Edição nº 1372 - 26 Julho 2013
Djalma Santos, 84, bicampeão mundial, um dos grandes nomes da história do futebol como lateral-direito, morreu nesta terça-feira, 23, às 19h30, no Hospital Hélio Angotti, em Uberaba, em decorrência de uma pneumonia grave e de instabilidade hemodinâmica, que culminou em parada cardiorrespiratória. Ele estava internado desde o último dia 1º.
Nascido em São Paulo em 27/2/1929, Djalma Santos, revelou-se na equipe Lusa como meia/volante até 1949. Na Portuguesa, ele fez 434 jogos e brilhou com seu futebol de técnica e categoria. Em seguida, vestiu a camisa alviverde ao lado de Dudu, Ademir da Guia, Julinho, Servílio e outros, que deram ao Palmeiras os títulos paulistas de 1959, 1963 e 1966, o Rio-São Paulo, em 1965 e a Taça Brasil, de 1960 e 1967 e lá ele se notabilizou como o primeiro brasileiro a fazer da cobrança de lateral um cruzamento, o que lhe dá o mérito de ter sido um dos maiores laterais na história do futebol. Nos quase dez anos no Palmeiras foram 498 partidas, sendo 295 vitórias, 105 empates e 98 derrotas. Djalma encerrou a carreira aos 42 anos, no Atlético Paranaense clube que ajudou a ser campeão estadual em 1970, depois de ficar 12 jogos invicto. Em 21 de janeiro de 1971, fez sua despedida dos campos, contra o Grêmio, num amistoso.
Djalma Santos disputou quatro copas do Mundo: 1954, 1958, 1962 e 1966 e ajudou na conquista de duas das cinco estrelas da camisa canarinho nas copas de 1958 e 1962, na Suécia e Chile, respectivamente, levando o título de melhor lateral-direito. Djalma vestiu a camisa da seleção 114 vezes, com 81 vitórias, 16 empates e 17 derrotas e marcou três gols. Em 1963, Djalma foi o único jogador brasileiro a fazer parte da Seleção da FIFA que enfrentou a Inglaterra, em um amistoso, em Wembley.
Uma curiosidade da carreira de Djalma foi sua disciplina. Ele fez mais de 1.100 jogos e nunca foi expulso de campo.
No início dos anos 1990, Djalma Santos escolheu Uberaba para terminar os seus dias e deixa um grande legado para a cidade e região com as escolinhas de futebol, que tiveram nele o seu ídolo. Djalma deixa a esposa do segundo casamento, Esmeralda dos Santos e dois enteados; a filha Laura e dois netos.
Até os 82 anos, Djalma Santos era muito ativo em suas atividades
O professor e historiador Carlos Alberto Cerchi teve nos últimos tempos um relacionamento muito de perto com o bicampeão mundial Djalma Santos, por conta de sua biografia que vinha fazendo a pedido de seu empresário. “Conheci Djalma na Câmara Municipal, quando apresentamos sua exposição iconográfica, que mostra os campeonatos mundiais que ele participou e, a partir dessa exposição, o empresário dele, Luciano Alves Soares, que conheceu meus livros, me passou a incumbência de fazer a sua biografia. Aí todo final de semana íamos entrevistá-lo em Uberaba”, diz.
Segundo o biógrafo, o trabalho foi concluído e apresentado a Djalma Santos poucos dias antes de ele ser hospitalizado. “Levamos para ele dar uma olhada. Infelizmente não deu tempo. Ele tinha um problema crônico, desde criança tinha problemas pulmonares, o que no entanto não o impediu de se tornar um grande atleta. Djalma deixa um grande legado para o Brasil e a região. Ele escolheu Uberaba para morar e lá trabalhou num trabalho social”.
De acordo com Cerchi, até os 82 anos Djalma Santos era muito ativo no trabalho. “Nas Escolinhas de Futebol criadas por ele, incentivava as crianças dando lições de dedicação e disciplina no esporte. É uma perda mundial. Muitos críticos esportivos o comparam a Beckenbauer, mas, para mim, a biografia de Djalma Santos é muito mais rica que a do zagueiro da seleção alemã. Djalma deixa lições e sua trajetória chama a atenção, porque ele não jogava futebol por dinheiro Como profissional, tinha o seu salário, mas não se deixou envolver por propagandas de bebida alcoólica, cigarros e a sua maior lição foi a disciplina, nunca foi expulso de campo e leva para o túmulo este mérito que nenhum outro jogador de futebol tem”.
Djalma Santos foi sepultado na quarta-feira, às 13h, no Cemitério de Uberaba. O Prof. Berto Cerchi, hoje seu biógrafo, marcou presença nos funerais.
Muitas homenagens nas redes sociais e mídias em geral e o destaque vai para Dadá Maravilha, que postou a foto de quando ele e Djalma juntos, no dia 13 de abril de 2010, imortalizaram seus pés na calçada da fama do Maracanã. Djalma Santos jogou na abertura oficial do Maracanã, em 1950. Dadá twitou “Time do céu reforçado. Adeus Djalma Santos, amigo querido a quem pude dizer com todas as letras: ÍDOLO!”