Na tarde do dia 21 de abril, gritos de dignidade ecoaram por São João Del Rei. Aproximadamente, 10 mil trabalhadores da educação (entre professores, serviços e demais servidores) da rede estadual de ensino, vindos de todas as regiões de Minas Gerais, reivindicaram salários dignos e melhores condições de trabalho.
Na maior mobilização organizada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais ( Sind-UTE), o governo mineiro foi atacado diretamente, segundo os manifestantes, “porque sucateou e abandonou a educação nos últimos 15 anos.
A categoria decidiu, por quase unanimidade, que a greve seria mantida por tempo indeterminado. “Esse é o nono dia da greve, sabíamos das dificuldades, mas tínhamos um objetivo claro: 'a notificação dos vergonhosos salários praticados pelo Estado. A greve continua até que os políticos nos proponham algo concreto”, declarou a presidente estadual do Sind-UTE, Beatriz da Silva.
Para José Luiz Rodrigues, diretor do Sind-UTE, “Educação, saúde, moradia e democracia estão enforcadas em Minas Gerais. O mundo da fantasia do governo mineiro é feito de enganação, eles acabaram com a cidadania. Os professores precisam trabalhar três turnos para conseguir sobreviver com seu salário de fome”.
Ao final do ato, os líderes do Sind-UTE fizeram a 'Cerimônia do Desmedalhamento' do Ipsemg e dos governadores, Tancredo Neves e Prof. Anastásia, alusiva à cerimônia da Medalha de Tiradentes, que o governo mineiro, entregava em Ouro Preto a personalidades do Estado.
“O salário da categoria é de fome. Quem se aventura a trabalhar na Educação?” – gritavam os manifestantes, anunciando nas camisetas o salário de fome dos servidores da educação. “Esse é o principal motivo de 75% dos professores da rede estadual de ensino estarem em greve”, anunciavam, mostrando os salários:
“- Nós paramos porque o o governo de Minas não cumpre a lei federal n° 11.738, que estipula o piso salarial dos profissionais de educação em R$ 1.312,85justificava a apresidente.
(Fonte: Jornal do Sind-UTE)
Para secretárias período eleitoral impede novos aumentos
As secretárias de estado, Vanessa Guimarães Pinto (Educação) e Renata Vilhena (Planejamento e Gestão), receberam no dia 13, a presidente estadual do SindUTE, Beatriz Cerqueira, e demais diretores estaduais, e informaram que no momento não têm como conceder um índice superior aos 10% de reajuste salarial.
Segundo elas, o aumento atinge não apenas o limite financeiro do Estado, como também o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, devido ao período eleitoral, há impedimento quanto ao prazo legal, que se esgotou no dia 4 de abril.
Para o Sind-UTE, nada impede o aumento. ‘‘É possível atender as demandas de carreiras isoladas que não representem rejuste geral. Afinal, em 2006, neste mesmo período, o então governador Aécio Neves concedeu reajustes e benefícios a servidores de diferentes carreiras’’, rebate.
Vários parlamentares condenaram o fato de muitos servidores ganharem hoje um vencimento básico menor que o salário mínimo nacional e criticaram o fato de o reajuste concedido pelo Executivo não ser retroativo a janeiro de 2010, como foi para outras categorias.
Deputados criticaram também o fato de o Estado de Minas Gerais usar recursos do Ipsemg para outros fins, o que resulta em uma dívida de quase R$ 2 bilhões do Governo com o Instituto.