Ela é jovem, tem apenas 21 anos, mas já possui um currículo de vencedora. Uma atleta dedicada, esforçada, uma pessoa humilde e muito simples e por isso tão especial. Esta é a impressão imediata de todos que tem a oportunidade de conhecer e conviver com a jovem líbero campeã da última Superliga pela equipe Sollys/Osasco e também da seleção brasileira Camila Brait.
Mesmo estando em seus últimos dias de folga, pois na próxima segunda-feira, dia 03 de maio, Camila irá se apresentar à Seleção Brasileira em Saquarema para os treinamentos visando o Grand Prix e o Campeonato Mundial que será disputado no Japão, ela se deslocou até Franca, no interior de São Paulo, nesta quarta-feira dia 28 de abril de para visitar as equipes de base comandadas por sua eterna treinadora Bethânia Melo
Camila e Bethânia são naturais de Sacramento, interior de Minas Gerais, terra na qual as duas começaram suas carreiras como treinadora e atleta. Bethânia foi a primeira técnica de Camila, e a maior parte de sua formação foi conduzida por ela. Numa tarde de muitos momentos emocionantes Camila que além de visitar sua treinadora aproveitou para dividir um pouco de sua experiência e conquistas com as atletas da equipe local, mostrando que o caminho do sucesso exige dedicação, abdicação, muito esforço e principalmente cabeça no lugar.
Nas histórias contadas Camila lembrou que quando começou a jogar vôlei em Sacramento pelo fato de não conseguir fazer o movimento da manchete adequado, falou também da vontade que tinha de ficar treinando o dia inteiro, com todas as categorias: “Até com a equipe Máster se deixassem eu treinava”, brincou, em meio às lagrimas e olhares de coruja de Bethânia em poder ver hoje sua pupila se destacando, e de seu pai, Celso Brait, que gentilmente a acompanhou à Franca.
Na platéia só dava pra perceber os olhos brilhantes e molhados das mais de 30 atletas das equipes de base de Franca que estiveram presentes e puderem projetar a realização de seus sonhos por meio do exemplo da Camila.
As jovens atletas francanas prestaram homenagens para Camila, que mesmo acostumada a ser prestigiada em grandes eventos se rendeu emocionada às palavras e ações simples, mas muito sinceras de jovens meninas que assim como ela estiveram do outro lado do sonho.
Camila começou sua trajetória nas seleções de base em 2006, disputando o Sulamericano Juvenil, em uma geração muito especial, ao lado da Natália Zílio, Tandara, Priscila Daroit, Renata Maggioni, entre outras. Quando chegou à seleção, já existiam outras líberos que começaram o trabalho com esta geração dois anos antes. Ela chegou apenas para ser observada para caso acontecesse algo com as demais, porém a dedicação e talento da Camila chamaram muito atenção e não deixaram dúvidas para a comissão técnica. Para quem ia treinar pouco tempo com o grupo só para se apresentar acabou ficando até o final e tornado-se a líbero titular e campeã sulamericana juvenil. No ano seguinte Camila integrou novamente a seleção juvenil e sagrou-se campeã mundial, eleita a melhor líbero do mundo na oportunidade.
Logo em seguida, transferiu-se de Minas Gerais para São Paulo, defendendo a equipe de São Caetano, onde ficou duas temporadas e disputou sua primeira Superliga. A qualidade técnica refinada da Camila chamou atenção também do Zé Roberto Guimarães que desde o ano passado tem a convocado seguidamente para a Seleção Brasileira adulta.
Como atleta, é redundante falar de Camila Brait, qualquer pessoa que assista a seus jogos percebe uma jovem diferenciada, e mesmo nova destemida. Nesta temporada foi muito importante para a conquista da Superliga por sua equipe e ao final da competição foi premiada como principal defensora.
O foco de Camila no momento está em se dedicar aos treinos com a seleção brasileira adulta e brigar com a principal líbero do país, Fabi, por uma das vagas entre as 12 selecionadas finais. Trabalho todos sabemos que as duas darão para o Zé Roberto e aos demais colegas da comissão técnica em escolher qual das duas estará melhor para as competições.
Quem dá o segredo do sucesso e tudo que Camila tem conquistado até então é a Bethânia: “A Camila só é uma grande atleta, sobretudo por que é uma grande pessoa”. Isso nós também tivemos a oportunidade de conferir em cada gesto da Camila, que mesmo sendo uma atleta do porte que é, ainda conserva toda a simplicidade de uma jovem que trabalhou muito para estar onde está, e isso é que faz dela alguém tão especial.
Matéria e Fotos: Alessandro Bóia