Ariana Borges Souza é mais uma sacramentana bem sucedida e vitoriosa nos estudos. Ex-aluna da EE Cel. José Afonso de Almeida, filha da professora Luzia de Fátima Borges e de Ariston Aparecido Pereira de Souza, Ariana concluiu o ensino médio em 2005 e logo ingressou na faculdade. “- Na época, meus pais não quiseram que eu fosse para longe, então optei pela Universidade de Franca (Unifran), no curso de Química Industrial, com duração de quatro anos. Concluído bacharelado em 2009, me inscrevi no processo seletivo e fui aprovada para o Mestrado, conseguindo bolsa da Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo), na própria Unifran, que possui um dos melhores grupos particulares de pesquisa do país. Paralelamente, ingressei no curso de Química Licenciatura e, em 2010, fui convidada para prestar o Doutorado direto, sem concluir o Mestrado”.Licenciatura e, em 2010, fui convidada para prestar o Doutorado direto, sem concluir o Mestrado”.
Vencendo a concorrência...
Ariana pede transferência da bolsa Fapesp para o doutorado e consegue. Concomitante, concorre e é aprovada no Programa PDFE, da Capes, que oportuniza aos alunos estudos no exterior. Por ter conceito 5 na Capes, a Unifran foi contemplada com duas bolsas de estudos com todos os cursos de pós-graduação (Mestrado, Doutorado, pós-doutorado) aberta a todos os estudantes. Uma delas foi conquistada por Ariana.
“- O processo é muito concorrido e muito 'puxado. Não tenho nem ideia de quantos concorreram às vagas na época. A primeira etapa é um processo seletivo interno da Unifran, selecionando os melhores, inclusive nas provas de línguas, no meu caso, Inglês e Espanhol, visto que o Doutorado exige proficiência em duas línguas, no mínimo. Depois desse processo seletivo, os classificados passamos por um Colegiado que analisa minuciosamente os currículos até chegar à aprovação reconhecida pela Capes”.
A vida em Portland
Durante os sete meses nos EUA, Ariana estudou na Universidade de Portland, cidade de cerca de 70 mil habitantes, próxima a Boston. Na sua avaliação, foi muito proveitoso o trabalho realizado. “Uma cidade maravilhosa, onde encontrei pessoas mais a maravilhosas ainda, apesar de dizerem que o americano é muito reservado, fui muito bem recebida. Fui guiada por Deus, fiquei com uma família, um casal Nancy (54) e Steve (64) de quem eu alugava um quarto e foi uma convivência maravilhosa. A universidade não tem um campus com alojamento para estudantes, mas é responsável pelos estudantes, isto é, eles não têm o alojamento, mas conseguem o locais para ficarmos e tive sorte de ficar com este casal, numa casa enorme”, destaca.
Ariana explica ainda que a cidade é famosa pela culinária, sobretudo a lagosta e praias maravilhosas. “Pena que o verão dura apenas dois meses. Como está bem ao norte, é uma região muito fria. Uma coisa curiosa é que o pessoal pratica muito esporte e eu caminhava muito, íamos aos shoppings e pontos turísticos com amigos, nos feriados prolongados. E no dia-a-dia eu ia a pé para a universidade, dez minutos de casa e passava o dia todo na escola, aulas das 8 às 17h. pela manhã, aulas com a orientadora e, à tarde, aulas no laboratório. Fiz muitas amizades, dentre elas com o casal Nancy e Steve.
Nos passeios realizados por Ariane, um deles foi de uma incrível coincidência. “Estava visitando Washington quando, na rua, próximo ao monumento de Lincoln, do nada, eu ouço meu nome sendo gritado por alguém. Era a Maristela, mãe da Bethânia, que já estava nos Estados Unidos. Ah, foi muito bom! Porque há vários meses eu não tinha contato com nenhum brasileiro. Foi muita coincidência. Conversamos um bom tempo, mas elas tiveram de retornar e eu fiquei ainda uma semana”.
O projeto de Ariana
Defendendo a tese, “Óleo e resina de Copaíba, isolamento e validação de metodologia analítica com semi sintéticos de derivados e atividades antitumoral, antimicrobiana e leishimânia”. Explicando, a futura doutora afirma que trabalha com a semi síntese de moléculas, isto é, a modificação de moléculas para conseguir o maior número possível de derivados para teste contra a Leishimânia, antitumoral e antimicrobianos.
Afirma a doutoranda que valeu a pena ter ficado este um ano nos Estados Unidos, devido à grande evolução nas pesquisas. “A professora-orientadora gostou muito de mim, a turma toda da universidade, tanto é que pretendo voltar para aprofundar as pesquisas, porque eles não trabalham com produtos naturais e eu levei a minha experiência e alguns produtos como o óleo de Copaiba, que é usado na medicina natural, que eles não conheciam”.
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena
Para Ariana, os sete meses no estado do Maine valeram anos de estudos e de referência. “Tenho certeza de que em qualquer lugar que eu for seguir, vou ser referência e terei uma carta de apresentação da minha orientadora e da universidade, onde fui muito bem aceita e muito querida, não só como pessoas, quanto profissional, e trouxe na bagagem, também, os metabólicos que estão sendo muito promissores”, destaca, reconhecendo o crescimento que teve.
“- Nesses sete meses, tive um crescimento pessoal, cultural e acadêmico muito grande. Sinto que amadureci muito, porque, apesar de ter feito grandes amizades, eu tinha que virar para resolver muita coisa, mas não me senti sozinha. E, aconselho, quem tiver uma oportunidade dessas, não pode perder a chance. As universidades têm estruturas muito boas, tanto acadêmicas quanto físicas, laboratórios, profissionais muito bem formados”, avaliou.
Finalizando, diz Ariana que trouxe boas lembranças de muitos amigos. “Vou receber uma carta de apresentação que poderei levar para onde precisar. Mas vou voltar. Antes, eu tinha planos de lecionar nas universidades, após concluir o Doutorado, mas fui convidada, pela minha orientadora para cursar Post Doctor (Pós Doutorado), que no caso é no exterior. No Brasil, o grau máximo é o Doutorado, que fiz no sistema conhecido como “sanduíche”, uma parte no Brasil, outra no exterior, com o Post Doctor devo ficar fora do Brasil até quatro anos ou mais”, concluiu para desespero dos pais.