O primeiro registro foi no córrego da rua Antonio Augusta da Silva Neto, no Jardim Alvorada, que não suportou o volume de água e inundou a pista, impedindo o tráfego.
Um grande dano foi causado na rua paralela ao Colégio XX de Outubro, onde sete árvores do pátio do colégio caíram sobre o parque infantil da escola, e mais 16 árvores do terreno, espólio de Renato de Souza Crema, logo em frente. Todas foram, literalmente, arrancadas pela ventania caindo sobre dois veículos, um de João Batista Lopes e Laudelino Rosa, ambos estacionados na sombra das árvores.
O maior susto foi mesmo de Laudelino, que, ainda assustado e também revoltado, contou como aconteceu. “Eu estava trabalhando, começou a chover e eu vim fechar os vidros, aí começaram os granizos e entrei no carro até passar e, de repente, as árvores começaram a cair sobre o teto do carro e emperrando a porta. Eu comecei a gritar por socorro, mas ninguém ouvia, era muito vento e granizo, aí peguei uma ferramenta, eu quebrei o vidro e saí pra chuva. Foi um susto grande, mas graças a Deus não fui atingido”, narrou, lamentando que aquele tipo de árvore tenha sido plantada em via pública. “Isso não é arvore de plantar assim , não, elas não têm raízes, não resistem ao vento”, afirmou, querendo saber quem vai pagar o seu prejuízo.
Outro prejuízo grande aconteceu na concessionária Colorado Veículos, de Adriano Silveira Borges, próximo á ponte do Rosário. A estrutura metálica que sustentava quatro grandes tendas de lona veio abaixo com a força do vento. No local havia cerca de 20 veículos e quatro deles ficaram danificados, segundo o proprietário.
No bairro Perpétuo Socorro, também houve alagamento nos trechos mais baixos. Na fábrica de calçados Coc Pit, a água entrou no prédio atingindo máquinas e caixas de calçados prontas para entrega. De acordo com a gerente administrativa, Daiane Bittencourt, que ajudava na limpeza do local, a água cobriu todo o pátio da fábrica, uma altura de 40 cm e avançou para dentro do galpão, inundando tudo. “Desligamos a energia, o pessoal veio para o fundo e fomos socorrer as caixas de calçados”, disse. Segundo informações de terceiros, cerca de quatro mil caixas de calçados encontra-vam-se no chão.
Também na rua Silva Jardim, por pouco uma arvore não atingiu dois veículos, o mesmo ocorreu na rua Lucas Borges com a João Batista Barbosa, por um palmo, Neílson Amâncio não teve o seu velho Fusca amassado por uma árvore. Ali próximo, já no bairro de Lourdes, na rua Irene Nye, um trecho de 50 metros onde há cinco residências, a enxurrada levou todo o cascalho deixado pela Prefeitura para dentro de uma das casas. “Já cansamos de pedir à Prefeitura para pavimentar este pequeno trecho, é um sofrimento contínuo e só sabem jogar cascalho nos buracos” – lamentou uma moradora.
No bairro Alto da Santa Cruz, um dos pontos mais altos da cidade, inúmeras casas ficaram parcialmente destelhadas. A situação mais grave ocorreu na residência do vendedor, Raimundo Alves Araújo, o Araújo, que reside no barracão da Associação das Folias de Reis, com a esposa e a sogra, a única que estava na casa no momento da chuva.
A força do vento derrubou algumas telhas de amianto do grande barracão, onde a Igreja faz também suas celebrações dominicais, mas o estrago maior foi no anexo ao barracão, onde todas as telhas foram arrancadas. A sogra de Araújo, Carlinda Ferreira Lourenço, de 84 anos, estava muito assustada. “Eu estava na cozinha, se eu estivesse deitada caía tudo em cima de mim. Já vi muita chuva, mas nunca passei por isso”. Além de Carlinda, moram na casa Raimundo Alves Araújo, 51, sua mulher. Móveis e roupas, tudo ficou encharcado, apenas a cozinha, onde dona Carlinda se abrigou não foi atingida.
Na rua José Luiz Zandonaide, bairro Perpétuo Socorro, a casa de Antônio Alves Simões foi atingida por uma árvore. A esposa Nilce Gonçalves estava no quarto com uma criança de três anos. “Quando ouvimos o barulho corremos para a varanda no fundo e a árvores caiu sobre a casa”, contou, acrescentado que há seis anos vem solicitando à Prefeitura o corte da árvore de grande porte.
O secretário de Obras, Cacildo Bonatti e funcionários da Prefeitura, além da secretária de Assistência Social, Sílvia Madalosso Dreher, estiveram nos locais onde houve famílias atingidas para prestar assistência. “Estamos visitando os bairros para ver a situação das casas. Estamos com uma equipe nas ruas para avaliarmos a situação e vamos socorrer as famílias. São eventos que fogem ao nosso controle, é a fúria da natureza”, disse o secretário. De acordo com Silvia, não existe mais o albergue, por isso, as famílias seriam enviadas para a pensão Fama.