Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Meu sonho é jogar na Europa

Edição nº 1675 - 17 de Maio de 2019

O sonho mais imediato da atleta sacramentana de vôlei, Amanda Mendes de Oliveira 20, é viver o seu auge como jogadora de vôlei conciliando o seu talento com a bola e com os estudos e passando por várias equipes e universidades, não apenas americanas, onde chegou em 2017, como estudante atleta e bolsista do Odessa College, no Texas, mas também em países europeus. Filha de José Américo de Oliveira e Màrcia Alves de Oliveira, Amanda começou no vôlei na equipe infantil treinada pela técnica Canhota. “Eu tinha oito anos... mas ali pelos 13 eu parei. Me deu um branco, um desgosto, que abandonei o vôlei. Só voltei quando a técnica Bethânia, que também voltou para Sacramento para assumir o vôlei, correu atrás, literalmente, insistindo comigo, indo à minha casa, falando com meus pais... Até que decidi a voltar e estou aí. Graças a ela, a quem agradeço”, reconheceu, em entrevista ao ET, logo que chegou dos Estados Unidos para sua temporada de férias. 

 

COMO TUDO COMEÇOU

Tinha oito anos quando tudo começou com a técnica Canhota. Brincadeiras com a bola e treinos até tomar gosto. Foi assim um bom tempo. Até que, ali pelos 13, minhas irmãs foram convocadas para participar do Campeonato Mineiro e eu, não. Aliás, eu era bem ruinzinha. Insisti com Canhota até que ela me convocou como levantadora, posição que sempre joguei. Só que depois, em 2012, 13, parei de jogar. Em 2015, Bethânia me convidou pra voltar e recomecei os treinos. Fizemos alguns campeonatos, participamos do JEMG, mas sem conquistarmos nenhum título.  Porém, a partir daí, eu deslanchei, aprendi muito... 

 

SAÍDA DE SACRAMENTO

E, já no ano seguinte, fui para São José do Rio Preto, jogar pelo Automóvel Clube.  Disputamos a Copa Paulista, conquistamos medalha de prata, e fomos campeãs nos Jogos Regionais, Jogos Abertos,  Jogos da Juventude na Copa Sesc. Em 2017, fui convidada para jogar em São José dos Campos, mas não estava muito feliz lá e comecei a procurar algum time no exterior. Encontrei uma empresa, que recruta atletas, a Xsports, e, através deles consegui um time nos Estados Unidos, o Odessa College, no estado do Texas,  em agosto de 2017, onde disputamos  o Campeonato NCJAA. Na primeira temporada, ficamos em terceiro lugar e, na segunda (2018), fomos vice-campeãs. Foi uma ótima  temporada, pois perdemos um único jogo.

 

PARK UNIVERSITY

Do Texas, Amanda foi para o estado de Missouri, cidade de Kansas City. “Como eu poderia permanecer apenas dois anos no Odessa College, já em 2018 comecei a buscar times e tive êxito, exatamente onde gostaria de estar, em uma universidade. Mandei um vídeo para o técnico do Kansas City, no Estado de Missouri e hoje jogo pela universidade Park University. Mudei em janeiro e tenho uma bolsa completa na universidade, onde reiniciei os estudos em Administração e muito treino... de janeiro a meados de maio, os dias foram puxados. As aulas vão das 7h às 11h, depois vem o treino, almoço, novo treino. Tudo acontece no campus, onde eu moro, mas quando retornar, em agosto, irei para um apartamento. Por enquanto quero curtir minhas férias escolares.

 

ODESSA E KANSAS CITY

Odessa é uma cidade de médio porte, com cerca de 50 mil habitantes, embora seja uma cidade rica em Petróleo e o Odessa College é referência no país. Tem um dos melhores Junior College dos Estados Unidos, com uma grande estrutura, e uma vantagem, eles valorizam muito os atletas bolsistas. O Junior é como se fosse um início da universidade. Ali estudei um ano e meio no curso de Administração e me saí muito bem, pois ganhei um prêmio de terceiro lugar como atleta-estudante. A nota máxima era 4, e tirei 3,8 em todas as disciplinas e foi um incentivo a mais  para estudar.  Já Park University, em Kansas City, é uma grande cidade, com mais de 500 mil habitantes, porém, com uma universidade pequena. Tem um campus antigo, mas muito bonito, com um pessoal muito acolhedor, além de muitos brasileiros. No meu time somos quatro brasileiras. A universidade tem duas quadras muito boas, uma  para treinos e outra para jogos. E, temos três academias dentro do campus, muito bem montadas. Já na universidade, tive que optar por uma das áreas da Administração, escolhi Economia. E estou gostando muito.

 

DOMÍNIO DO IDIOMA

Ao chegar aos Estados Unidos, Amanda revela que sabia o básico do básico de inglês, mas teve que se virar. “Eu tinha feito umas aulas aqui e assustei muito com o sotaque  e a rapidez com que falam. Nos primeiros dois meses fiquei muito assustada, pensei que não fosse conseguir, pois não entendia o que as pesssoas falavam. O que sei aprendi na prática, sem frequentar nenhum curso. O medo foi passando e a necessidade de aprender a falar foi pesando e hoje domino bastante. Os professores valorizam muito os atletas imigrantes, então eu marcava horário particular com eles,  porque eu não conseguia acompanhar o ritmo da classe, mas isso não foi barreira para eu não tirar notas boas. Inclusive, os professores sempre falavam que os estudanes de outras países tinham notas melhores que os nativos americanso. Isso porque, nós nos esforçamos muito”. 

 

CRESCIMENTO COMO ATLETA

Nesses mais de quatro anos longe das terras mineiras, mais de dois nos Estados Unidos, Amanda cresceu muito. “O ritmo de treino é muito diferente, o foco tem que ser muito maior, porque a carga horária de treino é intensa. Então, se não tiver uma boa agenda para conciliar as coisas, inclusive na faculdade, a gente se perde. São aulas de manhã, treinos muito pesados, academia, e a cobrança é grande. Temos que ficar focados. São dois treinos por dia e quando começar a temporada serão três treinos. Os técnicos são grandes profissionais e muito rígidos e exigentes”. 


VOLTAR AO TORRÃO NATAL

“A única saudade que tenho é dos meus pais, da minha família e amigos. Minha vida amorosa ainda não acordou, não tenho nenhum amor, mas sou muito feliz. Meu foco agora é terminar a faculdade e focar no vôlei, no time do Park University. E quero que sejamos campeãs, pois eu quero trazer o anel de ouro. Lá não dão medalhas, mas um anel”, afirma, destacando que a atleta para permanecer na faculdade tem que ter uma boa nota, caso contrário é cortada do time, ou tem um corte significativo na bolsa de estudos. “Os estudos lá são muito caros, fica difícil bancar, então temos que nos esforçar para manter a média, e, graças a Deus, venho alcançando notas até acima da média, pois ganhei até destaque acadêmico com bolsa total”.