O ir e vir de alimentos na rua, churrasqueiras nos passeios e mesas nas calçadas viraram tema de discussão na cidade. O questionamento é o seguinte: por que os pequenos produtores são proibidos de vender queijos, frangos e leite na cidade e os churrasquinhos e outros alimentos podem ser vendidos sem nenhuma fiscalização, inclusive, sendo levados de um lado para outro da rua aos fregueses que desfrutam de mesas ao ar livre. Ou a lei não é para todos?
Cacildo Amâncio de Almeida, proprietário do Cacildo´s Bar há 11 anos, recebeu o ET assando o churrasquinho da tarde, enquanto as primeiras mesas já ocupavam o espaço no passeio, em frente ao bar. “Esse bar tem mais de 40 anos, comigo está há 11 anos. Essa tradição de se colocar as mesas nas calçadas já existia antes de eu comprar o bar. Temos a licença de funcionamento do estabelecimento, renovada anualmente, e nunca fomos advertidos por nenhuma administração. Pelo contrário, secretários, vereadores, políticos, até autoridades do judiciário, sempre foram nossos fregueses. E nunca aconteceu aqui um acidente”, pondera.
Com relação à higiene que mantém ao manusear os espetos, Cacildo, afirma que a carne é manipulada com a maior higiene possível. “O espetinho, toda vida foi assado aqui. O meu é feito na maior higiene possível. Pego as peças de carne no açougue, levo pra casa, porque eu é que gosto de preparar, temperar. Fico o dia inteiro no preparo, utilizando touca, avental e luvas, até serem espetadas e guardadas em um freezer”, afirma.
Sobre a proibição dos produtos agrícolas, lamenta também a proibição. “É uma questão muito difícil. Sou produtor rural, tenho meu sitiozinho. A vida inteira a gente fazia queijo e vendia. Hoje não pode mais. Tenho vizinhos do meu sítio que tiram pouco leite, não passa nem leiteiro, então eles faziam o queijo pra vender, não podem mais vender. Na minha opinião, se for proibir tem que proibir pra todos. Assim como as mesas, se for pra tirar as mesas dos passeios e praças, e o espetinho, vão ter que tirar da cidade inteira. A lei terá que valer pra todos”, finaliza, ressaltando a geração de emprego, os impostos pagos, a movimentação na praça. Devolvemos a vida às praças, sempre desertas’’, opina.
'A praça é do povo...'
Bem próximo ao Cacildo's Bar, está outro estabelecimento, o Picanha do Léo, que começou a vender espetinhos ao ar livre, logo que a nova praça do Rosário foi inaugurada. O proprietário, Leonardo França Amui (foto), compartilha com o empresário Cacildo sobre a importância do empreendimento em relação à geração de empregos e à agitação saudável que o movimento deu à praça, a partir do happy hour.
“A gente fica chateado, porque ninguém está vendo que estamos gerando empregos, pagando os impostos, gerando ICMS”, comenta, afirmando que sabe que tem havido reclamações. “Houve um abaixo assinado e outras reclamações, mas faço questão nem de saber quem fez, pra eu poder passar ao lado dessas pessoas e poder tratá-las educadamente, cumprimentá-las do mesmo modo, sem mágoas”.
Procurando as autoridades, Léo foi orientado a preservar um espaço no passeio para os pedestres e que respeitasse o Código de Posturas e fiscal de posturas, além de evitar as mesas na praça, durante os ofícios religiosos. “Respeitamos essas orientações. Enquanto não se fecham as portas da Igreja do Rosário, não distribuímos as mesas na praça. E logo depois de recolhermos as mesas, limpamos completamente o local”, informa.
O que se nota na praça é que não há nenhuma lixeira na praça. Se alguém utiliza de um dos bancos prá comer um lanche, geralmente, os guardanapos e os sachês de maionese ficam no chão. Mesmo essa limpeza, Léo diz que limpa, diariamente. “Varremos aqui todos os dias, inclusive já lavamos o largo aqui, deixamos tudo limpo. E, há um fato curioso, é que outras pessoas usaram a praça, sujaram e foram embora. Pra não dar a impressão de que nossos clientes é que fizeram a sujeira, eram 3h30 da manhã, minha esposa e eu estávamos lavando o local. Tudo isso pra preserva o espaço, mantê-lo limpo” , explica.
Com relação ao som, ambos os empresários proíbem som automotivo no local. E sobre a venda de bebida alcóolica a menores, também foram categóricos: ‘‘Bebida alcóolica a menor, jamais, sabemos das obrigações que temos nesse sentido e as implicações que isso pode gerar’’, afirma Cacildo, que conclui afirmando: ‘‘Se proibirem, que se proíba, então de toda a cidade, pois esse movimento é uma tradição de anos em toda a cidade’’.