O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) avalia o desempenho escolar ao final da educação básica (ensino médio ou colegial). Vinculado ao Ministério da Educação (MEC), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aplica as provas desde 1998. Hoje, o Enem é o segundo maior exame do mundo de acesso à educação superior. Os resultados permitem, ainda, o desenvolvimento de estudos e indicadores educacionais.
O resultado dos exames do Enem 2019, com provas realizadas nos dias 3 e 10 de novembro, cujos resultados foram divulgados na última semana, mostrou falha no sistema ao prejudicar quase 6 mil vestibulandos, por conta de correção errada das provas. Apontou a Folha de S. Paulo que a falha no 1º Enem de Bolsonaro foi a maior desde 2010.
Pelos gabaritos divulgados anteriormente e usados pelos alunos para corrigir as provas, eles próprios foram os primeiros a perceber as falhas, após a comparação com a pontuação oficial, que estavam sendo prejudicados, no que choveram reclamações junto ao Inep, que recebeu cerca de 172 mil e-mails de candidatos relatando algum erro.
Só no sábado 18, o MEC reconheceu a falha, através do próprio ministro da Educação, Abrahan Weintraub informando que houve “inconsistência” na correção dos gabaritos do Enem 2019. Também o presidente do Inep, Alexandre Lopes, admitiu o erro na correção, ocorrido em provas de candidatos de 24 estados e do Distrito Federal – as exceções Amapá e Roraima. De acordo com Lopes, 95% dos casos se concentraram em quatro cidades: Alagoinhas (BA) e Viçosa (MG); Ituiutaba e Iturama, ambas do pontal do Triângulo Mineiro.
Em entrevista coletiva em Brasília, o presidente afirmou que o problema afetou exatamente 5.974 estudantes e que a pontuação de todos foi revisada. O total de afetados representa 0,15% dos 3,9 milhões de inscritos que fizeram as provas em 3 e 10 de novembro.
Alexandre Lopes confessou que o erro ocorreu por uma falha da gráfica impressora das provas. “Uma falha na gráfica fez com que provas fossem associadas a gabaritos trocados. O equívoco ocorreu no momento da transmissão das informações – em razão disso, candidatos que fizeram a prova de determinada cor tiveram o gabarito corrigido como se ele fosse correspondente ao exame de outra cor”.
Para Inep não houve falhas na redação, mas alunos discordam
No caso da redação, entretanto, Lopes disse que não houve nenhum problema, pois o procedimento de correção é diferente – "a prova é digitalizada e corrigida". Mas houve reclamações de alunos também em relação às redações. Veja a seguir:
Pedro Henrique @ricknc032 reclamou de sua nota: “Fiz uma redação e a prévia era entre 840-920... Acabei tirando 740, algo que não faz o menor sentido sendo que toda minha estrutura foi para uma nota maior que essa, tem algo muito errado aí, mais alguém com problema na nota da redação?? #erronoenem”, perguntou na rede, viralisando no país.
Virgínia Medina, 20 anos, tentando pela quarta vez entrar em medicina: "Meu medo é o erro não ser corrigido e eu ser prejudicada no Sisu. Foi um ano inteiro de investimento. Eu morei em outra cidade para fazer cursinho, paguei as aulas, estudei bastante e agora comecei a me preocupar, porque aquela nota não condiz com a minha preparação", disse ela ao G1.
Viny Oliveira: “Primeiro uma grande quantidade de alunos tirando 900 na redação, depois outra grande quantidade de alunos com notas erradas... Que balanço injusto é esse, hein?”
Flavinhax@flaviaales2: “Minha redação foi muito bem elaborada, demorei mt tempo para fazer... minha nota foi muito injusta”.
Deputados e MP ingressam com ações
O desempenho no Enem é critério para concorrer no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece 237 mil vagas em universidades federais no País. O período de inscrições, a princípio, foi mantido: iria de terça-feira 21 a sexta-feira 24. Mas até Ministério Público (MP) e deputados se manifestaram.
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, e os deputados Enio Verri e Paulo Teixeira ingressaram com ação popular contra o ministro da Educação e o presidente do Inep, na qual requerem que haja reabertura do prazo dos pedidos revisionais dos estudantes que foram prejudicados pelos erros na correção do Enem
20 de janeiro de 2020, 20h27 e prorrogação do prazo para inscrições no Sisu.
Também o Ministério Público, na noite do dia 20 último, pediu ao MEC suspensão do Sisu até que falhas no Enem sejam solucionadas. O ofício partiu da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) enviou um ofício ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, solicitando que a abertura do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) seja suspensa até que as falhas na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 estejam solucionadas. Além da suspensão, a procuradoria também solicitou ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela prova, que informe em até 24 horas o que provocou a falha na correção das provas.
MEC explica o que aconteceu
No exame, são feitas quatro provas distintas, com cores diferentes, e cada uma delas tem um gabarito. A falha deste ano consiste na incompatibilidade de identificação do candidato e da respectiva cor da prova feita por ele. Os arquivos teriam chegado ao Inep com divergência, ou seja, o aluno fez a prova de uma cor, mas a nota foi corrigida com base no gabarito de outro teste.
De acordo com Weintraub, ministro da Educação, a falha ocorreu devido a uma falha mecânica da máquina impressora. Em determinados momentos, ela "engasgava" e isso causava o descolamento da prova com seu devido gabarito.
Outro erro identificado pelo MEC foi na aplicação da prova em si. Problemas referentes ao uso de um cartão de resposta reserva durante o exame, por exemplo, foram identificados durante a força-tarefa realizada desde sábado 18 pelo governo. A quantidade de estudantes afetados por esses problemas de aplicação é pequena, de cerca de 20 casos - eles também tiveram notas alteradas.
Alexandre Lopes, presidente do Inep, afirmou que, para evitar erros nas próximas edições do Enem, o Inep vai revisar os processos de controle de qualidade. Citou ainda a implementação digital do exame: "Com a implementação do Enem digital esse tipo de erro vai deixar de existir, porque não vai haver cartão de resposta em papel".
Mais de 140 mil candidatos zeraram a redação do Enem
O Ministério da Educação (MEC) anunciou na sexta-feira 17 que 53 participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 obtiveram nota máxima na prova de redação, que teve como título, "Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, com acesso a três textos de apoio (motivadores). Houve também nota zero. Nada menos do que 143.736 zeraram a avaliação. As notas individuais do exame foram disponibilizadas no portal do Enem. A nota média das redações ficou em 592,9.
Minas Gerais é o Estado brasileiro com mais redações nota 1.000 na edição 2019 do Enem. Dos 53 textos que atingiram a nota máxima, 13 são de candidatos mineiros. O segundo lugar do ranking fica com os Estados do Rio de Janeiro e Ceará, com seis redações de nota 1.000 cada um.
Levantamento do MEC mostra também que as mulheres foram maioria entre os textos mais bem conceituados. Das 53 redações, 32 são de mulheres.
Em Sacramento, 11 alunos da EE Cel José Afonso de Almeida conseguiram excelentes notas, que variam entre 720 a 940, conforme publicação da escola. São eles: Mariana Lucas Maia (940), Pedro Archanjo (920), João Paulo Fonseca Oliveira (900), Fabíola Araújo da Silva, Roberta Bizinoto Teixeira, Aline da Silva Rodrigues e Lívia Florêncio de Oliveira (880), Lorenza Elias Cabral de Almeida (820), Marcela Bessa Palhares (800), Lorraynne Reis Oliveira (780), Matheus Araújo (720),
Mulheres tiram maiores notas na redação
As mulheres escreveram 32 das 53 redações nota 1.000 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019. A mais de meia centena de autores dos textos com avaliação máxima tem idades que variam de 16 a 28 anos. São de três regiões do país, espalhados por 15 estados e o Distrito Federal.
As redações com nota máxima são de estados do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste: Alagoas (2); Bahia (1); Ceará (6); Distrito Federal (2); Espírito Santo (1); Goiás (4); Maranhão (1); Mato Grosso do Sul (1); Minas Gerais (13); Paraíba (1); Pará (2); Pernambuco (1); Piauí (2); Rio Grande do Norte (6); Rio de Janeiro (6); São Paulo (4).
O tema desta edição foi “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. O texto deveria ser do tipo dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, desenvolvido a partir da situação-problema proposta e de subsídios oferecidos pelos textos motivadores.
Nota zero – Redações com menos de sete linhas recebem nota zero, assim como as que reproduzem integralmente trechos dos textos motivadores e de itens do Caderno de Questões.
Média das quatro áreas - Também foram anunciadas as médias gerais de desempenho nas quatro áreas de conhecimento exigidas na prova. Em Matemática e suas tecnologias, a média geral foi de 523,1 pontos. Na área de linguagens, códigos e suas tecnologias, 520,9. Em Ciências Humanas e suas tecnologias, 508. A média em Ciências da Natureza foi 477,8.