Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Nathália e Camila da Seleção Brasileira curtem carnaval em Sacramento

Edição n° 1194 - 26 Fevereiro 2010

 

As atletas da Seleção Brasileira de Vôlei, Camila Brait e a amiga paranaense, Nathália Zílio Pereira, passaram o carnaval na cidade.  Camila é coisa nossa, mas a paranaense Nathália veio conhecer a terra da amiga e confessa que gostou. De uma simpatia ímpar fomos encontrá-la à mesa do café-da-manhã da família Brait, Celso e Cleides. Longe da quadra de esportes e livre da controlada alimentação balanceada,  comia todos os pãezinhos possíveis... Foi ali que batemos um gostoso papo, ao lado da técnica sacramentana, Maria Bethânia Silva Melo. 

ET - Quem é Nathália, a ponteira da Seleção Brasileira, que faz a líbero adversária tremer com suas cortadas?

 Nathália - Tenho 20 anos, 1,84 m de altura, compensada com uma grande impulsão... (risos) Nasci em Ponta Grossa - PR, mas fui criada em Joaçaba, em Santa Catarina, onde iniciei minha vida esportiva, nas aulas de Educação Física. Eu me destacava nas aulas e o professor me convidou pra jogar no time da cidade, em 1999. Meus pais me incentivaram muito eu fui gostando mais e mais. Em 2004,  eu já estava em Campos, no Rio de Janeiro, depois Macaé e, na temporada 2004/2005, estava na  superliga com 15 anos. Em 2006, fui para o Finasa/Osasco, jogando como titular na superliga.

 

ET – Aqui em Sacramento a gente fala que Maria Bethânia é uma descobridora e formadora de talentos... Você teve uma Bethânia na sua vida?

Nathália – Sim, tive meu professor de Educação Física, o César Junqueira, no início e depois a Karina, que foi para Joaçaba, esses dois foram a minha base no voleibol. Graças a esses professores pude estar e conquistar pela Seleção Brasileira vários títulos, infanto, juvenis e adultos... Estive no Sulamericano, na Colômbia; no Japão, Tailândia, México, dentre outros, enfim uma larga experiência internacional. 

 

ET – 1,84 m não é uma grande altura para uma ponteira. Você disse que compensa com sua impulsão. Isso exige muito?

Nathália – Sim, muito. Tenho uma impulsão grande o que compensa, mas, mesmo assim, tenho muito trabalho, esses centímetros a menos exigem muito de mim. Já que o tamanho não favorece, tenho que arrumar outro jeito, por isso malho bastante, me dedico bastante. 

 

ET – No futebol, quando o atleta começa a brilhar, é logo vendido para um time no exterior... No vôlei também é assim? Como você avalia a estrutura da CBV – Confederação Brasileira de Vôlei – e a oportunidade de jogar lá fora?

Nathália – A estrutura da CBV é excelente, com várias  equipes muito bem estruturadas, que não deixam nada a desejar das equipes de outros países. Sobre jogar no exterior, eu pretendo permanecer no Brasil, enquanto for possível, até porque quem é da seleção, até os 23 anos não pode sair do país. Mas eu não tenho interesse em sair, pelo menos nos próximos anos, porque, na verdade, tudo o que eu preciso tenho aqui no Brasil, uma estrutura muito boa, amigos, família.

 

ET – Brasil, sede das Olimpíadas de 2016? Você elogiou nossa estrutura, é suficiente para vocês conquistarem a medalha de ouro? Eu disse, 'vocês'... Vai estar lá?

Nathália – Para sediar uma Olimpíada, eu acho necessário um investimento muito maior, não apenas nas estruturas físicas dos Ginásios de Esportes, como no apoio e incentivo para formação dos atletas.  Não tenho dúvidas, o país precisa investir muito nas equipes, precisa fazer bastantes coisas, investir e muito, nas equipes, de modo geral. Olimpíadas não são jogos abertos, como os campeonatos estaduais ou nacionais, é preciso que haja investimentos. Sobre a possibilidade de eu estar lá, claro que eu espero participar, para isso estou me dedicando muito. Nas Olimpíadas de 2016, estarei com 27 anos, mas espero poder participar, esse é o sonho de  todo atleta.

 

Camila – Nas Olimpíadas de 2016, Nathália será a Pelé do vôlei (risos)

ET – Eu queria agora que a Nathália falasse da Camila e a Camila da Nathália. Como nasceu essa amizade. Quem é uma para a outra?

Nathália – Bom, eu conheço a Camila desde 2006 e ela é uma das minhas melhores amigas. É uma pessoas de um coração muito grande. Não há quem esteja perto dela, que não goste... Ela é a amiga com quem a gente pode contar toda hora. É uma amiga quase perfeita... Como atleta, a Camila será com certeza uma das maiores líberos do mundo e com certeza estará nas Olimpíadas, ela tem um potencial muito grande. É muito dedicada no que faz, sempre quer mais e isso é importante, porque quando a pessoa acha que é boa, pára de produzir. Ela não, ela acha que nunca está boa o suficiente. 

 

Camila - Nathália é a melhor jogadora. Ela é bem melhor do que muita gente que está jogando. Não preciso defender as bolas dela, porque jogamos no mesmo time. Como pessoa, é uma grande amiga pronta para o que der e vier.

 

ET – Bethânia, você aí caladinha, assistindo a tudo... Como se sente ao ver essas meninhas brilhando? A Camila, a Glau, a Nathália com quem você trabalhou também no Finasa... 

Bethânia – Claro, to doidinha pra falar. Achei que não fosse me perguntar nada (risos). Mas é uma grande alegria rever a Camila e agora a Nathália. Que honra é para Sacramento receber a visita de uma das maiores jogadoras do país. A Camila continua a ser a minha paixão, porque ela vence pelo esforço e dedicação, pela busca em querer melhorar sempre. Está disputando a vaga com a melhor líbero do mundo, na seleção brasileira adulta, abrindo caminho para as Olimpíadas de 2016. Essas meninas passam por muitas coisas, muitas experiências e têm um coração enorme e vão vencendo por serem pessoas boas. Nathália hoje, eu digo, é a melhor jogadora do mundo. Ela é o grande potencial do voleibol, dos últimos tempos e é uma menina, que dá vontade de pegar no colo. Ela é muito jovem para ser isso tudo o que é. Ambas, Camila e Nathália, estão superando com garra os desafios do mundo profissional do esporte e acredito que as duas estarão  juntas em 2016 como lideranças no vôlei do Brasil. E torço para que outras meninas, como a Glau, consigam chegar ao nível em que a Camila e a Nathália estão. Oh, é um pedido antecipado pras duas: nas Olimpíadas de 2016,  camarote vip para mim, quero ver a final com a Rússia e o último ponto do Brasil (risos). 

 

ET – Então, Nathália, valeu, obrigado pela entrevista. 

Nathália – De nada. Foi um prazer. Gostei muito de Sacramento, o povo é muito receptivo, me senti super bem. O carnaval é demais, espero voltar aqui outras vezes.