Muito bem servida em recursos humanos, a maior necessidade da Escolinha Tio Toffe, hoje, é construir uma cozinha adequada às normas da Vigilância Sanitária e adequada também às exigências dos alunos com necessidades especiais. “O projeto é caro, orçada em R$ 170 mil, há seis anos estamos atrás desses recursos”, informou a diretora Raquel Aparecida Costa, falando da urgência dessa prioridade, por conta do convênio com o SUS.
Segundo a diretora, a exigência é muito grande, por isso a instituição vai fazendo adaptações. “A parte da clínica e os banheiros nós conseguimos colocar dentro das normas exigidas, agora as salas estão praticamente prontas, faltam as barras e a pintura, mas tudo dentro das normas, com a lavanderia parcialmente pronta, também dentro das normas”, informou a diretora.
Também somos Escola Regular
De acordo com a diretora Raquel, a ideia de tornar as escolas regulares aptas a receberem alunos portadores de necessidades especiais, dentro da chamada, ‘inclusão’, já é realidade em vários estados, mas está longe ainda de substituir instituições do tipo da Apae. “Infelizmente, as escolas ditas ‘regulares’ não estão preparadas para isso, os professores não estão preparados, não há os profissionais necessários para trabalhar com esses alunos, para trabalhar com a educação especial, sem falar de toda a sua infreestrutura física e didático-pedagógica”, analisou.
Para a diretora, não está havendo inclusão. “O que está acontecendo, diante da falta dessa infraestrutura, é mais exclusão do que inclusão, porque o aluno está ali no grupo, mas não está apto para aquelas atividades. Ele não faz parte do sistema do ensino regular. Esses alunos precisam de uma atenção especializada. Essa educação inclusiva já está sendo implantada, em todos o s estados, mas não há inclusão nenhuma”, afirmou.
Apae completa 37 anos
Para comemorar os 37 anos da Apae em Sacramento e a Semana das Pessoas Especiais, a Escolinha Tio Tofe coordenou dois dias de atividades culturais e passeio com as crianças da instituição e alunos das escolas municipais, João Cordeiro e Sílvia Vieira, Educandário do Santíssimo Redentor, Escola Eurípedes Barsanulfo e EE Sinhana Borges.
Ao falar sobre a entidade, a diretora da Escolinha Tio Tofe, Raquel Aparecida Costa, afirmou que a Apae hoje é reconhecida na cidade. “A Apae hoje não é mais reconhecida como uma creche, como era há bem pouco tempo. Hoje, as famílias e a comunidade como um todo, reconhecem o verdadeiro papel da instituição, que é a Apae Educadora. Nossos alunos que vão para a escola regular, muitos têm se destacado e isso é um orgulho muito grande” – disse.
Outro ponto salientado pela diretora é com relação aos alunos admitidos no mercado de trabalho. “Nosso orgulho não é só com esses que vão para as escolas, mas com aqueles que vão também para ao mercado de trabalho. A vida não é só estudar, às vezes a pessoa não tem habilidade acadêmica mas a tem para o trabalho e nos dão muito alegrias. Temos muitos parceiros na cidade que recebem nossos jovens. Acredito que estamos fazendo um bom trabalho, com muito bons resultados, quer no ensino regular, quer no mercado de trabalho”, reconheceu.
O papel da sociedade
Outro fato apontado de grande importância na inclusão das pessoas com necessidades especiais, diz mais Raquel, é a conscientização e preparação da sociedade para aceitar essas pessoas. “E a sociedade? Será que a sociedade está preparada para trabalhar com o portador de deficiência? A escola para se preparar, precisa ter intérprete, saber o braile, ter profissionais qualificados ou seja ser dotada de toda infra-estrutura pedagógica, didática e profissional. Fazer rampas, abrir portas fazer banheiros não basta. E a sociedade estará preparada?” – perguntou.
Como exemplos, a diretora questiona desde a acessibilidade para quem precisa até o atendimento especial na sociedade. “Quem vai orientar esses jovens no comércio, no banco, nos departamentos de saúde, o médico? As receitas médicas são em braile, as moedas? As pessoas têm paciência ou jeito de ficar dando atenção. Elas têm tempo para parar para ouvi-los? Inclusão é muito mais do que colocar essas crianças na escola. É claro que a escola é o melhor meio de se conseguir a inclusão, mas junto com as demais áreas, todos de mãos dadas, desde a educação infantil. Se assim não for não haverá inclusão. Por enquanto a inclusão dos deficientes ainda é utopia, porque colocar o aluno na escola sem os meios necessário, não resolve”, disse mais.
Pais preferem a Apae
Ainda de acordo com Raquel, o fato de o governo querer levar os alunos para as escolas regulares não prejudicou a Apae de Sacramento. “No ano passado deveríamos ter mandado todos os nossos alunos com deficiência mental leve, dificuldade de aprendizagem e distúrbio de comportamento para a escola regular, essa decisão veio da Secretaria de Educação Especial do Estado. Mas ao falar com os pais dos alunos, numa reunião, todos foram categóricos: ‘Nós não vamos levar nossos filhos para outra escola’. Eles optaram por nossa escola, por isso permaneceram na Apae”, informou.
Segundo a lei federal, a educação dessas crianças com necessidades especiais deveria ser ministrada, preferencialmente, na escola regular. “Como se lê no texto, a lei diz 'preferencialmente' na escola regular, não ‘obrigatoriamente’. E, por outro lado, a Apae também é uma escola ‘regular’, com toda a documentação. Enquanto escola, a diferença é que a educação é especial. Além do mais, e o direito de escolha, de opção do pai de matricular seu filho na escola que quiser?”, perguntou”.
A realidade da Apae
A Apae conta com 150 alunos e está no seu limite de atendimento por isso conta com uma lista de espera de 15 alunos. Os alunos estão distribuídos em turmas do primeiro ao quinto ano. A cidade atende também os apaeanos de Conquista. E, de acordo com a diretora Raquel, há várias pessoas à espera de avaliação feita pela equipe especializada.
A escolinha Tio Toffe conta com 13 servidores estaduais, um supervisor e 12 professores. Outros 13 profissionais são cedidos pela prefeitura: 8 professores, motorista, psicólogo, três serviços gerais. Contratados pela Apae, são 4 professores, três auxiliares de salas, e há os profissionais do atendimento clínico: duas psicólogas, fonoaudióloga, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social, enfermeira, neurologista, psiquiatra, todos pagos pelo convênio com o SUS, de acordo com os procedimentos feitos, com um teto máximo mensal de R$ 12.800,00, correspondente a 20 dias.