cidade?

Ao ler a Carta enviada a este jornal (edição do dia 04.02.2011), de autoria da Sra. Vera Lúcia de Souza, intitulada Indignação, fiquei ainda mais indignada com o que me aconteceu na sexta-feira, também 04.02.2011. 

Neste dia, sexta-feira(04.02.11), estava eu voltando do dentista, por volta das 13:40 horas, quando em frente à loja Eletrosom comecei a sentir-me mal, com fortes dores e opressão no peito, falta de ar e tonturas. Chamei imediatamente um taxi e solicitei que me levasse até o pronto socorro da Santa Casa. Em ali chegando pedi à recepcionista que chamasse o médico cardiologista que acompanha o meu caso, posto que estava passando muito mal(isto falando aos trancos, porque não conseguia respirar). Em vez de providenciar para que eu fosse socorrida a dita recepcionista  (que infelizmente esqueci de anotar o nome, tal a minha aflição em tentar respirar), veio ao meu encontro para esclarecer que caso fosse chamado médico eu teria que pagar como particular, que eu teria que pagar a sala ocupada no pronto socorro para atendimento particular, bem como as demais despesas ali realizadas.

 Insistindo no pagamento, como se eu fosse alguma pessoa muito ignorante e que não soubesse o que estava acontecendo e a intenção por trás de seus “esclarecimentos”. Falei que tinha conhecimento da implicâncias do atendimento particular. Passado uns 5 minutos a referida atendente retornou informando que o médico que solicitei se encontrava em viagem, já próximo de Conquista e que o que poderia fazer era chamar um outro médico da minha preferência. Pedi então que chamasse o médico que vem me acompanhando desde que me mudei para Sacramento e logo veio a atendente dizer que o médico não viria me atender no PS, que casso eu quisesse deveria me dirigir ao seu consultório, que ele teria muito prazer em me atender mas no consultório. 

Como eu ainda tinha dificuldade de respirar, achei temerário da minha parte que locomover até ao dito consultório e pensei que ficando no PS teria um atendimento mais rápido, posto que ali havia 2 (dois) médicos, vários atendentes de enfermagem e apenas uma criança na sala de espera. Disse então à recepcionista que poderia ser atendida ali mesmo, para ser mais rápido. Mas ledo engano, porque segundo me informaram estavam despachando uma paciente para Uberaba, o que demorou mais ou menos uma hora e meia. Neste meio tempo chegou um rapaz com um pequeno corte no supercílio, trazido por um rapaz do laticínio Scala, que entrou na minha frente para ser atendido, que também não foi de imediato porque era menor e tiveram que esperar a chegada da Polícia. E a minha emergência foi ficando para as calendas gregas.  E apenas após toda esta espera o médico me chamou - já eram então 15:00 horas - quando eu já respirava melhor e já não sentia nenhum desconforto no peito. Ai eu disse a ele que não justificava tanta demora e que eu já estava melhor, inclusive frisei que não havia necessidade de se fazer um eletrocardiograma, pois a ocasião propicia já tinha passado. 

Quero esclarecer que sou cardíaca (angina pectoris), com cirurgia cardíaca já designada, além de ser portadora de aterosclerose obliterante, diabética e hipertensa e já ter tido 3 tromboses arteriais, que só não perdi membros inferiores e superiores pela presteza com que fui atendida e diga-se de passagem sempre em hospitais públicos . E assim, caso eu tivesse tendo um infarto, ou mesmo qualquer tipo de isquemia teria, com certeza, falecido ali mesmo na espera do Pronto atendimento da Santa Casa ou com sérios agravantes,  com dois médicos de plantão e vários (mais de 8) atendentes circulando. 

Portanto, quero dizer à Sra. Vera Lúcia, que sua indignação por ter um só médico de plantão à noite, deve se estender ainda com mais força ao plantão diurno, que tinha dois médicos e a presteza que os casos de emergência exigem não são sequer passados por uma triagem.

Após este desabafo, em que pese o esforço de alguns para manter este PS em atendimento - me lembro que há 30 anos atrás, quando apenas havia 4 médicos(Dr. Milton, Dr. Adilson, Dr. Francisco e Dr. Fábio) em Sacramento, tudo corria muito bem e me lembro de vê-los subir correndo a rua Vigário Paixão, para socorrer algum paciente que chagava na emergência e que nunca nenhum paciente ficou sem atendimento médico de urgência, pela negligência e omissão de alguns ou outros preocupados com o “pagamento”.  Sei que hoje Sacramento tem mais de 40 médicos e a coisa funciona? 

Sacramentanos, temos um patrimônio que é de todos nós, que precisa ser preservado, que precisa da força de todos nós para voltar a ser o que era a 30 anos atrás e quando era referência em toda nossa região. Não basta ter médicos em abundância, temos que modernizar, transformar “ oficina de fundo de quintal” em algo que se possa confiar e não ser motivo de indignação e da prepotência de alguns, mais preocupados com o $$ que podem receber, em detrimento do juramento que fizeram para salvar vidas. É necessário treinar e capacitar mão de obra especializada em tratar com o ser humano de forma sutil e carinhosa, sem endurecer o coração.  Temos que voltar a confiar que tudo vai melhorar, mas somente exigindo e cobrando isto pode acontecer.

 

Maria Madalena Gobbo