Manuel Cândido Lopes, 83 e Divina Maria Lopes, 82, comemoraram Bodas de Diamante, 60 anos de casados no dia 18 de fevereiro. Felizes, os jubilares receberam as bênçãos na própria residência, rodeados dos filhos, genros, noras, netos e bisnetos, que com a mesma felicidades compartiram com o casal a data.
Ele, natural de São João Batista do Glória; ela de Vargem Bonita, se conheceram numa festa e deu logo namoro que durou cinco anos. O casamento foi realizado só no civil no pequeno povoado, distrito de S. Roque de Minas. “Naquele tempo padre por lá era muito difícil. A gente se casou só no civil, depois de cinco anos nos casamos na igreja, já tínhamos quatro filhos. Houve uma festa em São João Batista, o padre foi lá e nos casamos’, contam entre risos.
Para Manuel, Divina era uma linda garota. “É bonita até hoje”. Para ela, ele era o galã mais bonito do povoado. “Mas o namoro era sério, era comportado demais da conta, não pegava nem na mão. Ele ia namorar lá em casa, mas era de longe. Meu pai era muito bravo, nervoso”, recorda Divina, que comenta dos costumes atuais. “Hoje, a gente vê esses namorados e fica pensando como são as coisas. Fazer o quê?”. E Manuel emenda: “A gente acha esquisito, não é fácil pra nós aceitarmos isso, mas a gente acaba acostumando. Pros netos a gente dá uns conselhos, eles ficam caladinhos, mas depois que passa não adiantou nada”.
Em São Roque, Manuel e Divina trabalhavam nas roças do pai dele, depois o casal decidiu pegar os filhos e mudar pra Sacramento, fixaram residência no bairro Perpétuo Socorro, ao lado da praça há 43 anos e lá vivem até hoje. Ali viram o progresso chegar, criaram os sete filhos, Gasparina (Luizão), Francisco (Cida), Maria José (Arnaldo), Candinho (Sônia), José (Cirley), João (Sônia) e Laurinda (Inhô). “Mudamos pra Sacramento pra estudar os meninos lá não havia escolas por perto, a solução foi mudar e quem não formou foi porque não quis”, explica.
Em Sacramento, Manuel que saira das lides rurais decide trabalhar como pedreiro, escolha que deu certo. “Lá na roça fiz a nossa casa de adobe, que são uns tijolos de barro, fiz o madeiramento, tudo, ela nunca caiu... Cheguei aqui na cidade e tinha que trabalhar. Comecei a trabalhar sozinho, ninguém me ensinou, quem me ensinou a trabalhar foi a vida. O primeiro serviço que fiz, foi a pintura a cal da casa do Nequinha Santana, ali na Mumbuca. Depois comecei a fazer umas casinhas, uns barraquinhos pro pessoal aqui no bairro e fui pegando jeito. E fiz grandes casas, por exemplo a do Juninho Araujo, o prédio do Hotel Rio Grande. Fiz muitas casas aqui na cidade, foram muitos anos de trabalho como pedreiro, mas um dia tive que parar por causa da saúde. E meus filhos quase todos são pedreiros”, conta.
A receita para viver 60 anos bem casados vem de Manuel. “Eu acho que é a harmonia, compreensão”, diz. Já Divina ressalta a amizade: “É a amizade, a gente gostar um do outro. É isso que faz a gene viver bem”. E entre risos de filhos e netos, Divina admite, que dos dois é ela a mais ranheta. “Ela sempre foi muito brava, ranheta, até hoje é assim”, reconhece o calmo Manoel. “Ele não era danado, mas toda vida foi muito sossegado e eu sou mais agitada, apressada com as coisas. Mas sempre vivemos bem. Valeu muita a pena esses anos todos, está valendo”, finaliza Divina.